#guerra

LIVE

“Acreditar num deus cruel, faz um homem cruel.” - Thomas Paine 

  • Prefácio

 Há cerca de 2000 anos, nascia na Galiléia um fundador de seita, que acabaria crucificado uns trinta anos mais tarde. Algumas de suas últimas palavras na cruz foram “Dêem-me de beber”. E só. A seita que ele tinha fundado tornar-se-ia, com o passar dos anos, a maior de todos os tempos. Ela tomará o poder político dentro do Império Romano, abolirá a liberdade de religião, depois ajuntará montanhas de cadáveres: os seus membros massacrarão milhões de “infiéis”, “hereges”, “feiticeiras” e outros, depois se matarão entre eles próprios, levando a Europa às guerras mais ferozes que ela conheceu. Um passado destes poderia incitar à modéstia, mas os cristãos reivindicam, pelo contrário, o monopólio da ética. Proclamam que adoram o Deus único, que deus é “amor”, e se consideram melhores que o resto da humanidade.

Única ideologia capaz de dividir com o comunismo e o nazismo o pódio dedicado às ideologias mais mortíferas da história humana, o cristianismo mantém-se uma ideologia dominante em muitos países ocidentais, como o “gendarme do mundo”, os EUA. Chegou a hora de abrir o “Livro Negro do Cristianismo: 2000 anos de terror, perseguições e repressão”, que resume algumas das piores atrocidades cometidas em nome dessa ideologia que pretende promover o amor ao próximo.

  • Ano um

 "Os deuses não estavam mais, e Deus não estava ainda.“
O Império Romano garantia a liberdade de culto. O ateísmo e a razão dominavam. É nessa época que nasce um sujeito que, segundo dizem certos judeus, perdeu o juízo porque leu o Tora demasiadamente jovem. Ele funda uma seita que visa proibir o culto dos outros deuses, exceto o seu. O sujeito é finalmente morto, mas a seita se expande com o êxito que se conhece.

O culto da personalidade do fundador da seita atinge, nos cristãos, um nível que mesmo o estalinismo não conseguirá igualar: o fundador é proclamado "verdadeiro homem e verdadeiro Deus”, (“Deus-Homem”, em linguagem comum). Os que duvidam disso são proclamados imediatamente hereges, e sofrerão mais tarde os raios da Inquisição. A partir do século IV da nossa era, começará o assassinato dos não-crentes pelos cristãos.

  • Anos 50-70

 A seita cristã se desenvolve. Textos gregos, escritos por membros da seita fora da Palestina (“Os evangelhos”) relatam a vida do fundador: nascido duma virgem, que se manterá virgem mesmo tendo vários outros filhos, ele terá sarado doentes, mas também amaldiçoa uma figueira que fica instantaneamente seca, e fará precipitar num lago centenas de porcos que lhe não pertenciam. Este personagem, que defende os pobres mas também afirma que “aqueles que têm tudo serão louvados, e àqueles que nada têm, o pouco que têm ser-lhe-á retirado”, um pouco patético quando amaldiçoa uma figueira ou se deixa crucificar, é declarado a incarnação do “Deus único”. O fato de, segundo os evangelhos “canônicos”, as suas últimas palavras sobre a cruz terem sido “Dai-me de beber” não parece perturbar os adeptos da seita, que se expande por todo o Império.

A intolerância religiosa dos cristãos, que visam abertamente, desde o início, impor uma interdição aos cultos de deuses que não o seu, o qual eles insistem ser o “único Deus”, começa logo a atrair a atenção da justiça romana, que defende a liberdade de culto, a qual é um dos pilares dessa sociedade complexa e multicultural que é o Império Romano dos primeiros séculos da nossa era. A propaganda cristã inverte habilmente a situação. Os condenados pela justiça romana são declarados “mártires” e os seus restos são venerados nas igrejas, inventando-se a lenda de eles terem sido executados por terem “recusado a renegar a fé”, desculpa essa bem melhor do que a verdade nua, que mostra que foram condenados por desordem e imposição da intolerância religiosa na sociedade multicultural.

  • Ano 312

 Tomada do poder pelos cristãos. No fim duma guerra civil, Constantino toma o poder. Pouco depois ele se converte oficialmente ao cristianismo, e “autoriza”, num primeiro tempo, o culto do deus único cristão, pelo Édito de Milão: é o início da perseguição religiosa na Europa. Pouco a pouco o culto dos outros deuses, exceto o deus cristão, vai sendo proibido. Os santuários clássicos serão destruídos ou transformados em igrejas cristãs. No fim do século IV, não haverá mais nenhum templo pagão em toda a bacia do Mediterrâneo.

  • Ano de 380

 O imperador Teodósio proclama oficialmente o Cristianismo a única “Religião de Estado”. Mas ainda será necessário esperar mais 12 anos para que todos os outros cultos sejam definitivamente proibidos.

  • Ano de 389

 Teófilo, hoje Santo Teófilo, é nomeado patriarca de Alexandria e inicia imediatamente uma violenta campanha de destruição de todos os templos e santuários não-cristãos. Tem o apoio do pio imperador Teodósio. Deve-se a Teófilo a destruição, em Alexandria, dos templos de Mitríade e de Dionísio. Essa loucura destruidora culmina em 391 com a destruição do templo de Serapis e da sua biblioteca. As pedras dos santuários destruídos serão usadas para edificar igrejas para a nova religião única, a cristã.

Em seguida e para demonstrar que ele é capaz de perseguir também cristãos (na medida em que eles não sejam 100% ortodoxos), Teófilo comanda pessoalmente as tropas que atacam e destroem os mosteiros que aderiram às idéias de Orígeno, um teólogo cristão que foi declarado herege porque afirmava que deus era puramente imaterial.

Teófilo, hoje Santo Teófilo, é nomeado patriarca de Alexandria e inicia imediatamente uma violenta campanha de destruição de todos os templos e santuários não-cristãos. Tem o apoio do pio imperador Teodósio. Deve-se a Teófilo a destruição, em Alexandria, dos templos de Mitríade e de Dionísio. Essa loucura destruidora culmina em 391 com a destruição do templo de Serapis e da sua biblioteca. As pedras dos santuários destruídos serão usadas para edificar igrejas para a nova religião única, a cristã.

Em seguida e para demonstrar que ele é capaz de perseguir também cristãos (na medida em que eles não sejam 100% ortodoxos), Teófilo comanda pessoalmente as tropas que atacam e destroem os mosteiros que aderiram às idéias de Orígeno, um teólogo cristão que foi declarado herege porque afirmava que deus era puramente imaterial.

Pela primeira vez, um chefe cristão dita a um imperador, a política a ser seguida: Santo Ambrósio de Milão, levanta-se em plena catedral, e com o sentido de caridade tão particular aos cristãos, impõe que o imperador anule a ordem que dera ao bispo de Calinicum, sobre o Eufrates, para que reconstruísse uma sinagoga que ele e a sua congregação tinham destruído. A igreja toma partido assim, desde o princípio, dos incendiários de sinagogas, posição que continuará a manter até ao ano de 1940.

  • Início dos anos 390

 O piedoso imperador cristão Teodósio interdita progressivamente todos os cultos não cristãos. Pouco a pouco, os templos não cristãos são fechados ao culto, as procissões “pagãs” são proibidas. Esta supressão da liberdade de religião, em proveito exclusivo do cristianismo, causa por vezes revoltas, como a de 408, em Calama, na Numídia. É nessa época que acontecem na Germânia as primeiras execuções de hereges, uma bela tradição que a igreja desenvolverá com a Inquisição e a perpetuará até 1826.

  •  Ano de 391

Uma multidão de cristãos, guiados por Santo Atanásio e Santo Teófilo, deitam abaixo o templo e a enorme estátua de Serapis, em Alexandria, duas obras-primas da antigüidade. A coleção de literatura do templo também é igualmente destruída.

  • Ano de 412

Cirilo, hoje Santo Cirilo, doutor da Igreja, é nomeado bispo de Alexandria e sucede a seu tio Teófilo. Excita os sentimentos anti-semitas difundidos entre os cristãos da cidade e, à frente duma multidão de cristãos, incendeia as sinagogas da cidade e faz fugir os judeus. Em seguida encoraja os cristãos a tomar os bens dos fugitivos, deixados para trás.

  • Ano de 415

Hepatia, a última grande matemática da Escola de Alexandria, filha de Theon de Alexandria, é assassinada por uma multidão de monges cristãos, incitados por Cirilo, patriarca de Alexandria, que será depois canonizado pela Igreja. O motivo dessa ação foi que a brilhante professora de matemática, representava uma ameaça para a difusão do cristianismo, pela sua defesa da Ciência e do Neoplatonismo. O fato dela ser mulher, muito bela e carismática, fazia a sua existência ainda mais intolerável aos olhos dos cristãos. A sua morte marcou uma reviravolta: após o seu assassinato, numerosos pesquisadores e filósofos trocaram Alexandria pela Índia e pela Pérsia, e Alexandria deixou de ser o grande centro de ensino das ciências do mundo antigo. Além do mais, a Ciência retrocederá no Ocidente e não atingirá de novo um nível comparável ao da Alexandria antiga senão no início da Revolução Industrial. Os trabalhos da Escola de Alexandria sobre matemática, física e astronomia serão preservados, em parte, pelos árabes, persas, indianos e também chineses. O Ocidente, pelo seu lado, mergulha no obscurantismo, do qual começará a sair mais de um milênio depois. Em reconhecimento pelos seus méritos de perseguidor da comunidade científica e dos judeus de Alexandria, Cirilo será canonizado e promovido a “Doutor da Igreja”, em 1882.

  • Séculos V a XV

A “Idade Média Cristã”. Aproveitando o desaparecimento das grandes bibliotecas romanas e na ausência quase total da atividade editorial na Europa, a igreja obtém, de fato, um monopólio sobre o conjunto da escrita e da informação. O povo é deixado propositadamente na ignorância, a leitura da Bíblia é desencorajada mesmo no caso de se ter acesso a um exemplar. Pouco a pouco, a igreja impõe o seu domínio sobre a sociedade. A inquisição, o celibato dos padres, o caracter obrigatório de casamento antes de qualquer relação sexual, são todas instituições que datam dessa época. É também nessa época que se desenvolve o que se tornará uma das mais ricas tradições cristãs: queimar pessoas vivas. Cerca de um milhão de “bruxos” serão torrados durante a Idade Média. As cidades concorrerão para tentar bater recordes de quantidade de bruxos queimados por ano. Um recorde imbatido foi estabelecido pela cidade de Bamberg, sede do episcopado, que conseguiu assar 600 feiticeiros num só ano.

Um grande número de membros da igreja atual ainda lamenta o fim dessa época, quando a igreja dominava totalmente a vida social. Religiosos (e outros) cristãos lembram com saudade, a “espiritualidade” da época, a arte que deu grande ênfase à morte - assunto que sempre apaixonou os cristãos, e a música envolvente.

  • Ano de 804

O imperador cristão Carlos Magno converte grande número de saxões, propondo-lhes a seguinte escolha: converter-se ao catolicismo ou serem decapitados. Vários milhares de cabeças caem, com a bênção da igreja: os sacerdotes presentes participam da jogada do imperador.

  • Século IX

Cisma do oriente. O patriarca de Constantinopla pretende que se deve utilizar o pão com levedura, para a Eucaristia. O Papa, bispo de Roma, afirma que se deve usar pão sem levedura. Com base neste problema de capital importância, a cristandade se divide, e os dois patriarcas, de Roma e de Constantinopla, se excomungam mutuamente. O Cisma vai provocar mortes até aos anos 90 (guerras nos Balcãs, ex-Iugoslávia, de católicos contra ortodoxos).

  • Ano de 1182

Os “pogroms” latinos de Constantinopla. Na cidade do piedoso patriarca que come pão levedado, estabeleceu-se, desde o início de século XII, uma colônia de mercadores “latinos”, essencialmente originários de Veneza, Génova, Pisa e Amalfi. Mas essas pessoas têm tudo para desagradar aos prelados ortodoxos: além de utilizarem o pão sem levedura para a Eucaristia, fazem o sinal da cruz no sentido errado, da esquerda para a direita e não da direita para a esquerda! Os popes excitam a populaça e enfim, nos dias radiosos de maio de 1182, a multidão guiada pelos popes pegam os latinos: vários milhares deles, homens, mulheres e crianças são trucidados.

  • Séculos XI e XII

Em face do crescimento da população da Europa, a Igreja propõe um método de controle populacional “natural”: as cruzadas. O apelo às cruzadas foi lançado em 1095. Em 1099 Jerusalém é “libertada”: logo que as tropas cruzadas entraram na cidade, o governador muçulmano rendeu-se sob a promessa da população civil ser poupada. Claro, a totalidade da população (que compreende essencialmente judeus e muçulmanos) é passada pelas armas nas horas seguintes, mas com o cuidado de antes violentar todas a mulheres e decapitar as crianças. Estima-se em 70.000 o número de civis massacrados. A última fase do massacre passa-se nas sinagogas e mesquitas da cidade, onde os habitantes aterrorizados se refugiaram: pensam que o caracter religioso dos locais possam inspirar os piedosos cruzados à clemência. Nada disso acontece: os cruzados entram e transformam os locais de culto em vastas carnificinas. O massacre de milhares de civis amontoados na grande mesquita da esplanada do templo dura várias horas. “Tudo o que respira” na cidade foi morto, informam com orgulho os comandantes dos cruzados.

  • Ano de 1204

A 4a Cruzada fez uma parada em Constantinopla, na época a maior cidade cristã. Mas os cristãos sabem fazer entre eles o que fazem aos outros: durante três dias, Constantinopla foi posta a saque, com uma orgia de violências indescritíveis.

  • Anos de 1208 a 1244

Cruzada dos Albigences: por iniciativa do papa Inocêncio III, uma cruzada é preparada.
Em 1209, como alguns “hereges” se haviam misturado com a população de Beziers, o duque Simon de Monfort deu uma ordem que lhe assegurou a posteridade: “Matem-nos todos, deus reconhecerá os seus”. Toda a população, homens, mulheres e crianças são passados pelas armas. A Provence e a região de Toulouse ficam muito despovoadas após essa guerra que é dirigida contra a população civil, com uma ferocidade sem precedentes desde as invasões bárbaras.

  • Anos de 1226 a 1270

Luís IX, rei de França. Finalmente um católico, de reputação piedosa e íntegra, acede à coroa de França. A igreja o canoniza em 1290, em reconhecimento de seus méritos que, ninguém duvida serem excepcionais. De fato, durante o seu reinado, São Luís lança duas cruzadas, que terminam as duas de modo catastrófico: pouco importa, é a intenção (de matar e de pilhar) que conta, aos olhos da misericordiosa igreja católica! No plano interno, São Luís faz de modo que a justiça puna de modo sistemático os blasfemeadores: são postos nos pelourinhos e têm as suas línguas atravessadas por ferros em brasa.

  • Ano de 1231

Fundação da Inquisição. O Santo Ofício, durante toda a sua história, queimou mais de um milhão de pessoas, essencialmente hereges, judeus e muçulmanos convertidos e também os “bruxos”. A última feiticeira será queimada em 1788. O último “herege” chegará à sua vez em 1826. A inquisição e os seus imitadores protestantes queimam também médicos e cientistas, desde que haja uma oportunidade.

A igreja nunca se arrependeu dos atos da Inquisição e até garantiu a continuidade histórica da instituição até aos nossos dias, limitando-se apenas a mudar-lhe o nome: será necessário esperar que Pio X, em 1906, faça que o “Santo Ofício da Inquisição” seja renomeado como “Santo Ofício”, e em 1965, para que seja rebatizado como “Congregação para a doutrina da fé”. Enfim em 1997, o papa abre os arquivos do Santo Ofício, e historiadores escolhidos a dedo, são autorizados a fazer pesquisas. As estimativas do número total de vítimas da inquisição são então revistas para cima, havendo um consenso que roda hoje em torno de um milhão de pessoas executadas, ao qual é necessário acrescentar as inúmeras pessoas torturadas e com todos os seus bens apreendidos.

  • Ano de 1251

O papa Inocêncio IV autoriza enfim a inquisição a praticar a tortura. A obtenção das confissões de culpa é grandemente facilitada. A inquisição pode aplicar, com base em confissões arrancadas através de tortura, penas indo duma simples oração ou dum jejum até à confiscação dos bens e mesmo prisão perpétua. Mas ela não pode condenar à morte. Com a subtileza característica da igreja católica, a inquisição podia “passar” um herege para a justiça comum, que o levará à morte na fogueira, com base na confissão obtida pela igreja, mesmo com tortura. Essa subtilidade permitirá à igreja afirmar que ela nunca matou ninguém…

  • Anos 1347 a 1354

Em toda a Europa reina a Morte Negra, a primeira grande epidemia de peste no continente. Os prelados católicos logo descobriram os culpados: os judeus teriam envenenado os poços de água. Esse boato espalha-se por toda a Europa e inúmeros “pogroms” acontecem. Na Alemanha contam-se 350 comunidades judias totalmente destruídas pelos “pogroms”, nesse período. Na Itália, em Milão, as autoridades civis e eclesiásticas, depois de terem executado no braseiro os “untori” judeus, inauguraram uma coluna comemorativa para lembrar o seu feito. Essa coluna passou à História com o nome de “Coluna infame”, quando, no século XIX , o romancista Manzoni teve, em primeira mão, a coragem de denunciar esse monumento à perversão religiosa.

  • Ano de 1483

Tomás de Torquemada é nomeado Grande Inquisidor de Castela. Esse monge dominicano faz uma ampla utilização da tortura e da confiscação dos bens das vítimas. Estima-se em 20.000 o número de pessoas queimadas durante o seu mandato.

  • Ano de 1487

Dois monges dominicanos alemães, Jacob Sprenger e Heinrich Institoris publicam o “Malleus Malleficarum”: trata-se dum espesso volume de 400 páginas que é um guia (claro que aprovado pela hierarquia católica) de caça às bruxas. Lá se pode aprender a identificá-las (p. ex. se uma mulher acariciar um gato preto e a centenas de metros alguém se sentir mal, etc), a torturá-las para as fazer confessar, e como os inquisidores podem se absolver mutuamente, depois duma sessão de tortura. A obra afirma também que negar a existência da feitiçaria é uma heresia muito grave, passível de morte na fogueira. Durante dois séculos e meio, na Alemanha, depois da publicação do Malleus Malleficarum, negar a bruxaria podia levar ao braseiro. O manual foi um “best-seller”…

  • Ano de 1492

O rei “muito católico” e a rainha “muito católica” (títulos dados pelo papa em pessoa!) de Espanha, expulsam os judeus. Eles podem escolher se converter, para então poderem ser justiçados pela inquisição (que queimará grande número deles) ou partir. Mais de 160.000 judeus saíram da Espanha. A hierarquia católica não fica indiferente a essa medida duma crueldade assustadora: ela aprova a medida, e o papa encoraja os outros soberanos europeus a se inspirarem no exemplo espanhol. Em toda a Europa os padres católicos se mobilizam para obrigar os governos a proibir a entrada dos judeus expulsos.

Os judeus que escolheram se converter são perseguidos pela inquisição com uma impressionante determinação: até ao século XVIII, far-se-á o “Teste da banha de porco” aos judeus convertidos e seus descendentes: uma salada com pedaços de carne e banha de porco é apresentada ao “convertido”. Se for notado que ele não comeu a carne suína, será queimado como “falso convertido”. Esse método será também aplicado aos muçulmanos e seus descendentes.

Se a expulsão dos judeus de Espanha foi a maior do gênero registrada na História, não foi a primeira. Na França, os prelados católicos tinham já conseguido a expulsão dos judeus em 1306, e que foi logo revogada, antes de ser confirmada em 1394. A Inglaterra já tinha procedido à expulsão em 1290. Em 1496, Portugal imita o seu poderoso vizinho, expulsando também os judeus.

  • Ano de 1493

O primeiro índio da América no paraíso. Quando Cristóvão Colombo, que teve o cuidado de levar um monge nas bagagens, chega à América, ele encontra os índios que ele descreverá como gente amigável e solícita. Prende 12 deles e os leva para Espanha. À chegada, um deles fica doente: antes da sua morte, é batizado rapidamente, o que permite a corte dos muito católicos reis exultar, porque um indígena do Novo Mundo acabava de entrar no paraíso cristão. Esta triste história marcará o início da trágica cristianização dos índios americanos, onde os episódios dos redutos do Paraguai e as perseguições aos índios Pueblo serão alguns dos mais trágicos.

  • Ano de 1499

Acontece neste ano o maior “auto da fé”, que a História registra. Em um só auto de fé, o inquisidor Diego Rodrigues Lucero queima vivos nada menos que 107 judeus convertidos ao cristianismo, em Córdova.

  • Século XVI

O drama dos castrados. A igreja, que tinha proibido que mulheres cantassem no coral das igrejas, enfrenta um problema trágico: como não torturar os ouvidos dos piedosos prelados de cristo, privando-os das vozes sopranas, tão importantes nos coros para louvar o amor a deus? Uma solução bárbara é encontrada: castrar jovens meninos cuja voz tenha sido considerada bela. Nos corais da Santa Igreja católica não faltarão assim nunca os sopranos e contraltos…

Esta prática bárbara só terminará em 1878, por ordem do Papa Leão XIII. Mas é mantida ainda durante o século XIX, ao ponto de Rossini, quando ele compôs a “Pequena missa solene”, escrever, com naturalidade, que serão suficientes para executá-la, “um piano e uma dúzia de cantores dos três sexos, homens, mulheres e castrados”.

  • Ano de 1506

“Pogrom” de Lisboa: 3000 judeus são trucidados pelos piedosos católicos, incitados pelos prelados.

  • Século XVI

Júlio II della Rovere, papa. Hábil chefe militar, ele veste uma armadura durante a missa, quando um monge insolente lhe diz que o traje não é conveniente. “Quando se trata de conquistar terras, deus não faz questão do traje, mas da fé do seu servidor”, lhe responde, passando assim à História. Deus lhe permitiu, de fato, conquistar a cidade de Bolonha, que foi, como deveria, posta a saque.

  • Ano de 1521

Inspirado pelo Espírito Santo, que aparentemente não tinha que fazer, um monge alemão, Martin Luther, traduz do latim o “Novo Testamento”, em algumas semanas. O diabo acaba de o tentar: Lutero não encontra coisa melhor a fazer do que lançar sobre ele um tinteiro, que suja a parede. Essa mancha está religiosamente preservada para os turistas do castelo de Wartburg.

O acontecimento pareceria insignificante. Mas não é, pois ele inaugura o maior cisma da cristandade: durante os séculos seguintes, os cristãos vão-se massacrar mutuamente ainda com mais entusiasmo do que quando eles matavam e queimavam os não-cristãos, os hereges, as bruxas, os judeus e muçulmanos convertidos, etc.

Lutero escreverá e dirá diversas vezes que era necessário queimar as sinagogas e escorraçar os judeus das cidades: ele se situa assim dentro da tradição dos pais da igreja católica, e que será mantida até ao século XIX pela inquisição e depois no século XX pelos camisas castanhas (seguidores de Mussolini).

  • Ano de 1527

Saque de Roma. Os soldados protestantes massacram a totalidade da população de Roma, umas 40.000 almas, e pilham a cidade. O papa é salvo pelos guardas suíços. Ele se fecha com eles no Castelo de Santo Ângelo, enquanto a população é massacrada. Ele passou um grande medo. Os suíços ganham assim uma fama profissional no estrangeiro, o que se perpetua até hoje.

  • Ano de 1553

Calvino, que condena os excessos da Igreja Católica, faz decapitar o livre-pensador e médico Michel Servet, que havia descoberto a circulação sanguínea. Esse é somente um dos 15 hereges que o reformador fez executar durante a sua ditadura sobre Genebra.

Calvino tem um papel muito ativo na prisão e depois na condenação à morte de Michel Servet. Primeiro ele troca correspondência com ele e depois que o médico, fugindo da inquisição, chega a Genebra, manda-o prender. Calvino havia dito a seu amigo, o reformador Farel, que se Servet entrasse em Genebra, de lá não sairia vivo. Ele manteve a sua promessa e interveio pessoalmente no julgamento pedindo a sua execução. A única clemência dada a Servet foi de decapitá-lo em vez de ser queimado vivo.

  • Ano de 1571

A invenção da imprensa permite que um número crescente de pessoas se informe. A igreja reage criando o Índex (Index Additus Librorum Prohibitorum): essa instituição editava regularmente a lista dos livros proibidos. A última edição do índex foi publicada em 1961.

  • Anos de 1566 a 1572

Pio V, papa. Este santo da igreja católica, vangloria-se publicamente diversas vezes de ter, durante a sua carreira de inquisidor, colocado fogo com suas próprias mãos de mais de 100 fogueiras de hereges que ele mesmo acusara, confundira e condenara.

Publica também uma nova edição do catecismo oficial da igreja, no qual o amor ao próximo e a misericórdia ocupam um lugar importante.

  • Anos de 1547 a 1593

Guerras de religião na França. As sub-seitas cristãs entregam-se a uma guerra civil sem perdão, interrompida por diversas pazes e tréguas temporárias. Durante uma delas, teve lugar o massacre de 20.000 protestantes, homens, mulheres e crianças, numa só noite, a tristemente célebre Noite de S. Bartolomeu (1572).

  • Fim do século XVI até ao início do século XVIII

Conversão forçada dos índios Pueblo. Subindo pela costa do golfo do México, os exploradores espanhóis, sempre acompanhados de monges e padres, entram em contato com a tribo dos Pueblo, no território que hoje pertence ao estado americano do Novo México: diferentes dos índios nômades das planícies do Norte e doutros indígenas mais combativos que os espanhóis encontraram no México e na América do Sul, os índios Pueblo vivem em aldeias (los pueblos) de casas de tijolos com 2 ou 3 andares, são pacíficos e praticam a agricultura. Seguem uma religião na qual se venera o “Pai do Céu” e a “Terra Mãe”, temem os demônios (os Skinnwalkers) que andam pela crista das montanhas ao pôr do sol, veneram os corvos como reincarnação dos seus antepassados. Eles têm também um rico templo de deuses semelhantes aos dos gregos, sendo o seu deus principal a mulher-aranha. As cerimônias são celebradas em pequenas igrejas familiares, as Kivas. Estes pacíficos agricultores logo se tornam o objeto das atenções dos padres espanhóis, impacientes por substituir o culto ao Pai Céu e da Mãe Terra por aquele de cujo deus se bebe o sangue durante as cerimônias: os pajés índios são acusados de bruxaria e executados. As Kivas são destruídas pelos militares hispânicos. Os cultos religiosos tradicionais são proibidos, sob pena de mutilação. Índios surpreendidos a celebrar uma cerimônia tradicional terão um braço ou um pé cortados. Apesar disso tudo, alguns índios continuarão a fazer os seus cultos, em segredo e à noite. Os padres católicos usarão esse fato nos seus sermões e que os índios ainda hoje citam com amargura: os padres diziam que a religião dos índios era a das trevas, pois era sempre à noite, enquanto que o cristianismo era a religião da luz, pois se come a carne e se bebe o sangue do deus cristão em pleno dia… Diversas revoltas sangrentas pontuam a cristianização dos Pueblo. Essa perseguição religiosa só cessará depois da anexação do território pelos EUA, em 1847.

  • Ano de 1600

Giordano Bruno é queimado vivo em Roma, condenado por heresia. Ele havia ousado definir o Universo como infinito e admitido a hipótese da existência de formas de vida fora da Terra. Era demais para a igreja. Depois de 8 anos de processo, durante o qual lhe são arrancadas confissões, sob tortura, ele é condenado à morte como “herege obstinado e ímpio”. Ele se defende tentando mostrar que as suas idéias não estão em contradição com as doutrinas cristãs, mas em vão. Ele foi queimado vivo, em público, em Roma, no Campo dei Fiori. Tiveram o cuidado de lhe cortar a língua antes de o enviar ao local da execução, para evitar todo o risco de que as suas palavras não emocionassem a multidão que veio assistir ao espetáculo. O seu principal acusador, o cardeal Bellarmino, será mais tarde canonizado e em 1930, proclamado “Doutor da Igreja”.

É interessante notar que, se no caso de Galileu, a igreja católica expressou o seu arrependimento no fim do séc. XX, com a sua reabilitação em 1992, nunca se arrependerá da execução de Bruno. Pelo contrário, ela se opôs com veemência à instalação duma estátua de Giordano Bruno, em 1889. Em 1929, o papa pediu a Mussolini para que destruísse essa estátua, antes de canonizar e depois nomear “Doutor da igreja” o cardeal Roberto Bellarmino, acusador de Giordano Bruno.

  • Ano de 1609

Expulsão dos mouros de Espanha. Depois da expulsão dos judeus de Espanha, a inquisição se aborrecia um pouco nesse belo país. Lança então a caça aos “morescos”, os árabes convertidos ao cristianismo. Há a suspeita de serem falsos convertidos e são executados todos os que se recusam a beber vinho ou comer carne de porco, ou que sejam limpos demais. Com efeito, o Islamismo, contrariamente ao cristianismo, prescreve lavagens periódicas. A higiene nunca foi tão perigosa como no séc. XVI em Espanha! Enfim, em 1609, temendo talvez ter deixado passar alguns falsos convertidos, a inquisição consegue do rei a expulsão dos “morescos” para o Norte da África. O número dos expulsos é mal conhecido: as estimativas variam entre 300.000 e 3.000.000. Os expulsos chegam a terras islâmicas, onde o Corão prevê a pena de morte para os que renegaram Mahomé…

  • Ano de 1633

Processo de Galileu. Por ter duvidado da teoria geocêntrica de Ptolomeu, (que diga-se de passagem, não era cristão), Galileo Galilei é obrigado a retratar-se: são-lhe mostrados os instrumentos de tortura que seriam usados se ele insistisse. O processo de Galileu só foi reaberto para revisão pelo papa João Paulo II, e Galileu é reabilitado em 1992.

As suas obras já tinham sido colocadas no Índex em 1616. Passará o resto da sua vida confinado na sua casa (prisão domiciliar). Foi a sua reputação internacional de cientista que lhe evitou consequências mais graves.

  • Anos de 1618 a 1648

Guerra dos 30 anos. Os muito católicos reis de Habsbourg, forçam a conversão dos seus súbditos protestantes da Boémia, iniciando a maior guerra que o continente europeu tinha conhecido. A população da Alemanha é reduzida à metade. Numerosas cidades são devastadas. Epidemias de peste assolam toda a Europa Central, desde a Lombardia à Prússia.

Trata-se realmente duma guerra religiosa, embora as igrejas tenham tentado fazer crer que se tratava dum conflito político: a guerra iniciou-se por conflitos religiosos e pela ação de reis estrangeiros, como Gustavo II da Suécia, que intervieram por razões de convicção religiosa. O caso de Gustavo II é particularmente significativo, pois obrigava os seus soldados a cantar canções religiosas todas as noites, embora eles fossem uns terríveis saqueadores. O exército sueco ganhou o título de “Schrecken des Krieges”, pela população alemã, que teme a pilhagem dos suecos ainda mais do que as feitas pelos exércitos dos Habsbourg.

  • Segunda metade do séc. XVIII

O assunto das reduções do Paraguai. Este caso é particularmente interessante, pois aqui os católicos se massacram e se excomungam entre eles. Os jesuítas haviam estabelecido no Paraguai um pequeno império particular feito de reduções (redutos), ou seja pequenas aldeias fortificadas na floresta, onde viviam os índios convertidos ao cristianismo, mas uma correção das fronteiras coloca alguns desses redutos em território português. Ora, Portugal, país católico e cristão, mantém na época a tradição da escravatura: os portugueses pensam então roubar aos jesuítas os índios para depois vendê-los como escravos.

O papa intervém, excomunga os jesuítas das reduções. Depois, um exército, com os canhões e espadas benzidas pelos padres de serviço, ataca as reduções, massacra os jesuítas e toma os índios como escravos. Um Te Deum solene celebra a vitória, como deve.

Pouco depois o papa interdita a ordem dos jesuítas, culpada de ser muito inteligente e racional, e sobretudo de não ter servido com lealdade a família de Bourbon, reis de França e de Espanha, monarcas absolutos e grandes amigos da igreja católica.

  • Ano de 1766

Em pleno século das luzes, um jovem de 19 anos, o Cavaleiro de la Barre, passa “a vinte passos duma procissão, sem tirar o chapéu”. É preso e torturado. Finalmente é decapitado depois de lhe terem cortado a língua. O seu corpo é depois colocado sobre uma fogueira e queimado junto com um exemplar do Dicionário Filosófico de Voltaire, diante duma multidão entusiasmada.

  • Ano de 1788

No Cantão de Glaris, na Suíça, a última bruxa foi queimada.

Esta execução da Inquisição não foi a última, e continuará queimando hereges até 1826.

  • Ano de 1793

Kant, professor de Filosofia em Konigsberg e estrela internacional da filosofia moderna, depois da publicação da “Crítica da Razão Pura”, publica “A religião nos limites da Razão”, onde ele coloca as doutrinas cristãs à prova do raciocínio e do “imperativo categórico”. É demais para os piedosos reis da Prússia, que empurrado pelos prelados protestantes, intervém e Kant é forçado a retratar-se publicamente, sob pena de perder imediatamente o seu posto na universidade de Konigsberg. Todos os professores universitários são obrigados a assinar, sob pena de dispensa imediata, um documento onde prometem não citar os ensinamentos de Kant com relação à religião. Como no caso de Galileu, a fama internacional de Kant o salva de consequências mais severas. Kant ainda pensa em se exilar, mas neste fim de século, há poucos céus clementes para pensadores que ousaram criticar aspectos da ideologia cristã. Assim acabará os seus dias em Konigsberg.

  • Ano de 1826

O último herege é queimado vivo, pela inquisição espanhola. Uma rica tradição cristã termina. Daí para a frente, a igreja recorrerá a meios mais sutis para matar, como proibir a assistência a mulheres que devem abortar, sabotando o planejamento familiar nos países pobres, proibindo os preservativos como modo de lutar contra a Aids-Sida, etc.

  • Ano de 1847

Guerra do Sonderbund. A Suíça é dilacerada por uma guerra religiosa. Os cantões católicos, cujos governos estão muito influenciados pelos conselheiros jesuítas, fundam uma aliança militar - o Sonderbund, que exige a anexação aos cantões católicos de regiões maioritariamente protestantes. Chamam os monarcas católicos da Áustria em seu auxílio, depois iniciam as hostilidades. Somente uma vitória rápida das tropas federais/protestantes permitiu evitar uma intervenção austríaca, que levaria a um conflito de extensão européia.

Os protestantes por seu lado, encetam uma feroz “Caça aos católicos”, nos campos de Genebra.

Os jesuítas, considerados responsáveis pela guerra, são expulsos da Suíça, e essa expulsão valerá até 1970.

  • Ano de 1848

A população de Roma revolta-se contra a ditadura papal. O papa é expulso. Volta ao poder em 1849, devido à ação das tropas francesas enviadas por Luís Napoleão Bonaparte, presidente da república francesa. Os opositores são fuzilados. O Estado da Igreja volta a ser uma monarquia absoluta, cujo soberano é o papa.

  • Ano de 1871

O papa excomunga todo aquele que participar de qualquer eleição do estado italiano, que é classificado como “diabólico”, porque retirou aos papas o seu poder temporal. Essa sentença de excomunhão automática não impedirá o papa de abençoar, alguns anos depois, a fundação do “Partito populare”, de inspiração católica e fundado por um padre.

  • Ano de 1881

Os “Pogroms” russos começam. Incitados pelos prelados ortodoxos, que difundiram um boato que o Czar Alexandre II teria sido assassinado por um judeu, multidões se juntam em mais de 200 cidades russas e destroem os bens dos judeus. Os pogroms tornar-se-ão comuns na piedosa Rússia Czarista, sobretudo entre 1908 e 1917. O mais violento dentre eles teve lugar em Kishinev, em 1913: as autoridades civis e religiosas da cidade incitam a multidão que ataca violentamente os judeus. durante dois dias a multidão mata 45 judeus, fere 600 e pilha 1500 casas. Claro que os responsáveis (popes e políticos) nunca serão incomodados pela justiça.

  • Ano de 1889

Numa Roma livre do jugo papal, no dia 9 de junho, é inaugurada a estátua de Giordano Bruno, no Campo das Flores. O papa Leão XIII, sofredor, passará o dia todo de jejum aos pés da estátua de S. Pedro. A imprensa católica dispara: fala de “orgia satânica”, descrevendo a manifestação da inauguração, o “triunfo da sinagoga, dos arquibandidos da Maçonaria, dos chefes do liberalismo demagógico”, “o máximo da ignorância e da malignidade anti-clerical”.

  • Anos de 1918 a 1945

Os anos do compromisso. A igreja católica apóia ativamente o crescimento dos totalitarismos na Europa. Na Áustria, o seu apoio ao Austro-Fascismo é total. Na Itália, ela assina com o regime fascista uma concordata que faz do catolicismo a religião de estado: os italianos podem de novo votar sem serem excomungados, pena que isso de pouco serve em período de ditadura. A igreja sacrifica em grande parte as suas próprias associações: todas, exceto a Ação Católica, devem integrar as organizações fascistas. O Vaticano promete a Mussolini de fazer com que a AC não se deixe tentar por ações antifascistas.

Em 1929, Mussolini, depois de ter assinado a concordata dita “Patti Lateranensi”, é qualificado pelo papa como “o homem da providência”. Em 1932, o ditador recebe das mãos do papa, a Ordem da Espora de Ouro, que é a mais alta distinção concedida pelo Estado do Vaticano.

Essa bela harmonia vai resistir mesmo ao momento de tensão causado pela estátua de Giordano Bruno. O papa aproveita a concordata para pedir ao seu amigo ditador que destrua a estátua erigida em 1889. O ditador, que tem um filho com o nome de Bruno, toma a defesa do livre-pensador e declara à Câmara de Deputados “A estátua de Giordano Bruno, melancólica como o destino desse monge, ficará onde ela está. Tenho a impressão que seria se encarniçar contra esse filósofo que, se equivocado e persistiu no erro, no entanto já pagou”. Para mostrar que não se arrepende de nada, a igreja canoniza então Roberto Bellarmino, o acusador de G. Bruno, nomeando-o “Doutor da Igreja”.

Na Alemanha, em janeiro de 1933, o Zentrum, partido católico, cujo líder é um prelado católico (Pralat Kaas), vota plenos poderes para Hitler: este último pode assim atingir a maioria de dois terços necessária para suspender os direitos garantidos pela Constituição. Com uma caridade toda cristã, o bom prelado aceita também fechar os olhos para os discutíveis processos nazistas, como a prisão dos deputados comunistas antes da votação. Depois a igreja começa a negociar uma nova concordata com a Alemanha: nesse cenário, ela sacrifica o Zentrum, então o único partido significativo que os nazistas não tinham proibido. Na realidade ele tinha-o ajudado a chegar ao poder. Em 5 de julho de 1933, o Zentrum se dissolve sob solicitação da hierarquia católica, deixando o caminho livre para o NSDAP de Hitler, então partido único.

Hitler declara-se católico no “Mein Kampf”, o livro onde ele anuncia o seu programa político. Também afirma que está convencido ser ele um “instrumento de deus”. A igreja católica nunca colocou no seu Índex o “Mein Kampf”, mesmo antes da ascensão de Hitler ao poder. Podemos acreditar que o programa anti-semita do futuro chanceler não desagradava à igreja. Hitler mostrará o seu reconhecimento tornando obrigatória uma prece a Jesus nas escolas públicas alemãs, e reintroduzindo a frase “Gott mit uns” (Deus está conosco) nos uniformes do exército alemão.

Em 1938, as SS e SA organizam a “Noite de Cristal”: com trajes civis, os milicianos nazistas atacam sinagogas e lojas pertencentes a judeus. A população alemã está horrorizada e aterrorizada. O bispo de Freiburg, monsenhor Gröber, declara então, em resposta às perguntas sobre as leis racistas e os pogroms da noite de cristal: “Não podemos recusar a ninguém o direito de salvaguardar a pureza da sua raça e de elaborar medidas necessárias a esse fim”.
Na Espanha, um general tenta um golpe de estado militar, que aborta mas degenera em guerra civil. A igreja o apoia, padres e bispos benzem os canhões de Franco, celebram com muita pompa Te Deum pelas suas vitórias contra o governo republicano legítimo. A guerra faz mais de um milhão de mortos, e Franco fuzila todos os prisioneiros. Franco se mostrará reconhecido por seus piedosos aliados, nomeando diversos membros da Opus Dei para o seu governo. A influência da Opus Dei crescerá ao longo da ditadura franquista, ao ponto de se chegar a mais de metade dos ministros serem membros dessa venerável instituição católica.

Na França, a igreja declara, desde 1940, que “Petain é a França”: ela prefere de fato o Trabalho-Família-Pátria do estado francês às Liberté-Égalité-Fraternité da República, que sempre a horrorizaram.

Durante a 2a guerra mundial, o Vaticano estava ciente do extermínio dos judeus pelos nazistas. Saber-se-á, após a guerra, que o papa diversas vezes esteve para fazer um pronunciamento público, mas que finalmente se absteve essencialmente pela sua comunistofobia e achando que uma vitória russa seria “pior”. No entanto ele chorou em 1942, junto às ruínas de Roma, bombardeada pelos aliados. Também ele se esquece de mencionar que o seu aliado político Mussolini tinha solicitado a Hitler para ter “a honra de participar dos bombardeamentos sobre Londres”, é verdade que o papa não habitava em Londres…

  • Ano de 1948

O papa declara que todo aquele que votar nos comunistas ou que ajudar esse partido de qualquer maneira, será automaticamente excomungado. Essa medida divide as famílias, provoca exclusões socialmente intoleráveis para muitos e obriga à clandestinidade de numerosos comunistas nas zonas rurais.

Os curas italianos apressaram-se a traduzir essa decisão em fatos, e pedem que as suas ovelhas votem no grande partido anticomunista (DC - Democrazia Cristiana). O partido DC vai-se afundar logo em seguida na corrupção generalizada nos anos 90.

  • Ano de 1961

Última edição do índex (Índex Additus Librorum Prohibitorum), que cita como autores cujas obras são proibidas de leitura pelos católicos entre outros: Jean-Paul Sartre, Alberto Moravia, André Gide.

  • Anos 80

Depois de um período de aparente liberalização, o papa João Paulo II chega à cabeça da maior seita do mundo e rende-se às mais terríveis tradições da igreja.

A sua condenação do preservativo, como modo de luta contra a Aids-Sida, provoca um grande número de mortos, difícil de estimar. Pratica uma política ativa de sabotagem às medidas de controle da natalidade no terceiro mundo. As consequências são difíceis de contabilizar, mas podem-se medir em termos de fome, miséria, criminalidade e falta de assistência médica nos continentes mais pobres - América do Sul e África.
Na sua caça aos hereges, o papa suspende “A divinis”, dois teólogos alemães que tinham ousado duvidar, um da infalibilidade papal e outro da imaculada concepção de Maria.

  • Anos 90: guerras de religião na Iugoslávia

A Iugoslávia era, nos anos 80, uma das terras favoritas para férias balneares dos europeus. A publicidade iugoslava da época vendia o caráter multireligioso do país como um argumento turístico, pois se podia ver em Mostar e em outras belas cidades, as mesquitas e as igrejas lado a lado. Mas o país se afundou numa série de guerras civis que se querem descrever como guerras “étnicas”, quando na verdade se trata de guerras religiosas. O caso da guerra da Croácia é o mais flagrante. Sérvios e croatas têm a mesma origem étnica e até a mesma língua, o Croata-servo. O mais irônico é que o croata-servo (servo-croata, escrito em caracteres latinos), é hoje a língua oficial dos soldados do exército Iugoslavo que combateu em Kosovo contra a OTAN, depois de ter lutado contra os croatas no início dos anos 90. Mas a religião separa os croatas dos Sérvios: os croatas foram cristianizados por Roma e são católicos. Os sérvios foram cristianizados pelos bizantinos e são ortodoxos. Quando Milosevitch começa a agitar o espectro da “Grande Sérvia”, a Croácia declara a independência. Imediatamente o Vaticano e a R. F. da Alemanha cujo chanceler se declarava um católico convicto, reconhecem a Croácia católica como estado independente. O Vaticano mandou para todo o mundo anúncios para que os países reconhecessem o novo estado católico. O papa multiplica os apelos, as preces e as missas pela independência da Croácia. Durante esse tempo, o ditador croata, antigo oficial superior do regime comunista e também católico praticante, deu férias para todos os seus funcionários ortodoxos, isto é, sérvios. Depois escolheu como bandeira nacional a antiga insígnia dos Oustachis, que entre 1940 e 44 tinham praticado um genocídio de cerca de 600.000 sérvios. A guerra civil iniciou-se.

Finalmente termina essa guerra, e o papa beatifica o cardeal Stepinac que havia qualificado Ante Palevitc, o ditador Oustachi durante a ocupação de 1940/44, de “Dom de deus”, para a Croácia e o havia apoiado ativamente.

A guerra da Iugoslávia continuou depois na Bósnia, onde os membros dos três grupos religiosos (ortodoxos, muçulmanos e católicos) se enfrentaram em uma série de combates triangulares, tendo a população civil como a principal vítima. Depois a guerra passou para o Kosovo, província agrícola sem interesse estratégico, e todos sabemos o que se passou.

As guerras da Iugoslávia são um caso emblemático da catastrófica intolerância que é típica das religiões “reveladas”: as comunidades religiosas se enfrentam, neste final de século, em nome de religiões que elas receberam dos acasos da expansão dos diversos impérios (Romano, Bizantino e Otomano) desde a idade-média.

***

Notas do Tradutor (Cassy Beski)

1 - Que falta de conhecimentos sanitários!
2 - Para evitar problemas de herança, dos bens da Igreja.
3 - …do Maranhão, é esse mesmo!
4 - Dominicanos e franciscanos dominavam a Inquisição.
5 - No Brasil também interditou e puniu diversos padres mais ousados, como Leonardo Boff.



Retirado do site http://geocities.com/realidadebr/textos/paginanegra.htm

A descoberta de corpos sob as ruas de Tóquio obrigou o Japão a admitir que seres humanos foram usados em experiências de armas biológicas

“Cortei abrindo-o do peito ao estômago enquanto ele gritava terrivelmente. Para os cirurgiões, isto era o trabalho rotineiro” Legista anônimo, UNIDADE 731 

Sob o asfalto das ruas de Tóquio existem um deposito de restos humanos. Os operários que trabalhavam em Shinjuku, um movimentado e famoso bairro de Tóquio, em plena urbanização, ficaram horrorizados. A noticia dessa descoberta, ocorrida em 1989, varreu toda a cidade de Tóquio, como uma grande onda. Incapaz de ocultar a verdade por mais tempo, o governo japonês viu-se obrigado a reconhecer o mais terrível segredo da Segunda Guerra Mundial. A poucos metros das obras, esteve localizado o laboratório do tenente-coronel Shirô Ishii, pai do programa de guerra biológica do Japão: a Unidade 731.

As cobaias humanas empregadas em suas experiências foram transferidas da base da Manchúria para seu laboratório. No termino da guerra, os restos mortais destas pessoas foram enterradas em uma fossa comum e lá permaneceram ate ser descoberta em 1989. Durante 40 anos, as atividades da Unidade 731 foram o segredo mais bem guardado do Japão.

Os trabalhos da unidade permaneceram inéditos ate a descoberta, em uma loja de livros usados, de anotações feitas por um oficial da Unidade 731. Os documentos descreviam detalhadamente as experiências biológicas e demostravam que as cobaias das experiências de Shiro Ishii e sua equipe eram seres humanos. jovem Ishii era um brilhante microbiólogo do exercito. Com sua carismática personalidade, logo atraiu a atenção dos oficiais veteranos e conseguiu uma rápida promoção de posto. Aliando-se com ultranacionalistas do Ministério de Guerra do Japão, Ishii fez uma forte pressão a favor do desenvolvimento de armas biológicas.

Quando o Japão invadiu a Manchúria, em 1931, Ishii vislumbrou sua oportunidade. Com uma grande verba anual e 300 homens, sua primeira missão recebeu o nome secreto de “Unidade Togo”.

Conhecidas como “Campo de Prisão Zhong Ma”, as instalações da Unidade 731 foram costruídas com mão-de-obra forçada chinesa. No centro, existia um edifício , o ‘Castelo Zhong Ma’, que mantenham os prisioneiros em um laboratório .

Os escolhidos para os testes humanos era chamados de 'marutas’, que significa troncos. Numerados em ordem crescente ate o numero 500, os prisioneiros eram desde 'bandidos’ e 'criminosos’ ate 'pessoas suspeitas’. Eram bem alimentados e faziam exercícios regularmente, somente porque sua saúde era vital para a obtenção de bons resultados científicos.

Quando Ishii necessitava de um cérebro humano para uma experiência, ordenava que os guardas obtivessem o órgão. Enquanto o prisioneiro era pego por um dos guardas, que segurava seu rosto contra o chão, o outro quebrava-lhe o crânio com um machado. O órgão era retirado grosseiramente e levado rapidamente ao laboratório de Ishii. Os restos mortais do prisioneiro sacrificado eram lançados no crematório do campo.

As primeiras experiências centraram-se nas doenças contagiosas, como o antraz e a peste. Em um dos testes, guerrilheiros chineses foram infectados com bactérias da peste. Doze dias depois, os infectados contorciam-se com febres de 40 graus celsos. Um desses guerrilheiros conseguiu sobreviver por 19 dias antes que lhe fizessem uma autopsia enquanto ainda estava vivo.

Alguns prisioneiros foram envenenados com gás fosfina e em outros foi aplicado cianureto de potássio. Alguns prisioneiros foram submetidos a descargas elétricas de 20.000 volts. Os prisioneiros que sobreviveram ficavam à disposição para receberem injeções letais ou para serem dissecados vivos. Cada morte era registrada por membros da unidade.

A qualidade do trabalho, assim como sua personalidade, garantiram a Shirô Ishii um crescente poder. Em 1939, pôde mudar-se para instalações tão grandes quanto o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau da Alemanha nazista. O novo quartel general da unidade 731 situava-se em Pingfan, Manchúria.

O complexo de Pingfan possuía 6 km2 e abrigava edifícios administrativos, laboratórios, galpões, uma prisão para indivíduos submetidos aos teste, um edifício de autópsias e dissecação e três fornos crematórios. Um campo localizado em Mukden, detinha os prisioneiros de guerra americanos, britânicos e australianos, que também eram usados nas experiências.

As baixas temperaturas diminuíram o rendimento militar durante os rigorosos invernos da Manchúria. Por esse motivo, as experiências sobre o congelamento foram especialmente desenvolvidas. Alguns prisioneiros eram deixados nus, ficando submetidos a temperaturas abaixo de zero e seus membros eram golpeados com paus até que se produzissem sons secos e metálicos indicando que o processo de congelamento estava terminado. Em seguida, os corpos eram “descongelados” através de técnicas experimentais.

Em seu livro Factories of Death (Fábricas da Morte), Sheldon Harris, professor de história da universidade da Califórnia, descreve outras experiências, como a suspensão de indivíduos de cabeça para baixo, para determinar quando morreriam asfixiados. É quase indescritível a prática de injetar ar nos prisioneiros para acompanhar a evolução das embolias. Em outros indivíduos, era injetada urina de cavalo em seus rins.

Sem nenhum sentimento de culpa, Ishii redigia regularmente documentos nos quais descrevia os resultados de suas experiências. Nestes relatórios, dizia que os teste eram realizados em macacos. O uso de seres humanos como cobaias era mantido em segredo.

Até o fim da segunda guerra mundial, Ishii, então tenente-coronel, fez um pacto de juramento com seus subordinados para manter as experiências em segredo. Pingfan e outros lugares foram destruídos, e Ishii e seus homens regressaram para casa no anonimato. As atividades da unidade 731 permaneceram ocultas.

Porém, nada passa despercebido pelos serviços de inteligência. Apesar das precauções de Ishii, os aliados possuíam inúmeros dossiês sobre os principais microbiólogos japoneses. Os estrategistas dos Estados Unidos apreciavam as vantagens táticas da guerra biológica, pois os agentes biológicos podem ser introduzidos inadvertidamente nos campos de guerra, e sabiam que Ishii havia realizado tais práticas em diversas ocasiões na China e em outros lugares.

Os aliados estavam ansiosos para obter detalhes das experiências e das técnicas utilizadas por Ishii. Em particular, procuravam os relatórios das experiências com seres humanos, aos quais atribuíam um grande valor. No final da guerra, os cientistas de Fort Detrick, Maryland onde ficavam as instalações de guerra biológica dos Estados Unidos , iniciaram uma série de entrevistas com os técnicos japoneses, nenhum deles chegou a considerar as implicações éticas que o assunto envolvia.

Uma vez constatados os fatos, um cabo informou ao Departamento de Guerra de Washington que “informações posteriores reforçavam a conclusão de que o grupo dirigido por Ishii violou as normas de guerra”. O relatório informava ainda: “esta opinião não é recomendação para que o grupo seja acusado”.

Desejando impedir que os soviéticos obtivessem as informações de Ishii, os Estados Unidos fizeram um pacto com o próprio. Porém, era necessário vencer um importante obstáculo. As experiências deviam ser ocultadas, deveriam ser o “maior dos segredos”, o mais obscuro deles. Os prisioneiros de guerra que regressavam, davam terríveis depoimentos sobres as experiências que foram realizadas neles. Se estes depoimentos se tornassem conhecidos, a opinião pública ficaria indignada e exigiria medidas drásticas. Portanto, havia apenas uma saída: o encobrimento dos fatos.

Os procuradores do tribunal de crimes de guerra de Tóquio foram orientados para que investigassem superficialmente os fatos. Os prisioneiros de guerra foram coagidos a guardar segredos. Foi oferecida imunidade a todos os membros da unidade de Ishii, em troca de informações e cooperação. Iniciava-se o maior encobrimento dos fatos de guerra. Com a descoberta, em 1989, dos corpos enterrados nos subterrâneos de Tóquio, a história veio a tona e os ex-combatentes começaram a relatar suas experiências.

“Que me mantêm se não a verdade, pois jamais esquecerei”, declarou furiosamente Joseph Gozzo, antigo engenheiro de aviação, que atualmente vive em San José, Califórnia. Enquanto esteve preso, foi usado em experiências onde teve bastões de vidro introduzidos no seu reto. “não posso acreditar que o nosso governo os tenha deixado livres”, disse.

Em 1986, o ex-prisioneiro de guerra Frank James relatou suas lembranças a um comitê do congresso dos Estados Unidos. “Éramos apenas pequenas peças de um jogo, sempre soubemos que existia um encobrimento”, disse James.

Outro ex-prisioneiro, Max McClain, lembra que junto com seu companheiro de cela, George Hayes, eram colocados em filas para receberem injeções. Dois dias depois, Hayes lamentava-se: “Mac, não sei o que esses desgraçados me deram, mas sinto-me muito mal”. Naquela mesma noite, dissecaram Hayes.

A audiência durou apenas metade de um dia e somente um dos 200 sobreviventes foi convocado. O responsável pelos arquivos do exército declarou que os documentos obtidos de Ishii haviam sido devolvidos ao Japão, ainda na década de cinqüenta. Surpreendentemente, não havia se preocupado em fazer foto copias dos documentos.

Na intenção de ocultar a verdade, os governos dos Estados Unidos e Japão, negaram que tais atrocidades tivessem ocorrido, apesar disso, uma serie de relatórios oficiais tornaram-se públicos. Em um arquivo do quartel general de McArthur, costa que a investigação da Unidade 731, foi realizada sob ordens da junta de Chefes do Estado Maior e “é essencial guardar segredo absoluto na intenção de proteger os interesses dos Estados Unidos e salva-los do escândalo”. Finalmente, em 1993, o segredo oficial tornou-se publico com a abertura dos relatórios das experiências biológicas da Segunda Guerra Mundial.

Depois da guerra, muitos dos responsáveis pelas experiências japonesas tiveram muita sorte. Vários deles graduaram-se em medicina e um deles chegou a dirigir uma companhia farmacêutica japonesa. Outros ocuparam cargos que foram desde a presidência da Associação Medica japonesa ate a vice-presidência da Green Red Cross Corporatino. Um membro da equipe de congelamento chegou a tornar-se um importante empresário da industria frigorifica japonesa. Shirô Ishii morreu em 1959 sem mostrar nenhum sinal de arrependimento.

Antes de cessar suas atividades, Ishii ainda iria influenciar mais profundamente os aliados. A aceitação de seu trabalho significou que havia sido ignorado o termo que impedia a utilização de seres humanos como cobaias de experiências cientificas, estabelecido no acordo de 1925, na Convenção de Genebra. Os cidadãos dos Estados Unidos e do Reino Unido serviram de cobaias, desta vez nas cínicas mãos de seus próprios governos.

GUERRA

Durante mais de 40 anos, os governos do Reino Unido e dos Estados Unidos testaram armas biológicas em cidadãos desavisados.

As armas químicas e biológicas são os mais terríveis instrumentos de destruição em massa. Com baixo custo e de fácil produção, são capazes de dizimar o inimigo, envenenar colheitas, e deixar gerações doentes e deformadas entre os que conseguem sobreviver. Tudo isto, a um custo infinitamente menor que o armamento nuclear e sem a necessidade de grandes desdobramentos de tropas.

No final de 1947, os serviços de inteligência dos EUA estavam prestes a conseguir estas armas apocalípticas. Através de acordos secretos com Shirô Ishii, chefe da unidade 731 - a equipe responsável pela guerra biológica japonesa -, tomaram conhecimento em primeira mão dos efeitos que numerosos agentes causaram nos seres humanos.

As horríveis histórias que os sobreviventes contaram foram encobertas para evitar “incômodos” a Ishii e seus colaboradores, e os governos ocidentais concederam imunidade a todos os membros da unidade 731 para poderem ter acesso às suas descobertas. Como expõe friamente um relatório do Pentágono de dezembro de 1947: “Tais informações não poderiam ser obtidas em nossos laboratórios em razão dos problemas morais inerentes às experiências com humanos. Estes dados foram obtidos com um investimento de 250.000 dólares, muito barato…”.

Por este pequeno preço os governos britânicos e norte-americano, obtiveram exaustivos detalhes dos efeitos da guerra biológica nos seres humanos. Receberam também, relatórios de autopsia ao vivo, dissecações em fetos e bebes, além de um meticuloso estudo sobre sintomas da peste, do tifo, doenças veneras, varíola, gangrena, salmonelíase, escarlatina, tétano, coqueluche e inúmeras doenças atrozes. O fato do Ocidente ter permitido que Ishii ficasse impune, constitui um dos segredos mais obscuros da segunda guerra mundial, e permaneceu arquivado como informação secreta durante mais de 30 anos.

Sabendo que as doenças podiam ser os agentes biológicos ideais, os governos ocidentais começaram um programa nas bases de ataques “suave” em algumas de suas cidades mais importantes, para determinar os métodos mais eficazes de comunicação em massa.

Quando a guerra fria se iniciou, o pentágono começou a temer que um submarino soviético pudesse entrar em suas águas, liberando uma nuvem de bactérias e desaparecendo antes que a população percebesse que tinha sido contaminada. Dessa forma, em setembro de 1950, dois patrulheiros da marinha, na baía de San Francisco, lançaram uma nuvem de Serratia marcescens, uma bactéria relativamente benigna desenvolvido nos laboratórios de Port Down no Reino Unido.

Depois de seis destes ataques “suaves” percebeu-se que 300km2 de área de São Francisco tinham sido infectadas e quase toda a população havia inspirado a bactéria. Essa experiência provava que uma importante cidade era totalmente incapaz de defender-se de uma contaminação em massa, provocada por uma bactéria difundida através do ar.

No final dos anos 50, o exercito dos EUA tinha realizado experiências em Savannah 99Georgia) a Avon Park (Florida). Grandes quantidades de mosquitos foram lançadas por aviões em zonas residenciais, uma técnica da unidade 731. Muitos residentes ficaram doentes, outros morreram. Em seguida, militares, disfarçados de funcionários da saúde publica, realizaram testes médicos nos infectados. Ainda que os detalhes dessa experiência continuem sendo secretos, acredita-se que os mosquitos eram portadores da febre amarela, um vírus que provocava febres altas e vômitos e causa a morte de um em cada três infectados.

Outros testes realizados para comprovar a vulnerabilidade das cidades aos ataques biológicos foram realizados no Reino unido, Canada e EUA culminando com um ataque à cidade de Nova Iorque em 1966. Agentes da Chemical Corps Special Operation Division, borrifaram através das grades de ventilação das estações de metro, a bactéria Bacillus nas horas de maior movimento. As turbulências criadas pela passagem dos vagões, demostrou que esse era um meio para propagar bactéria por toda a cidade.

O ataque infectou quase um milhão de pessoas e mais uma vez, foi comprovado que não há forma de defender-se de um ataque inimigo. Tomando conhecimento disto, os EUA deram um passo adiante e dedicaram-se a pesquisa de aplicações militares: a possibilidade de sobreviver a um ataque inimigo ou pelo menos a mutua descrição através de infecções em massa teriam que estar garantidas.

Os conhecimentos adquiridos não foram utilizados para fins militares ate a guerra da Coréia. Em uma noite, os habitantes do povoado de Min-Chung ouviram um avião sobrevoar seus telhados. Quando acordaram descobriram um grande numero de ratos do mato, a maioria deles mortos e muitos com a pata fraturada. Aterrorizados os homens da aldeia queimaram os roedores, exeto quatro deles. Teste confirmaram que estavam infectados pela peste bulbonica.

Uma comissão internacional investigou este e outros incidentes semelhantes, publicando suas conclusões no relatório da comissão cientifica internacional sobre as acoes relativas a guerra bacteriológica na Coréia e na china. Em relação ao incidente de Mim-Chung, o relatório informa: “não há duvida de que um grande numero de ratos do mato infectados com a peste bulbonica foram lançados no distrito de Kan0Nan, durante a madrugada de 5 de abril de 1952, desde o avião que os habitantes ouviram. O avião foi identificado como sendo um F-82, um caça noturno de dupla fuselagem norte-americano”. O governo dos EUA negou as acusações.

A guerra biológica apareceu novamente na guerra do Vietnã. O exercito dos EUA utilizou desfolhantes para assolar as selvas nas quais os viet congs se refugiaram. Destruiu plantacoes para desmoralizar os inimigos e seus simpatizantes. Pesquisaram-se aproximadamente 26.000 variações de herbicidas e desfolhantes para serem utilizados do sudeste asiático. Destas substancias foram escolhidas seis para devastar a selva. Foram chamadas de agente purpura, verde, azul, branco, laranja, rosa, dependendo da cor de seus componentes. De todas elas, o agente laranja era o mais poderoso e foi utilizado para devastar a área cuja vegetação era mais densa. O produto era composto do desfolhante 245-T, desenvolvido na Inglaterra e uma pequena contidade de dioxina; a combinação acelerava o crescimento de arvores e arbustos de forma que o próprio peso as destruía. Também produzia efeitos terríveis sobre os humanos.

A operação “Ranch Land” constituiu em espalhar agente laranja em uma área de 50.000 km2 no final da guerra havia sido lançado no vietna mais de 110 kg da dioxina que fazia parte da composição do agente laranja (85g da letal toxina depositado no abastecimento de água de Washington seriam suficientes para matar seus habitantes). Nos recém-nascidos apareceram terríveis deformações, triplicaram os casos de bebes com lábio leporino e espinha bifita e o numero de bebes nascidos mortos duplicou.

Em resposta as denuncias feitas pelos médicos de Saigon, o pentágono insistiu que a utilização de produtos químicos para destruir a vegetação da selva não violava nenhum tratado internacional. Apesar dessa atitude, era obvio que os efeitos de desfolhação foram mais longe que a mera devastação da selva, e os norte-americanos que se opunham a guerra do vietna, pressionaram a proibição do agente laranja. Em 1977, o governo cedeu e foi publicada a convenção de armas biológicas, na qual ficava proibida a guerra biológica considerando que era “incompatível com a consciência da humanidade”. As experiências, no entanto, continuaram secretamente.

Encaradas como “a bomba atômica do pobre” as armas biológicas são uma opção atrativa e barata. Durante a guerra o golfo as forcas aliadas foram muito cautelosas com os possíveis ataques já que a combinação da alta temperatura com a pele suada tornava os soldados muitos vulneráveis aos agentes biológicos. Antes da invasão do Kuwait, sabia-se que o Iraque tinha armazenado inúmeras armas biológicas. O arsenal incluía 28 mísseis SCUD carregados com gás sarim, 800 bombas de gás nervoso, 60 toneladas de gás nervoso tabun e 250 toneladas de gás mostarda, e não foi destruído pelo bombardeio em massa do aliado. Depois dos ataques com armas biológicas no setor curto do iraque, no final dos anos 80, suspeita-se que Saddan Hussein pode ter feito experiências com estas armas contra forcas aliadas.

Se o uso de armas biológicas em um contexto militar é alarmante, pensar que grupos terrorista podem ter acesso a elas e usa-las em populosos centros urbanos, inspirava pavor. Um recente incidente dessa natureza alarmou o mundo inteiro. Em de 1995 o atentado com gás sarin no metro de Tóquio, cometidos por membros da seita Aum Shinriyko, provocou 12 mortes. Se a mistura química e o sistema de difusão tivessem sido um pouco diferente, o numero de mortes teria sido muito maior.

Agora se sabe que a seita Aum Shinriyko pregava a destruição do ocidente, e as armas biológicas teriam sido facilitadas pela Rússia desejando conseguir ajuda financeira do Japão. Acredita-se que a seita, auxiliada pelos serviços secretos russos, pode ter tido acesso as industrias química russas.

Por causa da expansão do crime organizado na Rússia, as potências ocidentais temem que as armas possam ser adquiridas no mercado negro. É muito fácil transportar e esconder os mesmos elementos necessários para realizar o atentado de Tóquio. Dois produtos químicos inofensivos podem ser misturados para tornarem-se agentes mortais, o que significa que em teoria, estão ao alcance de qualquer organização decidida a obte-los.

Parece absurdo pensar que a Inglaterra e os EUA, quando decidiram manter em segredo as atividades da unidade 731, podiam prever estas ameaças da guerra biológica moderna. Contudo fazer experiências com armas potencialmente tão destrutivas, poucos anos depois das devastadoras explosões de Hiroshima e Nagasaki, é um fato que desafia a lógica. Enquanto construía os fundamentos da terceira guerra mundial, o ocidente lançava sobre o mundo uma nova e terrível forma de morte.

random-brushstrokes:

Maria Prymachenko (Ukrainian, 1909 - 1997)

Amid the intense battles that broke out approximately 50 miles northwest of Kyiv on February 25 during the Russian invasion of Ukraine, the Ivankiv Historical and Local History Museum was burned.

It is not yet confirmed how many pieces in the museum’s holdings survive, but the destroyed artifacts reportedly include roughly 25 works by the celebrated Ukrainian artist Maria Prymachenko, who died in 1997 at the age of 88. Beloved for her saturated gouaches and watercolors on paper, Prymachenko was known to transform cultural motifs (yellow suns and graphic, stencil-like flowers) into vivid and wildly imagined narratives, in which elephants longed to be sailors, horses traveled to outer space, and villagers hijacked giant serpents.

Maria Prymachenko was born in 1908 close to Ivaniv, in the village of Bolotyna. Her father was a craftsman and carpenter; from her mother and grandmother, she learned Ukrainian arts of embroidery and hand-painting Easter eggs. From an early age, with no formal fine art training, Prymachenko began to create a way of working that stemmed from her encounters in forests and wildflower fields, surrounded by animals. (source)

I just wanted to add

May I Give This Ukrainian Bread To All People In This Big Wide World (1982) and

May That Nuclear War Be Cursed! (1978)

Oil paintings by Giovanni Sanesi (Italy, 1992):

I love contemporary figurative art in general, but his paintings just have something more to them that resonates so much with how I feel. In his series inspired by the events of the russo-ukrainian war, he documents this dramatic event through youth’s dreamy eyes, as if it was almost a dream, something that could never truly happen.

his instagram account

(3/3)

COMIC MAP OF EUROPE (1856) / MAPA CÓMICO DE EUROPA (1856)Crimea War / Guerra de CrimeaName: Komische

COMIC MAP OF EUROPE (1856) / MAPA CÓMICO DE EUROPA (1856)

Crimea War / Guerra de Crimea
Name

Komische Karte des Kriegsschauplatzes

Source: Bernhard Salomon Berendsohn


More maps on  http://geomapping.tumblr.com/


Post link
REFUGEES ROUTES TO EUROPE / RUTAS DE LOS REFUGIADOS A EUROPASource: El MundoMore maps on  http://geo

REFUGEES ROUTES TO EUROPE / RUTAS DE LOS REFUGIADOS A EUROPA

Source:El Mundo


More maps on  http://geomapping.tumblr.com/


Post link

“Meriti qualcuno che ti tratti esattamente come tu tratti me, mentre io merito qualcuno che mi tratti esattamente il contrario di come fai tu.”

- Chiara

“Credo che a volte l'amore non basti, non basta amare una persona quando poi ne hai diecimila contro, e amare e non vivere la storia come vorresti viverla è meglio non viverla.”

- Chiara

Odio avere tempo libero, odio tutto. Non riesco a dipingere un cazzo di foglio, non riesco nemmeno a guardarlo. Butterei tutto all’aria, prenderei quei cavolo di colori e li schiafferei nel foglio a random, mi sono rotta di tutti questi stronzi che non mi capiscono. 

Quest’estate doveva essere la più fertile, la più forte, la più intensa e spirituale, ma è inutile e vuota come nella mia testa, nella quale sembrano esserci trattative tra le varie regioni del cervello per sedarmi e non farmi sentire alcun sentimento, alcun piacere.

A religião é a causa da maioria das guerras?

A religião é a causa da maioria das guerras? Com certeza muitos conflitos ao longo da história têm sido ostensivamente por motivos religiosos, com muitas religiões diferentes envolvidas #blogdodcvitti

Com certeza muitos conflitos ao longo da história têm sido ostensivamente por motivos religiosos, com muitas religiões diferentes envolvidas. Por exemplo, no Cristianismo, tem havido (só para citar algumas):

As Cruzadas: Uma série de campanhas entre os séculos XI e XIII, com o objetivo declarado de reconquistar a Terra Santa dos invasores muçulmanos e vir em auxílio do Império Bizantino.
As…


View On WordPress

L’ordine di Putin al generale Shoigu: «Non attaccate l’acciaieria Azovstal, ma fate sì che non voli una mosca».

«La battaglia è qui. Mi servono munizioni, non un passaggio». Il presidente ucraino Zelensky di fronte all’offerta americana di farlo evacuare.

L’irruzione della realtà, dopo settant’anni di sonno beato a occidente.

«In Europa non ci saranno più dittatori né guerre.»

Totò, Giggino e la malaucraina

Le Havre è una città nuova. Completamente distrutta dai bombardamenti durante la seconda guerra mondLe Havre è una città nuova. Completamente distrutta dai bombardamenti durante la seconda guerra mondLe Havre è una città nuova. Completamente distrutta dai bombardamenti durante la seconda guerra mond

Le Havre è una città nuova. Completamente distrutta dai bombardamenti durante la seconda guerra mondiale, è stata ricostruita con uno stile moderno, freddo, industriale.
Ma la cattedrale è sopravvissuta, una massiccia cattedrale barocca: Notre-Dame du Havre, Nostra Signora del Porto. Questa statua era in quella chiesa, una superstite della guerra di cui porta le ferite in volto, una pietà rovinata, una Nostra Signora piangente ma che ancora resta in piedi.
Riesco ad immaginarmela mentre la chiesa attorno a lei trema, fitta polvere che cade dal soffitto, schegge di mattoni che volano, e lei lì, ferma, che si rifiuta di essere distrutta perchè non ha finito di ricordare che l’amore è più forte della guerra, l’amore è più forte dell’odio e l’amore è più forte anche del dolore. Una statua rovinata che paradossalmente comunica di più così, senza naso, che quanto non facesse il suo primo giorno di vita.


Post link

Si ves algo bello en alguien. Díselo. Esa persona puede estar en una guerra que le impide ver su belleza y tu puedes salvarla.

El amor es tan futil

como es eficaz

un fusil

en tiempos de paz.

¡Agáchense y cúbranse!

Vídeo de 1951 en que enseñan a los niños estadounidenses cómo protegerse de una explosión atómica: ¡agachándose y cubriéndose! Con demostración y canción de la tortuga Bert incluidas.

Cita para la eternidad: “¿Sabes cuánto duele una quemadura por tomar el sol? Pues una explosión atómica puede quemarte aún más.”

#a-bomb    #atomic bomb    #turtle    #tortuga    #cartoon    #duck and cover    #agáchense y cúbranse    #bomba atómica    #guerra    #cold war    #guerra fría    

fuoridaquestomondo:

“Se devi combattere per le attenzioni di qualcuno, stai sbagliando guerra.”

— - Out Of This World (fuoridaquestomondo) ☯

Che cos'è il mondo?

Che cos’è il mondo?

La storia accelera perché viviamo nell’epoca moderna, di cui l’accelerazione è una delle sue caratteristiche (ma non da ora, perlomeno dal XIX secolo).

In due anni abbiamo vissuto due eventi epocali che hanno prima mondializzato e poi ristretto il mondo in cui viviamo. La pandemia ha interessato tutti allo stesso modo tramite l’universalità delle restrizioni (sì, sì, con tutte le differenze…


View On WordPress

“ Finché il mondo resterà diviso in Stati sovrani, ciascuno di essi si porrà il fine della potenza militare, e la conseguenza sarà il potenziamento industriale, giacché non si dà l'una senza l'altro. Che importerà ai governanti che vadano in malora l'ambiente naturale e il patrimonio artistico? Meno che niente. E meno che niente importerà, purtroppo, ai governanti, finché le necessità della difesa appariranno loro preminenti.
Il nemico anche per gli ecologi è dunque lo Stato sovrano armato. La battaglia ecologica ha una sola possibilità di riuscire vittoriosa: che venga prima vinta la battaglia antimilitarista.
Compagni marxisti mi obiettano che il principale male da combattere è il capitalismo. Compagni cattolici mi obiettano che la cosa più importante è la rinascita dello spirito cristiano. Gli uni e gli altri non danno peso alla divisione del mondo, qualcuno arriva perfino a sostenere la tesi aberrante che l'armamento è un bene, in quanto giova all'equilibrio delle forze (cioè, all'equilibrio del terrore).
Alcuni tra gli stessi compagni anarchici mi rimproverano di fare un discorso parziale: separata dalla lotta contro lo Stato, la lotta contro il militarismo sarebbe inefficace. È vero il contrario: la lotta contro il militarismo può tanto più facilmente trovare aderenti quanto più è separata dalla lotta contro lo Stato (o contro il capitalismo, o contro lo spirito anticristiano).
Lo Stato, il capitalismo, lo spirito anticristiano sono mali anche per me: ma l'era atomica ha imposto un ordine di priorità che dobbiamo rispettare. Non è che i problemi della libertà e della giustizia siano stati vanificati. Ma non è da essi che si può più partire per impostare una battaglia politica. La spinta umanitaria che ci ha costretto a occuparci di politica e a diventare antifascisti resta integralmente valida: ma in seno ad essa l'ordine di priorità nella soluzione dei problemi è cambiato. Solo la battaglia per la pace può includere anche le altre.
La battaglia per la giustizia sociale, cioè la battaglia contro il capitalismo, o quella per la rinascita dello spirito cristiano, o quella contro lo Stato, non devono diventare alibi per disertare la sola battaglia che sia possibile fare e che sia importante fare: quella contro il militarismo italiano.
Oggi come oggi non si vede come abbattere il capitalismo, o come far nascere una diffusa coscienza antistatalista. Mentre si vede come far nascere una diffusa coscienza antimilitarista, e come abbattere il militarismo italiano.
Ed ecco saltar su i pacifisti da strapazzo, cioè i guerrafondai travestiti da pacifisti: «Proprio dal militarismo italiano dobbiamo cominciare? Il disarmo non deve partire dai colossi che minacciano davvero la pace nel mondo, cioè dagli Stati Uniti, dall'Unione Sovietica, dalla Cina?» Rispondo parafrasando Lenin: «La catena del militarismo può essere spezzata in qualsiasi punto. L'Italia rappresenta uno degli anelli più deboli? Tanto meglio: vuol dire che noi italiani siamo facilitati in questa lotta. Spezzare la catena del militarismo nell'anello più debole, può diventare il nostro motto».
Certo, si tratterebbe di un intervento che porrebbe fine a un'istituzione millenaria. Ma quando mai la politica della sinistra è consistita nello stare a vedere, nel lasciar correre, nel tenere in piedi tutto quello che il passato ci ha trasmesso, nel lasciare che il mondo vada alla deriva? La politica della sinistra è sempre consistita nel rinnovare, nello svecchiare. “

Carlo Cassola,La lezione della storia. Dalla Democrazia all’Anarchia: una via per salvare l’Umanità, BUR, 1978¹; pp. 93-95.

Continuiamo ad accogliere questi “profughi” e a respingere quelli da dove abbiamo esportato la democrazia. Vediamo se qualcuno avrà il coraggio di darmi del razzista e del filo Putin.

L’ Azovstal di Mariupol viene liberata dai ratti nazisti che avevano tenuto in ostaggio civili per poi usarli come scudi umani.

Media, politici, attori, musicisti ecc adesso fanno il piagnisteo per questi “kantiani” che per 8 anni hanno commesso crimini a nel sud ed est Ucraina.

A proposito dell'adunata degli alpini a Rimini e delle denunce fatte da donne e ragazze per le molestie subite da questi, vi invito a leggere questo post sui crimini di guerra commessi dagli Alpini. 

Il corpo degli alpini venne fondato il 15 ottobre 1872. L’alpino viene descritto come “valoroso difensore della Patria dal barbaro invasore austriaco”. Peccato che le cose erano al contrario: nel 1911-12, l’Italia partecipò alla guerra per la conquista della Libia contro la Turchia.

Nel 1915, quando l’Italia dichiarò guerra all’Austria-Ungheria, gli alpini della Divisione Pusteria occuparono il Sud Tirolo (l’attuale Trentino Alto-Adige).

L’Associazione Nazionale degli Alpini venne creata nel 1919 e l’associazione si associò direttamente alla dittatura fascista. Il regime creò il mito dell’alpino. 

Nel 1935-36, l’Italia aggredisce l’Etiopia dove l’esercito utilizzò armi chimiche contro la popolazione locale. La Divisione Pusteria combatté battaglie più cruente  di Tigrai, Amba Aradan, Amba Alagi e Tembien ed ai massacri di Mai Ceu e al lago Ashangi. Anche dopo la guerra, gli alpini di tale divisione commisero crimini odiosi. Il regime fascista creò a Bruneck, oggi Brunico, un monumento per glorificare gli alpini caduti in guerra, monumento ancora difeso ma ritenuto giustamente umiliante per i sudtirolesi.

Con lo scoppio della seconda guerra mondiale, la Divisione Pusteria aggredì la Francia e poi l’URSS. Il 26 gennaio 1943 si combatté la cruenta battaglia di Nikolaevka. Gli alpini appoggiavano l’occupazione nazista in Unione Sovietica. Dei 57 mila alpini ne tornarono solo 11 mila che non solo erano vittime, ma anche dei colpevoli dei crimini di guerra commessi lì. Il fascismo strumentalizzò il loro “sacrificio”, De Gasperi fece di tutto per non far processare i militari italiani, gli alpini compresi, per i loro crimini commessi. 

Ancora oggi gli alpini non si pentono dei crimini commessi in tempi di guerra e mostrano ancora una volta i loro sentimenti nazionalisti e razzisti. Nel Sud Tirolo, gli alpini si comportano come forze di occupazione. 

Matteo Salvini dice “Viva gli alpini!” alla notizia delle molestie da parte loro verso donne e ragazze al raduno a Rimini. Il Governatore dell’Emilia Romagna, del PD, li onora pure. Tali episodi si sono ripetuti nelle passate adunate degli alpini, ma i politici, di destra e di sinistra, non ne fanno un problema minimizzando o ipocritamente prendendo distanze senza prendere provvedimenti drastici. 

E allora quando ci sono state violenze e molestie di massa verso ragazze nel capodanno a Milano dove figli di immigrati sono coinvolti hanno alzato la voce, perché se lo fanno dei militari italiani in un’adunata tutto viene minimizzato con giustificazioni e prese di distanza ipocrite o addirittura arrivare ad accusare di “esagerazione” e di “vilipendio” coloro che denunciano le molestie subite? Perché la donna deve essere sempre di “proprietà” dell’uomo italico, bianco, cristiano-cattolico, etero, cisgender. Perché gli italiani sono “brava gente”.

Intanto il governo ha istituito la giornata nazionale degli alpini da celebrare ogni 26 gennaio, data che ricorre la battaglia di Nikolaevka nel 1943 quando l'Italia affiancava la Germania nazista. Ciò significa che l'Italia è ancora un paese a memoria corta e che mai farà i propri conti con la storia.

Il 9 maggio è una data molto importante perché ricorda due eventi molto particolari: il primo è la sconfitta definitiva della Germania nazista dinanzi all'Unione Sovietica e il secondo è il barbaro assassinio di Peppino Impastato da parte della mafia democristiana.

Chi crede in una società realmente progressista e democratica senza sfruttamento, disoccupazione, guerra tra bande, discriminazioni e disuguaglianze sociali, viene sempre ostacolato, messo a tacere, alla porta e via dicendo da parte di elementi dei ranghi più alti della società.

La cosa ancora più squallida e inaccettabile è chi usa questi due eventi per lavarsi le mani della propria sporca coscienza da parte di quest'ultimi elementi. Non si rendono conto dello squallore che fanno e che hanno pur di non perdere la propria faccia e di mantenere il loro potere.

Chi dice che il fascismo ormai è morto e che la mafia non esiste è solo un emerito ignorante. La mafia non è solo lupara, traffico di droga, di esseri umani e di armi; il fascismo non è solo il centrodestra, la destra e l'estrema destra. La mafia è pure nelle istituzioni, nei vertici di aziende e banche, così come il fascismo.

Sappiamo tutti che la lotta al nazifascismo e alla mafia la fanno principalmente chi crede nelle idee di costruzione di una società progressista, ugualitaria e democratica, mentre quelli dei ranghi più alti della società odierna è solo opportunismo e ipocrisia.

Personaggi come Placido Rizzotto, Turi Carnevale, Peppino Impastato, Fausto e Iaio, Valerio Verbano e Pio La Torre hanno pagato a caro prezzo le loro battaglie con la vita per mano della mafia democristiana e dei fascisti.

Gli uni e gli altri sono legati strettamente da interessi molto strategici con la collusione di politici, clero e dirigenti di aziende e banche.

La guerra in Ucraina è l'esempio più lampante dello squallido revisionismo storico che glorifica ed esalta il filonazismo ucraino e criminalizza l'eroica resistenza dei popoli. Le serie televisive e la musica neomelodica e persino il trap incentrate sulla vita da strada, sull'ostentazione della ricchezza, dell'ignoranza e sulla vita di un boss mafioso sono persino esempi molto lampanti di sdoganamento della vita e della cultura malavitosa.

Come possono parlare di lotta contro la mafia e contro il fascismo se candidano alle liste elettorali e vengono piazzati nelle istituzioni persone molto legate e colluse con le mafie e che esprimono idee fasciste e razziste? Come possono farlo quando i nostri governi attuano politiche sociali che privatizzano servizi statali essenziali e utili per tutta la collettività aumentando sempre di più le possibilità di infiltrazioni mafiose? Come posso farlo quando vengono negati ai lavoratori e alle lavoratrici i diritti sociali e civili più importanti e si ricorre alla repressione poliziesca contro le loro lotte?

Chi lotta davvero contro la mafia e contro il fascismo, lotta contro tutta questa società e contro tutto questo sistema che ci vedono come merce da scambio, che normalizzano e che sdoganano ogni cosa, che ci insegnano a farci competizione tra noi e a essere ubbidienti a loro.

Mafia e fascismo sono due montagne di merda. La nostra società è piena di questa montagna di merda.

DRZAP http://www.drzap.it (oltre 197.350 battute e barzellette) INSTAGRAM franco.zappulla (vignette

DRZAP

http://www.drzap.it (oltre 197.350 battute e barzellette)

INSTAGRAM franco.zappulla (vignette umoristiche: oltre 38.300 post; 1060 follower)

http://drzap.tumblr.com/ (circa 35.400 vignette umoristiche)

ALLEGROLOGO2 (gruppo pubblico di satira medica su Facebook)

DRZAP (gruppo pubblico di umorismo vario su Facebook)

#drzap #ridere #umorismo #humour #humor #divertente #buonumore #vignette #cartoon #funny #battute #freddure #guerra #Russia #Ucraina #America
https://www.instagram.com/p/Cdsy2UzM_5v/?igshid=NGJjMDIxMWI=


Post link
DRZAP http://www.drzap.it (oltre 197.350 battute e barzellette) INSTAGRAM franco.zappulla (vignette

DRZAP

http://www.drzap.it (oltre 197.350 battute e barzellette)

INSTAGRAM franco.zappulla (vignette umoristiche: oltre 38.300 post; 1060 follower)

http://drzap.tumblr.com/ (circa 35.400 vignette umoristiche)

ALLEGROLOGO2 (gruppo pubblico di satira medica su Facebook)

DRZAP (gruppo pubblico di umorismo vario su Facebook)

#drzap #ridere #umorismo #humour #humor #divertente #buonumore #vignette #cartoon #funny #battute #freddure #guerra #Russia #donbass
https://www.instagram.com/p/Cdsyu81sJKA/?igshid=NGJjMDIxMWI=


Post link
DRZAP http://www.drzap.it (oltre 197.350 battute e barzellette) INSTAGRAM franco.zappulla (vignette

DRZAP

http://www.drzap.it (oltre 197.350 battute e barzellette)

INSTAGRAM franco.zappulla (vignette umoristiche: oltre 38.300 post; 1060 follower)

http://drzap.tumblr.com/ (circa 35.400 vignette umoristiche)

ALLEGROLOGO2 (gruppo pubblico di satira medica su Facebook)

DRZAP (gruppo pubblico di umorismo vario su Facebook)

#drzap #ridere #umorismo #humour #humor #divertente #buonumore #vignette #cartoon #funny #battute #freddure #guerra #russia #ucraina
https://www.instagram.com/p/CdsyC1KstKO/?igshid=NGJjMDIxMWI=


Post link
DRZAP http://www.drzap.it (oltre 197.350 battute e barzellette) INSTAGRAM franco.zappulla (vignette

DRZAP

http://www.drzap.it (oltre 197.350 battute e barzellette)

INSTAGRAM franco.zappulla (vignette umoristiche: oltre 38.300 post; 1060 follower)

http://drzap.tumblr.com/ (circa 35.400 vignette umoristiche)

ALLEGROLOGO2 (gruppo pubblico di satira medica su Facebook)

DRZAP (gruppo pubblico di umorismo vario su Facebook)

#drzap #ridere #umorismo #humour #humor #divertente #buonumore #vignette #cartoon #funny #battute #freddure #guerra #russia #ucraina
https://www.instagram.com/p/CdrAguUs9Gu/?igshid=NGJjMDIxMWI=


Post link
DRZAP http://www.drzap.it (oltre 197.400 battute e barzellette) INSTAGRAM franco.zappulla (vignette

DRZAP

http://www.drzap.it (oltre 197.400 battute e barzellette)

INSTAGRAM franco.zappulla (vignette umoristiche: oltre 38.300 post; 1060 follower)

http://drzap.tumblr.com/ (circa 35.400 vignette umoristiche)

ALLEGROLOGO2 (gruppo pubblico di satira medica su Facebook)

DRZAP (gruppo pubblico di umorismo vario su Facebook)

#drzap #ridere #umorismo #humour #humor #divertente #buonumore #vignette #cartoon #funny #battute #freddure #guerra #ucraina
https://www.instagram.com/p/Cdx_hvJsHKf/?igshid=NGJjMDIxMWI=


Post link
DRZAP http://www.drzap.it (oltre 197.350 battute e barzellette) INSTAGRAM franco.zappulla (vignette

DRZAP

http://www.drzap.it (oltre 197.350 battute e barzellette)

INSTAGRAM franco.zappulla (vignette umoristiche: oltre 38.300 post; 1060 follower)

http://drzap.tumblr.com/ (circa 35.400 vignette umoristiche)

ALLEGROLOGO2 (gruppo pubblico di satira medica su Facebook)

DRZAP (gruppo pubblico di umorismo vario su Facebook)

#drzap #ridere #umorismo #humour #humor #divertente #buonumore #vignette #cartoon #funny #battute #freddure #guerra #Russia #Putin
https://www.instagram.com/p/Cdva77eMGAZ/?igshid=NGJjMDIxMWI=


Post link
loading