#fenêtre
Sim, os vizinhos sabem que minha esposa recebe outros homens aqui em casa e eu secretamente tiro um prazer enorme dessa fama de puta de que meu amor goza aqui no condomínio: adoro os olhares de desejo e inveja e que lançam sobre nós ao sairmos ou chegarmos de mãos dadas em casa…
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Aquela foto da minha esposa debruçada na janela do nosso apartamento tirada pelo amante segundos antes de ela pedir com a voz mais doce do mundo: “Vem me comer aqui na janela, vem…”
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Apesar de todo o amor e fidelidade que lhe dedico, minha amada ainda sente ciúmes de mim e às vezes passa um pouco dos limites como aconteceu esta manhã, ao acordarmos. Pegou meu celular enquanto eu dormia para ver de quem era aquela mensagem que chegava tão cedo: sim, era de uma mulher. Acordou-me furiosa e não tive tempo de explicar-lhe que era uma colega de trabalho solicitando que levasse alguns documentos importantes. Vesti-me enquanto brigava comigo e saí o mais depressa possível: luz na cara, sem banho e procurando um lugar para tomar café.
Mas não consigo ficar bravo com ela por muito tempo: ao fim do dia já estava com saudades mesmo da cara de brava dela. Voltei. Estava sentada na janela com roupas leves; o cheiro de incenso e a cama desarrumada contavam tudo: “Recebeu outro homem aqui?“ perguntei. “Você vai ficar bravo comigo se eu disse que sim?“ respondeu sem me olhar. “Quis se vingar de mim, é?“ perguntei enquanro me aproximava. “Jamais. Sei que você não me traiu, que peguei pesado com você. Mas achei que você me perdoaria mais fácil se eu transasse com outro homem em nossa cama… me enganei?“ Sem falar nada, eu abracei por trás com ternura e beijei-lhe o pescoço: ela sabia que estava perdoada. Mergulhando os dedos nos meus cabelos, ela sussurou: “Gozei pensando em você…”
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Sans titre - Hongrie - 2021
photographie argentique - Agfa APX 400
Hélène Thiennot
