#na sua orbita

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me refaço em nome do amor.

encontro uma maneira de mudar a sequência melancólica de meus pensamentos.

preciso parar de lembrar dos erros, do caos em excesso.

porque sinto falta do teu hálito mentolado, do teu cabelo bagunçado pela manhã e do timbre rouco da tua voz, que sempre arrepiou todas as células do meu corpo.

te deixei voltar.

você sempre apreciou o meu vocabulário vasto e a forma como eu uso as palavras. o estranho é que eu tenho certa dificuldade para dissertar sobre você, como se nem usando o dicionário fosse possível encontrar palavras suficientes para descrever essa imensidão de sentimentos que borbulham embaixo da minha epiderme.

o aroma adocicado do teu perfume ainda está intrínseco nas paredes do meu quarto.

não consigo decidir se esse é um texto sobre amor ou sobre dor. talvez seja as duas coisas, simultaneamente.

amor e dor sempre andaram lado a lado quando se trata de nós.

queria ser capaz de desvendar teus pensamentos, me inserir na tua mente, entrar sorrateiramente no teu coração e ter acesso livre aos teus sentimentos, saber de uma vez por todas o que você sente de verdade.

mas não posso.

então continuo aqui, no escuro com você.

estou segurando sua mão, porque você não segura a minha de volta?

a vida é paradoxal.

uma coletânea de momentos doces ou amargos que nos constituem ao longo dos dias finitos.

de mudanças que ocorrem em doses homeopáticas à tempestades que chegam sem aviso prévio. a jornada por vezes é difícil, nos agarramos à pessoas temporárias, sentimentos efêmeros e uma felicidade utópica.

apesar de, é tão poética a vida.

é tão bonito o universo.

é tão importante o sofrimento.

a montanha-russa irrefreável em que estamos inseridos, com mais altos e baixos do que habitualmente, nos injeta adrenalina direto na corrente sanguínea.

se você está entorpecido demais para sentir, mude sua rota.

inspiração é onda que surge com voracidade em meio a uma maré calma.

tu me inunda a alma, a mente, o coração, me torna efervescente, faz com que palavras se alinhem e borbulhem em meu cérebro, parafraseando meus sentimentos, da maneira mais literal possível.

certa vez Shakespeare escreveu: “o que está dentro de mim supera todas as exterioridades”

não sei se você conhece, é de Hamlet e você nunca gostou de clássicos, o que é lástimavel. de qualquer maneira, eu creio que seja sobre isso, a melhor definição mensurada em palavras singelas, capazes de suscitar pessoas atônitas, estupefatas.

é de extrema dificuldade tentar explicar coisas que sequer são nomeadas, há tempos eu tento de maneira árdua, encontrar termos específicos para traduzir meus sentimentos, toda essa colisão de sensações que explodiram em meu peito.

na obviedade lógica de uma sociedade deveras especialista em pensar de forma gélida, o racional seria simplesmente definir como amor. rápido, prático, sucinto.

mas, se apenas definir como amor, como então irei explicá-lo?.

o eufemismo do “eu te amo” se tornou tão banal diante da grandeza de meus sentimentos por você.

leio Shakespeare, Michelangelo, Carlos Drummond de Andrade, Machado de Assis, e tantos outros poetas que tentam com resplendor transcrever uma percepção sobre amar.

e bom, sim, te encontro em incontáveis linhas, contudo, ainda assim, me sinto tão distante de uma explicação concisa para meu sentimento.

você se alastrou até a veia mais fina do meu corpo, se impregnou em meu sistema respiratório, e eu não acho que exista lógica concreta para algo desse gênero.

qual a porcentagem de uma mesma pessoa sucumbir duas vezes à um amor assim?. talvez 0. é real demais, vívido demais, genuíno demais, especial demais, para que se repita.

eu desejo cultivar o que temos, enquanto o universo me permitir.

quero permanecer ao teu lado, encontrando todas as respostas na coloração dos teus olhos, e no sabor que tua boca permite.

quero assistir ao pôr do sol do teu sorriso, quero sentir suas mãos aquecendo minha pele, quero escutar a sinestesia presente em tuas melodias, quero te ver despindo a poesia em suas composições.

deixarei as definições específicas para poetas mais renomados, os sonetos de Shakespeare responderão aos curiosos.

não preciso de uma explicação que faça completo sentido, todas as minhas verdades estão infiltradas no céu da tua boca, vagando em seu universo. e não há nada mais deliberado, verídico e detalhado do que sua imensidão.

a explosão das nossas almas colidindo foi a catástrofe mais bonita que o universo já presenciou.

as faíscas poéticas que foram liberadas de nossos corações poderiam iluminar o mundo inteiro.

fui presenteada com tuas cores inundando meu ser, de uma forma ininterrupta, me tornou aquarela.

nossa mistura fez com que tudo se tornasse ainda mais bonito.

não há nada superestimado quando o assunto é você, tudo é verossímil. teus encantos são a maior veracidade que já conheci.

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