#poesia marginal

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 “Mas Isso Faz Muito Tempo”, poema de Vitor Silveira “Arcaico Blues da Estrela Solitária”, poema vis

“Mas Isso Faz Muito Tempo”, poema de Vitor Silveira
“Arcaico Blues da Estrela Solitária”, poema visual de Vitor Silveira 

“Dessa janela sozinho
olhar a cidade me acalma

Sempre fui estrela vulgar
a vagar
Já ri e posso dizer que já chorei
sei bem escolher
Não preciso do Cruzeiro do Sul
sei me orientar

As lembranças estão sob um
pátio abandonado
Assim como estivemos naquelas tardes
mornas, não normais

Éramos todos
profetas nos corredores
Fui meu próprio capitão do mato
Caçador de mim

Em doze quartos fechados
(janelas abertas ou não)

No terror dos
possíveis vivos
embaixo da escada

Mas isso faz muito tempo
Em cada esquina que passei
Cada praça que estive
Cada tarde que matei
e vi o corpo negro da noite
cair

Num trem das cores
(não esqueço o teu sorriso colorido)
ou no último 46 da noite

Eu sei, não me diga
Esquecer as promessas
e mantê-las vivas
Esquecer as promessas
é mantê-las vivas”

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 Marginália II, de Torquato Neto“Eu, brasileiro, confessoMinha culpa, meu pecadoMeu sonho desesperad

Marginália II, de Torquato Neto

“Eu, brasileiro, confesso
Minha culpa, meu pecado
Meu sonho desesperado
Meu bem guardado segredo
Minha aflição
Eu, brasileiro, confesso
Minha culpa, meu degredo
Pão seco de cada dia
Tropical melancolia
Negra solidão
(…) Aqui, o Terceiro Mundo
Pede a bênção e vai dormir
Entre cascatas, palmeiras
Araçás e bananeiras
Ao canto da juriti
Aqui, meu pânico e glória
Aqui, meu laço e cadeia
Conheço bem minha história
Começa na lua cheia
E termina antes do fim
(…) Minha terra tem palmeiras
Onde sopra o vento forte
Da fome, do medo e muito
Principalmente da morte
Olelê, lalá
A bomba explode lá fora
E agora, o que vou temer?
Oh, yes, nós temos banana
Até pra dar e vender
Olelê, lalá (…)”

Poema de Torquato Neto, 1968

“Pindorama: País do Futuro”, fotografia de Vitor Silveira


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