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Para o terceiro dia, refleti bastante sobre o que exatamente eu queria escrever, apesar dos outros d

Para o terceiro dia, refleti bastante sobre o que exatamente eu queria escrever, apesar dos outros dois textos terem um teor mais científico pelas fontes serem de artigos publicados, eu resolvi dessa vez deixar a minha impressão sobre um aspecto da minha relação com a Deusa Bastet. Afinal de contas estamos falando sobre cultuar uma divindade e isso envolve muitas histórias, mistérios individuais, crescimento pessoal e intensos sentimentos, sendo o mais forte deles, o amor.

  7 dias de culto em homenagem ao amor e ferocidade de Bast

- DIA 3 -

Culto doméstico à Bast: uma perspectiva individual

        Bast foi sem dúvida um dos primeiros nomes de Netjer que tive contato intenso. Apesar de desde pequena ser fascinada pelo mito de Wesir e Set com o sofrimento de Aset, na adolescência e primeiros passos no culto aos deuses antigos, Bast se fez presente de uma forma inesquecível. Como se Ela de alguma maneira me mantivesse firme na espiritualidade dos deuses de Kemet até eu encontrar Aset (a partir desse momento nunca mais deixei de olhar para Kemet com importância para minha espiritualidade). Uma vez eu li, e não me perguntem onde porque eu sinceramente não lembro, que Bast pode ter o papel de deusa iniciática na vida de muitos devotos atualmente e acredito que comigo foi do mesmo jeito, ela me iniciou a entrar na jornada de autodescoberta nas areias antigas. E acredito que isso começou intensamente quando decidi adotar Harry, o meu companheiro felino.

           Nos dois textos anteriores desses 7 dias de culto, deixei claro que Bast não é definida por ser uma Deusa doméstica, muito pelo contrário, o início de seu culto que surgiu mais ou menos na segunda dinastia, era relacionado a animais selvagens como o gato selvagem e leoas. Mas o culto doméstico na própria Kemet ganhou força com o passar das dinastias e quando observamos a intensa relação da humanidade com gatos hoje, é bem claro que esse tipo de culto numa realidade ocidental (o que tenho propriedade para falar) acaba se encaixando com maior facilidade. Com esse entendimento claro nas nossas mentes, vou transportar vocês para 9 anos atrás em que eu tinha 16 anos e estava num momento muito inicial da bruxaria na minha história.

           A bruxaria foi um início muito importante para meu culto a divindades no geral, lembro que o conceito da “DEUSA” foi o que tocou meu coração para eu me debruçar nesse meio e em 2011 tendo uma certeza totalmente intuitiva do que eu queria, fiz um ritual em maio marcando o momento que eu estava me comprometendo comigo mesma. Em maio do ano seguinte eu estava um pouco perdida e passado por momentos obscuros e abusivos de um homem que se dizia da bruxaria e “queria me ajudar”. Fiquei um pouco iludida e nesse mesmo mês uma amiga minha encontrou uma ninhada de filhotes de uma gata que tinha abandonado os pequenos. Aceitei na hora mesmo que meus pais na época não deixassem de forma alguma. Criei uma coragem enorme e insisti para que Harry ficasse conosco, demonstrei que poderia cuidar dele e a partir daí um sentimento de cuidado e amor cresceu bastante e claro que ele acabou conquistando todo mundo. E no mesmo passo senti uma magia envolvendo nossas vidas e um resgate na minha espiritualidade.

           Parece que com a chegada de Harry, Bast só se intensificou na minha vida e eu realmente não lembro o momento exato que me deu um “estalo” dessa relação, só lembro que eu já estava tentando fazer meditações e pesquisando sobre Ela, principalmente para a proteção do meu gato. E nesse início Bast era para mim uma deusa completamente doméstica. Eu ofertava principalmente leite e fazia orações quando ia dormir. Eu comecei a sonhar bastante com felinos e acabei também me aproximando de Sekhmet. Apesar de nesse momento muitos me falarem que Bast e Sekhmet eram a mesma divindade, no meu entendimento de culto e pessoal sempre foram diferentes.

           Pode parecer clichê, mas Harry me ensinou muito! Entendam algo importante, eu nunca tinha tido um gato ou sequer um cachorro, os únicos animais que eu tive para cuidar eram peixes beta ou pássaros que eventualmente fugiam. E eu sempre achei gatos extremamente interessantes e é engraçado dizer, mas eu amo o conceito da mulher gato do último filme solo da personagem. Sim, isso mesmo, o filme da Halle Berry que ninguém gosta porque foge completamente da personagem dos quadrinhos, eu amei quando criança porque vamos lá gente, a mulher basicamente era um encantado! Ela praticamente morreu e gatos mágicos a trouxeram de volta a vida, perfeita. Acredito que essas construções “fantasiosas” me ajudaram a estar mais aberta a energia de deusas felinas quando cresci. Elas sempre me foram fascinantes, lindamente perigosas e me sentia muito atraída. Harry só fez facilitar a relação, porque toda a vez que eu precisava cuidar dele, me preocupar, brincar, me sentia mais perto de Bast. Bom, ainda me sinto da mesma forma.

           Com o passar dos anos, aprendi que Bast é muito além do que a deusa doméstica da qual eu estava tão acostumada e isso me fez ficar mais fascinada pela sua grandiosidade. Tive descobertas importantes em relação a Ela na minha espiritualidade e essa deusa não me deixa de forma alguma, assim como eu não a deixo. Eu vejo Bastet na alegria de uma festa e em rituais em homenagem a Ela com meus amigos, a vejo no amor e proteção dos seres que amamos, sejam eles humanos ou não, a vejo no nascer do Sol junto com Rá, a sinto me guiando independente dos caminhos que escolho e principalmente a vejo refletida em Harry. Não que eu cultue meu gato, assim como os keméticos não cultuavam os gatos em si. Mas Harry me transporta constantemente para um período que sinto falta e nem entendo ao certo o porquê.

           Agradeço a vida de Harry, agradeço a Bast por tantas bençãos e aprendizados. Senhora dos gatos, protetora da vida, fonte do poder, caçadora exímia.

DUA BAST!

Autora: Appalachia (Iohara Quirino)

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