#quando

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“Quando eu fingir que estou a prestar atenção nas tuas palavras sussurra-me o quanto anseias em ver-me de novo…“

PA

Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.

Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.

Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.


Sophia de Mello Breyner Andresen, em Dia do mar [1947] (tirado de Obra poética I, 2ª edição, 1991, Editora Caminho)

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