#to bebada

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É difícil perceber o quanto se é frágil; o quanto seu próprio inconsciente suprime na tentativa de te poupar de certas dores, do quanto o universo parece conspirar, mesmo contra sua vontade, pra que certas batalhas sejam evitadas e você não quebre. Estou há três anos e contando sofrendo o luto de um vivo por que não consigo aceitar que mentiram pra mim. Há mais de um ano sofrendo o luto de alguém de quem eu não era tão próxima sem entender bem porque isso me afetou tão profundamente. Há anos suprimindo o luto pela minha própria bisavó só Deus sabe o porquê. Há dias com dificuldade de falar com certas pessoas que amo por não saber lidar ou entender suas opiniões. Há anos lidando com a falta de uma personalidade que jamais construí pela necessidade de me encaixar em um lugar. Há anos remoendo o sofrimento que passei na escola por que nunca houve uma conclusão; poucas pessoas me pediram desculpas e eu nem sei onde eu também posso ter errado. Há dois dias tentando entender meu luto por me sentir culpada por rir, por não passar dias chorando, por não ser igual aos outros, me sentindo menos como se não me importasse o suficiente. SUFICIÊNCIA, é uma palavra que me perseguiu a vida toda, nunca me sentia suficiente pra nada, nunca tive coragem de me impôr e quando fazia isso achava que estava errada, sem conseguir enxergar se era pelo costume ou por uma decisão tomada na raiva. Tenho lutado comigo mesma há anos sem conseguir entender se sou só eu ou muitos adversários mais. Não consigo ver onde acaba quem eu sou e começam os outros. Maldita vontade de me encaixar. Sofro com a incapacidade de me abrir de verdade. Alguns ficarão confusos uma vez que sempre fui tão transparente, mas jamais fui assim. Eu me escondo atrás de um falso escudo, não consigo por sentimento quando me abro, por medo. Eu tenho medo. Muito medo. De quem sou; de não ser quem eu quero ser; de não aceitar quem sou; de ser uma pessoa ruim; de nunca me reconhecer no espelho. Vivo uma guerra contra mim mesma, nunca sei quando me repreender e quando me libertar, carrego culpa por coisas que jamais foram minha culpa. E, acreditem, me sinto culpada e egoísta por falar de mim dessa forma sabendo que não sofro dos piores problemas e nem estou na merda como outros podem estar, e até passando pelas mesmas coisas que eu. Consigo ver meus privilégios sociais, às vezes, mas jamais consegui entender quando sou vítima e quando sou agressora. Isso flutua muito na minha percpção. Eu sei que estou me expondo, talvez demais na visão de muitos de vocês, mas a verdade é que todo mundo reclama que a vida virtual é uma foto photoshopada e eu na real to cagando pra edição. Ser autêntica é uma das minhas maiores necessidades agora, mesmo que me arrependa, então não me venham com sermões ou conselhos sobre isso, por que não estou interessada. Na. Moral. Só não. To cagando pra edição pois não quero ser editada por ninguém e, nesse momento, nem por mim mesma. Se vomitar tudo isso pode ser benéfico pra mim, eu vou fazer isso. Assim mesmo. Público, exposto, escancarado. Eu to cansada dos limites que me impus e que me impuseram pois não os entendo. Não consigo entender. Não vejo nem seus benefícios nem seus malefícios. Estou realmente perdida e não, não quero que vocês tentem me achar agora. Só eu posso, só eu devo. Se se indentificarem ou quiserem prestar algum tipo de respeito, sei lá, sintam-se livres, mas não quero opiniões e conselhos. Não consigo ouvir a mim mesma e não quero, agora, ouvir ninguém. Eu sou uma bagunça, todos somos, então não tentem me organizar. Eu posso não saber como me organizar, mas tem que ser no meu tempo e nos meus termos. Eu não sei pedir ajuda direito, também. Nunca soube, com medo de parecer menos do que me vêem ser, e precisando ser mais do que esperam de mim. Passei minha vida tentando orgulhar pessoas que não sabem quase nada sobre mim, a maioria nem perguntou ou só perguntou até onde estava confortável; isso sem contar com as deduções cruéis. Isso é sobre família sim, é sobre amizade também, é sobre tudo e todo mundo. Tentei orgulhar pessoas que sempre quiseram tudo em seus termos sem jamais tentar montar os meus sozinha e até hoje me frustro por não ser tudo o que queriam que eu fosse; pessoas se afastaram de mim por eu não atingir espectativas mesmo que seguindo uma hipocrisia nojenta em seus interiores e sou obrigada a me manter quieta pra não ser a errada de novo. Tem tanta coisa presa na minha garganta que se eu soltasse tudo não consigo imaginar o estrago. O ironico é que o ideal divino é uma vida sem mentirar mesmo que ninguém saiba aguentar a verdade, nem mesmo eu. NINGUÉM AGUENTA A VERDADE em algum ponto. Nem eu, nem vocês, nem o PAPA. Isso não tira o meu mérito de estar mais certa que outros em determinados momentos e vice-versa. TESTA pisar no calo de todo mundo pra ver quem te abraça, e te mostra teu calo, quem só te abraça, quem joga teu calo na tua cara, quem pisa nele na crueldade e quem só vai embora ofendido. Pisar no calo não é cutucar onde machuca a alma, mas onde machuca o ego. Se eu aguentaria pisarem no meu calo? DUVIDO, não aguento nem acusação baseada em mentira sem ficar ofendida e me sentir culpada em seguida, imagina aguentar a culpa real. Ninguém aguenta; ninguém assume. Meteoro, nos atinja; amém. Confuso? Eu também, meu querido, tu não sabe o quanto. Eu só sinto dor há anos, interrompida momentaneamente por coisas boas como o amor, mas é breve. É breve demais, quando eu menos espero já to excruciando de dor de novo e isso é uma bela merda. Ironico de novo é saber que geral passa por isso e me sentir menos digna de qualquer coisa. Triste, finalmente, é saber que quem eu mais queria que escutasse vai fingir que não tem nada a ver com a história, manter o ciclo de mentiras e seguir com a vida. E seguir dizendo que me ama. Muitos de nós morreremos engasgados com nossas verdades e jamais poderemos nos livrar de nossas dores por medo demais de quebrar o silêncio e decepcionar quem nos decepcionou. To quase desistindo de postar esse caralho, por que eu sou covarde, e vou correr pra um grupo. Dito e feito. Me odeio.

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