#29 de julho

LIVE

Quatro meses se passaram desde a última vez que escrevi aqui. Eu não sabia o que me esperava, mas foi suave…

Suave? Suspiros. Pode-se dizer que sim. Fui muitos outros e muito eu. E hoje sou completamente diferente. 

Estou leve, sozinho, faz um dia chuvoso e cinzento no Rio. Na cama acompanhado por uma manta de piquet branca, no apt 210, do número 76 da Aires Saldanha. 

Ai Rio, pensei que seria dessa vez que faríamos as pazes… De verdade, não esse leng-lenga nosso de sempre. Brigamos há tanto tempo, né? Desde 2010, entre idas e vindas e muitas promessas. 

Minha sensibilidade se aflora e com ela colho angélicas, elas são frágeis, mas cheirosas, inebriantes, delicadas. Elas são eu. 

Ser minha companhia, aceitar ela como eterna. E nos momentos que quero gritar, eu lacrimejo, lembro de tudo que foi bom e sorrio. E, acredite, é um sorriso verdadeiro. 

Esses 10 dias no Rio foram um buraco negro. Ana me mandou mensagem, Monalisa também, pensei no Vike, desejei o Marlon, olhei a foto nova da Meli no WhatsApp (ela vai operar amanhã). Criei uma nova playlist, aliás ela se criou sozinha naquela manhã no Aterro, que terminou na Praia Vermelha acompanhado do Marci e da Renata. 

Vou querer que aquela noite de sexta, a caminho da Barra, se repita. Se tiver que ser, será… E o café da manhã demorado, e o vento do mar, e o cachorro que curioso olha pra mim pensando e me aconselhando: “volte a dormir, humano!”. 

Daqueles momentos decisivos, daqueles momentos que quando ninguém espera, nem mesmo eu, vou lá e paro, penso e concluo: esse talvez seja um dos melhores anos da sua vida. 

Vai ser gauche assim lá longe, hein Vinicius. No meio do caos político, na pandemia, no isolamento, eu floresci e sigo vivo, radiante, igual a palmeira do André – que mesmo que tenha uma tala segurando e a fazendo viver, segue lá esplendorosa. 

Sinto que minhas feridas estão quase cicatrizadas e que não tenho mais forças para me machucar. Estou me curando e é bom…

Aceitar foi difícil, mas eu agradeço porque a aceitação não desistiu de mim. 

Que texto barato, que palavras bobas, né? Mas elas são as mais especiais e servirão para eu lembrar tudo isso daqui uns anos e me sentir exatamente como agora: confuso, leve, feliz. 

Eu sigo um otimista inveterado, o melhor está por vir. Obrigado, obrigado, obrigado. 

São Paulo, que assim como eu tem nome de santo, fique calmo, eu estou voltando para a terra da vertigem e da solidão. Parece que nosso caso está longe de acabar e arrisco dizer que sinto até… saudade. Até já, meu amor. 

loading