#perfumes no egito

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A escolha desse tema aconteceu de forma interessante, eu não sou aquelas pessoas que são fissuradas

A escolha desse tema aconteceu de forma interessante, eu não sou aquelas pessoas que são fissuradas em perfumes, apesar de amar sentir cheiros bons e fortes e todo dia passar perfume nos meus altares. Mas não sou exigente quanto a isso, para mim o perfume tem uma ligação muito mais emocional com momentos da minha vida. E claro, a magia de glamour com perfumes é maravilhosa.  Só que lendo sobre os arquétipos de Bast, notei sua ligação com os perfumes e achei uma ótima oportunidade de aprender mais sobre essa relação a qual eu sei bem pouco. Assim como entender melhor o que os keméticos (antigos egípcios) achavam dos perfumes e seus usos. Espero que gostem e mantenham-se perfumados.

7 dias de culto em homenagem ao amor e ferocidade de Bast

- DIA 4 -

Bast, Kemet e os perfumes

   Para a bruxaria, perfumes podem ser grandes aliados para alcançarmos os nossos objetivos. Desde magias de glamour, para suavizar relações e até para agradar a deuses, os perfumes vem envolvendo a vida magística. E para além disso, envolvem a história humana, a maioria de nós já ouviu sobre a boa reputação dos perfumes franceses e dentre os povos antigos, esses líquidos de cheiros variados feitos através de longos processos de extração de plantas, podiam ter um papel importante.

   A primeira forma de perfume foi o incenso que surgiu na Mesopotâmia há mais ou menos 4000 anos. Os antigos queimavam resinas e madeira em seus rituais com diversos objetivos. E em Kemet (Egito) o incenso chegou por volta de 3000 antes da Era Comum e os perfumes só foram usados estritamente em rituais religiosos até o início da Idade de Ouro. Provavelmente eles se tornaram acessíveis a outras camadas sociais à medida que os sacerdotes liberavam, com o tempo, os cidadãos tomavam banhos elaborados e embebiam a pele em óleos perfumados por prazer. Os antigos egípcios foram os primeiros a capitalizar os perfumes na imagem em garrafas que conhecemos até hoje, os recipientes da época eram feitos de pedra de alabastro e decorados com designs próprios. Dizem até que Cleópatra cumprimentou Marco Antônio em um barco com velas perfumadas após o assassinato de Júlio César.

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   Mas o que Bast tem de relação com os perfumes? Bom, a deusa Bastet está relacionada ao perfume porque Ela é a deusa do “bas” ou frasco de perfume. Arqueólogos acreditam que seu nome significa “ela do frasco de perfume”, já que nos hieróglifos a palavra “bas” é escrita usando a imagem de um frasco de perfume. Esses potes eram pesados, muitas vezes cheios de perfumes caros que eram valiosos em Kemet, considerando a própria necessidade daquele povo de maquiagem, banho e higiene e também pelo tempo quente que poderia influenciar o uso constante de perfumes, unguentos e óleos.  

   A pesquisadora Barbara Watterson, famosa pela escrita dos livros “Women in Ancient Egypt” e “Gods of Ancient Egypt” acredita que é provável que o fetiche originalmente adorado em Per-Bast (Bubastis) assemelhava-se ao jarro de perfume. Joann Fletcher, importante egiptóloga, afirma que além do frasco de perfume se referir a pureza do ritual de culto à Bast, essa deusa em algumas versões era mãe de Nefertem, deus lótus onde o sol nasce relacionado aos perfumes e a alquimia, então Bast seria literalmente o vaso que carregava o lótus. Outros pesquisadores asseguram que a deusa Bastet agiu exatamente como um unguento ou óleo perfumado contidos em frascos como meio de proteção, o que se conecta com os arquétipos iniciais de Bast enquanto deusa da proteção de locais sagrados, áreas reais e nas batalhas.

   O alabastro-calcita, material dos recipientes de perfumes é considerada a pedra de Bast e é um material notável pela pureza, alvura e transparência, se transformando em recipiente útil e importante para medicamentos e substâncias relacionadas com os deuses. O alabastro era usado principalmente para proteção de perfumes, remédios e outros conteúdos contra agentes externos. É interessante notar que na época de grande comercialização de perfumes, existia uma relação intensa de comércio desses produtos entre os fenícios (considerados os melhores perfumistas do mediterrâneo) e os habitantes de Per-Bast.

   A relação comercial entre os fenícios e Per-Bast provavelmente ocorreu a partir da Idade do Ferro. A cidade de Bastet ficava no leste do delta do Nilo que tinha um ponto de carregamento de produtos vindos do Mar Vermelho. E os fenícios também tinha adoração à deusa Bast, hipoteticamente devido ao comércio lucrativo de perfumes e aromas. O estudo dos nomes próprios semitas de todos os gêneros e origens mostra que muitos nomes relacionados a indivíduos que vivem em Heliópolis, alguns dos quais poderiam ter feito parte da comunidade fenícia local envolvida no transporte de mercadorias (e perfumes), possuem provável relação com Per-Bast, seriam alguns dos nomes: Ahoubasti, Baal-Bastet e Abd'abst.

   Refletindo sobre as relações entre os perfumes e o culto à Bast, acredito que possamos trazer essas conexões para o nosso culto moderno. Oferecermos e consagrarmos óleos, unguentos e perfumes para essa divindade é uma forma muito bonita de conexão. Podemos fazer óleos para a proteção e pedir para que Bast os abençoe e aja como o próprio líquido nos espaços e pessoas que quisermos proteger. Ou simplesmente queimar essências que Ela goste ou borrifar perfume nos espaços sagrados em que Ela se encontra, as possibilidades são inúmeras.

DUA BAST!

Autora: Appalachia (Iohara Quirino)


  • Referências

-          “Perfumes, aromatics, and purple dye: phoenician trade and production in the greco-roman period” por Dina Frangié-joly.

-          “Alexandria, an emporium in the silk road, and the traffic of unusual medicines” por Ana Maria Rosso.

-          “The essence and use of perfume in ancient Egypt” Sheila Ann Byl.

-          “Bast, perfumed protector, cat goddess” por Caroline Seawright.

-          “The story of perfume” por McGill office for science and society.

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