#jardim botanico

LIVE


Ele leu, uma vez, que um sábio, no deserto, havia conseguido conversar com a areia.
Impressionado por essa proeza, ele decidiu, por sua vez, dialogar com a fonte.
Ele ignorava que, no silêncio, exclusiva é nossa voz; pois o que, em si, é lamento ou canto é, já, palavra distanciada.
A morte fala. A vida é falada.

(… porque tu estás ainda lá onde eu parecia não estar mais).

“Falarei sem me interromper para aquele que não diz mais nada, não para incitá-lo a me imitar, mas a fim de confortá-lo em seu mutismo. Tão eloqüente é seu silêncio”, havia ele notado.
E mais longe: “É sempre o silêncio que fala àquele que lhe sacrifica suas palavras”.


De O livro do diálogo
Edmond Jabès
[trad. Eclair Antonio Almeida Filho]

Tom Jobim, Jardim Botânico (RJ) - Década de 1980.Foto: Ana Lontra Jobim

Tom Jobim, Jardim Botânico (RJ) - Década de 1980.
Foto: Ana Lontra Jobim


Post link
loading