#imprestável

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só queria que minha mente parasse.

por uns 5 minutos.

5 minutos de descanso.


só para não ter mais que pensar no quanto me odeio ou ter que ficar a todo instante tentando me distrair desse ódio.


5 minutos sem ser eu.

não importa se vai melhorar ou não.

eu não consigo sentir nada.

não importa se for sorte ou se for pelo meu esforço,

ainda continuarei a me sentir mal por estar existindo.


é desgastante saber que ter esperança de que melhore algo não faz nenhum sentindo já que o problema não é a situação em si, mas eu.


se algo da erra me sinto mal.

se algo dá certo me sinto mal.

torço para que dê errado e eu não precise lidar com mais gente.

torço para que dê certo e eu não precise ficar tanto tempo sozinha comigo mesma.



então não importa se vai melhorar, se vai valer a pena continuar.

não consigo sentir nada no final das contas.


a rotina: ou no automático ou me sentindo mal.



“tente, tente de novo, tente algo novo.”

“vai ficar tudo bem” “vai melhorar”

nada disso importa quando você não consegue sentir nada de bom.


nada disso importa quando você tem noção do quanto é inútil e imprestável e toda essa tentativa frustrada de tentar distrair a si mesma da verdade não dá em nada.


não importa o quanto esteja estudando.

não importa se foi rápida para conseguir um emprego.

não importa se não está dando trabalho para ninguém.

nada disso importa porque é só um enfeite escondendo a verdade: eu não quero mais estar aqui.


ter noção do quanto não consigo sentir nada a ponto de saber de tamanha ingratidão e só conseguir sentir culpa.


não me lembro da última vez que me senti bem comigo mesma.

não me lembro da última vez que tudo não passou rápido demais na minha mente.

não me lembro da última vez em que consegui sentir que estava realmente presente em algo.


sou vazio. e só quero ir embora logo.

não é sobre desistir porque não estou parada.

estou fazendo algo, estudando, trabalhando, não sendo uma filha da puta com ninguém.

não é sobre desistir.

é sobre já estar exausta de achar que em algum momento conseguirei parar de sentir que é errado estar existindo.

ninguém gosta de você e no fundo você não se importa com isso.


você também não gosta de você.

vivendo dentro da porra desse seu mundinho dramático e cheio de “não me toques”. ninguém ao menos se importa contigo ao ponto de se dar ao trabalho de não gostar de você.

faça-me um favor e vá embora o quanto antes.

tendo que viver pisando em ovos pq qualquer coisa já é o fim do mundo. nem você mesma se suporta e se sente culpada até pelo jeito que respira.


ela não gosta de você.

ninguém gosta de você.

no mínimo te aturam pq é preciso parecer civilizado.

mas você é tão estranha.

é como um conforto para eles saberem que existe alguém pior, por isso te mantém por perto.

comentam o quanto você é esquisita e descartável.


sua família apenas aprendeu a se acomodar com sua existência. estão acostumados e é óbvio que, por um tempo, sentirão saudades, mas é algo que passa.

não dá pra sofrer por algo inútil, IMPRESTÁVEL, sem utilidade.

alguém que não faz diferença alguma.


você ainda continua com essa falsa esperança de que o que está fazendo faz algum sentindo?

você ainda continua querendo levar tudo no automático, mas sabe que uma hora ou outra a verdade volta a sua mente.

a verdade que você não consegue sentir nada de bom.

a verdade que você não sabe o que e o porquê está fazendo o que faz.

a verdade sobre você não ter coragem o suficiente para ir embora.


esse incômodo que te pega e te faz lembrar o quão inútil e imbecil você é.

por que ainda está aqui?

por que continua mentindo pra si mesma?


não tem mais o que sentir.

nem ódio, nem rancor, nem brava você está mais consigo mesma.

só vazio.

não consegue sentir nada.


a noite você lembra que não fez planos.

a noite você percebe que continua sem querer estar aqui.

a noite você pensa no quanto tudo é uma grande perda de tempo.


quanto tempo mais vai levar até eu conseguir ir embora de vez?


sei que é egoísmo da minha parte, principalmente depois de ter uma ideia de como ficaram eles desde a última vez, mas e o que faço comigo?

o que é? como pode ser denominado esse sentimento de vazio misturado com exaustão e repulsa pela minha própria existência?


como continuo tentando me ignorar para poder ter mais um dia fingindo que não estou mais aqui.


me odiando tanto a ponto de escolher passar por tudo isso sóbria só para ter o gostinho de cada parte ruim que é ser alguém que não suporta o fato de estar viva.


alguém que não gosta de si mesma pode um dia se quer desejar não estar morta?

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