#projetodespertar

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sobre coisas que eu aprendi depois que passou a paixão e que todas as mulheres deveriam saber.

o encantamento da paixão, embora seja bom sentí-lo, nos cega de ver a verdade. e não tem Cristo que te faça mudar de ideia. por diversas vezes me avisaram sobre determinadas pessoas, mas eu estava apaixonada. não acreditei nelas. acreditava que o amor estava presente ali, mas amor é bem diferente de tudo.

eu sempre fui uma pessoa bem fechada e reservada, inclusive com namorados. quanto mais um homem (e sim, vou utilizar a palavra homem) sabe a seu respeito, mais manipulável você é. ainda mais se você não teve muitos amores na sua vida, será ainda mais fácil para ele se “fazer de homem dos sonhos”, afinal você não tem muito com o que comparar, certo? certo. você ainda não viveu o suficiente para saber distinguir o véu do encantamento que ele te joga todo santo dia versus o amor. digo mais uma vez, o amor é bem diferente.

ele vai te dizer que entre todas você é a mais linda, que você é a única e mais um monte de coisas - as quais vão te deixar hipnotizada e maravilhada, tudo porque quer te dizer aquilo que você e sua consciência querem ouvir. essa é a técnica infalível: massagear o ego. e a verdade (nua e crua) é que nada do que ele faz pra você hoje é único. ele já fez para outras as mesmíssimas coisas. ele te faz parecer especial, assim como todas se sentiram especiais antes de você. ou antes de descobrirem a verdade sobre as reais intenções dele.

pior ainda se ele faz parecer que todas as outras foram loucas e insuficientes. nada pior do que um cara que fala mal das namoradas anteriores. mas ele quer te exaltar, e por isso vai rebaixar outras mulheres. isso não é legal. mas você vai sentir um ar de superioridade e nossa, como eu sou capaz de fazê-lo tão feliz e satisfeito como ninguém! a sua sororidade vai cair por terra, mas não porque você não respeita as outras minas, e sim porque o encantamento mais uma vez te cegou. já foi assim comigo, e eu sei que isso acontece com várias outras.

ele não quer te perder. agora que ele sabe que você está sob encantamento, ele precisa de você ali para satisfazer os seus desejos, pra dizer que tem alguém e pra manter o ego inflado.

ele te fala coisas bonitas? ele me falou coisas maravilhosas que ninguém nunca havia falado. ele faz de tudo pra te manter satisfeita na cama? pois bem, ele se dobrava em oito para me manter feliz na cama, e conseguiu por várias vezes. ele te leva café da manhã na cama e cozinha pra você? te deixa escolher o que quer fazer? diz que quer fugir com você? que quer casar com você? nada disso é diferente do que ele já fez e do que faz. mas o encantamento faz parecer que sim. faz parecer que finalmente você encontrou alguém disposto a amar você, e exclusivamente você. e que está entregue totalmente. mas é tudo manipulação. é bem capaz que ele crie um afeto, afinal impossível sair imune de uma convivência. mas amor? amor não, amor é bem diferente.

a gente tem a mania de se agarrar no mínimo de apego só pra ter o que sentir. é inerente do ser humano, precisamos ser amados ou sentir que estamos sendo amados. por isso vamos nos agarrar em qualquer vestígio de apego. e essa é a causa de todo sofrimento, quando você acreditava no príncipe encantado e depois o véu do encantamento finalmente cai.

você é tratada como rainha? sim, para que pense duas vezes antes de desconfiar dele. você é tratada como rainha para que ele te tenha nas mãos. para que o perdão venha mais fácil nas horas difíceis. e para que, antes de tudo, você pense que a história que vivem é como um romance nos filmes.

ha-ha-ha.

é triste. é abusivo. e ninguém vê a abusividade quando disfarçada de “amor”.

quando alguém tentar te avisar, você vai julgar como inveja ou loucura, e se perguntar: por que alguém tão apaixonado estaria me enganando? impossível. justo ele que faz tudo por mim? diante de tudo que me diz e de todas as promessas feitas? ah não.

é o que eu digo. tratar como rainha e massagear o ego funciona como mágica e feitiçaria. se você nunca teve isso, piorou.

você vai acreditar que ele também é único, que não haverá outro “amor” assim. que ele faz você se sentir como nunca antes. minha avó dizia que te fazem de bobo até você entender a vida como ela é. aprendi com os mais sábios e os mais velhos todo o sentido. as pessoas te fazem de tola porque você ainda não viveu muito, ou simplesmente porque você já contou a elas tudo o que viveu e elas vão fazer um pouco melhor que isso, só pra fazer você ficar.

como dizia Descartes, “desconfiar de tudo era a única coisa no qual ele estava absolutamente certo”.

cuidem-se com esses caras. esses que fazem você perder o chão e a cabeça. tem sempre alguém lá fora, de coração enorme e bom, cheio de amor de verdade pra dar. tem sempre alguém que pode fazer muito, muito mais por você. não aceite desculpinhas, não aceite traições, não aceite menos do que você merece. esse encantamento que você acha que é amor vai doer só no começo, isso se chama desilusão, e é ocasionado pela destruição de um monte de coisa que você viu como “enorme”, mas existia só dentro da sua cabeça. e não foi sua culpa, te levaram a pensar assim. e quem fez isso, não merece você.

não mais. não agora. e nem nunca.

eu não teria te conhecido se você não quisesse. na verdade, tudo aconteceu porque você me encontrou. eu sempre vivi aqui, na minha órbita, muitas vezes sozinha mas sempre feliz. você me viu e pesou seu olhar sobre mim uns segundos a mais do que deveria. então numa noite quente você veio até mim. eu deixei, é claro.

você me perguntou várias coisas como quem estava com sede no deserto e encontrou um poço de água potável. como quem quisesse descobrir quem eu era no mundo, como se quisesse descobrir meu mundo todo. mas eu nunca fui um livro aberto e me tornei o seu desafio mais prazeroso. eu nunca fui de falar muito e isso te deixava louco porque você queria sempre mais. e por isso mesmo acabamos passando algumas horas a mais juntos, dia após dia. quem sabe você conseguiria mais de mim com mais tempo? era isso, não era?

perdi as contas das vezes em que reclamou do meu jeito recluso, esse de não deixar ninguém entrar facilmente, esse de não deixar ninguém ler minha mente. eu não te contava tudo e você sabia. isso te enlouquecia, eu via no olhar feroz que você lançava sobre mim sempre que eu me negava a iniciar alguma historia. eu desabrocho na escrita porque é seguro. porque eu sei até onde ir e quem pousará os olhos sobre ela. mas não estou acostumada a desabrochar para as pessoas.

eu sei que não será sempre assim, um dia eu vou sentar com alguém em um lugar qualquer, vou olhar nos seus olhos com firmeza e prepará-lo para ouvir toda a minha vida. como uma entrevista com um vampiro. e quando eu acabar, ele me olhará maravilhado com tudo o que escondi por décadas e então o deixarei. não posso viver lado a lado com quem sabe me ler dos pés à cabeça. a graça reside na curiosidade, em saber um pouco de mim lambendo meus dedos, me forçando contra a parede enquanto morre em meu pescoço ou na minha lombar, me comendo com os olhos e em cima do sofá, me surpreendendo pra entender minhas reações, e me deixando ir quando entender que eu sempre serei assim, uma criatura que vem do espaço e que vez ou outra um humano a conhece, e depois disso ela desaparece e vira lenda.

eu sou como uma lenda.

sinto vontade de dormir e não te ver em sonhos. esperando acordar em um mundo onde você não exista. onde as ruas não têm um passado, músicas não têm nenhum significado especial e as pessoas não perguntem sobre nós.

desejo acordar em um mundo sem estações, sem o calor ardente de janeiro e onde a névoa na janela não esteja contaminada com seu nome.

gostaria de acordar em um mundo onde o amor fosse aproveitado, onde o derramassem em copos de vinho e bebessem as melodias de loucura.


as pessoas deveriam saber que olhar nos olhos do outro e ser honesto, apesar de nem sempre ser fácil, é o gesto mais bonito que se pode fazer por alguém. quando tiver a oportunidade de ser honesto, seja. não fuja, não dê as costas e não vá embora sem dizer nada. sem dizer as suas verdades e sem ouvir as verdades do outro. a vida passa num sopro, como o vento, e é nesses detalhes que a deixamos escorrer pelos dedos como areia. depois disso você até pode ir embora sem dizer adeus. mas antes, só seja honesto.

eu lembro de quando você disse que meu sorriso te encantava. e eu achei aquilo esquisito porque eu não gosto do meu sorriso. mas você gostava. e quando você me levava café na cama costumava dizer que eu era linda pela manhã. e eu achava aquilo esquisito. não acreditava direito em você, por que como é que pode? eu me acho super estranha pela manhã, os olhos inchados e um pouco de olheira, boca inchada, cabelos desgrenhados e em pé. você também dizia que meus seios eram lindos. os mais lindos que você já tinha visto na vida e que eles deveriam ser usados como moldes. eu ria.

“você não entende?” você dizia pasmo e incrédulo que eu não acreditava muito em ti, “os seus seios são os mais lindos que eu já vi na vida. eles são perfeitos. deveriam ser usados como moldes. tudo tem simetria. você já percebeu a geometria do seu rosto? às vezes eu me perco prestando atenção nas diferentes formas dependendo do ângulo que você está olhando. parece que foi desenhado à mão. e tem essas pernas longas que eu adoro… quando te vi só com minha camiseta e essas pernas longas de fora, eu fiquei louco”.

e eu ria, ria, ria…

o nosso fim aconteceu de forma tão inesperada quanto um raio que cai do céu. quando eu vi já estávamos cada um de um lado da cidade agindo feito dois estranhos. naquela época eu não entendia e não queria que tivesse acabado do jeito que foi. tão injusto. e cruel.

mas hoje eu sei que não teríamos dado certo de qualquer maneira. as coisas acontecem quando precisam acontecer, e é só nisso que precisamos acreditar.

hoje eu vejo que eu estava tentando caber em um lugar muito pequeno pra mim. você não era pra mim.

eu não era pra você e eu quis acreditar que sim, por um tempo, porque minha teimosia é persistente.

eu nasci com vontade de abraçar o mundo. eu nasci com a fome de um universo que engole buracos negros inteiros e vomita estrelas. eu sou imensa. nem eu consigo caber em mim. como é que vou caber nos outros? você é pequeno pra mim.

você leva uma vida que hoje eu sei: não é a vida que eu sonhei. não é a vida para a qual eu nasci.

eu tenho o mundo aos meus pés. eu quero o mundo. eu quero ver tudo o que esses olhos podem ver. eu quero pisar em mais lugares do que meus pés podem conseguir. eu poderia viver pra sempre. eu tenho a fome de um ser imortal.

e é por isso que nunca teríamos dado certo de qualquer maneira.

a maior verdade de todas é que eu nunca te amei. eu amei uma versão de você que eu criei na minha cabeça. eu vivo a criar coisas fantásticas na minha cabeça, desde diálogos que nunca vão existir até os cenários mais lindos que deixariam hollywood no chinelo. a minha imaginação uma vez criou um universo inteiro, e lá é onde eu vivo na maior parte do tempo. eu amei uma versão de você que não existia, nunca existiu. eu amei a minha própria invenção.

e agora tem sido mais fácil te esquecer. nada dói se você não deixar. um criador pode destruir a sua criação. e ultimamente eu tenho visto beleza na destruição.

eu tive um sonho onde eu corria de você. corria tanto que eu mal respirava. foi bem no dia que eu decidi ir embora de você, pra sempre. e eu sei que pra sempre é uma mentira (quase sempre) mal contada, porque um dia a gente irá se esbarrar e o filme na minha cabeça vai voltar em câmera lenta. mas até lá, saiba que fui embora. saiba que a cada dia eu me esforço pra dar um passo maior que o último.

é incrível como alguém sempre erra comigo. e dessa vez foi você. e dessa vez o erro foi grotesco. e dessa vez você foi covarde. e dessa vez não teve a coragem de me olhar nos olhos e pedir perdão. ou sei lá. dizer qualquer coisa que fizesse tudo parecer menos pior.

e por isso mesmo, eu fui embora de você e doeu. e você não merece um pingo dessa dor, mas doeu. aprendi que partidas sempre irão doer, mesmo que a pessoa que você esteja deixando não mereça a sua permanência.

doeu porque eu senti muito. e não, eu não me arrependo. eu sou assim e sempre serei assim. amante dolorida. doeu porque tudo o que vivo é real. doeu porque dentro de mim reside a alma de um poeta de oitocentos anos.

e vai doer, até não doer mais. até o dia em que eu parar de correr e encontrar um horizonte vermelho alaranjado, iluminado pela luz do último sol de um verão qualquer.

eu vou me lembrar de você. como quem olha uma chaga e sabe muito bem como se feriu e porquê se feriu. mas não vai doer mais.

e quando esse dia chegar, você estará do outro lado do mundo, vivendo essas suas verdades e mentiras de garoto imaturo. ou não. talvez até lá você cresça metade do que eu cresci. talvez você seja feliz, verdadeiramente. do jeito que eu quis que fôssemos. ou talvez você estará do outro lado do mundo, sentado sozinho na sua cama, imaginando pra onde eu fui. tentando entender como eu recolhi todos os cacos depois da queda. pensando se vivo, se amo, se sou feliz. repassando na sua cabeça todas as nossas memórias, o meu sorriso tímido e todos os nosso diálogos. talvez você sinta a culpa pesar sobre os ombros quando perceber que eu sempre estive ali, na minha mais pura e honesta forma. talvez você chore ao se lembrar de todo o sofrimento que você causou a alguém que só queria o seu bem. talvez você sorria, porque eu sei que apesar de tudo, nós vivemos coisas muito bonitas. e pra ser sincera, eu espero que você sorria.

hoje eu não sei se te perdoo. enquanto corro, não dá pra pensar muito. enquanto cresço e amadureço às vezes te perdoo, noutro dia não sei. a cabeça vive embaralhada demais.

mas quando eu finalmente chegar no lado oposto da Terra ao seu, saiba que eu me lembrarei de você. e não sentirei um resquício de dor. e eu cantarei o perdão a você e a mim mesma aos quatro cantos da Terra. e será só eu comigo mesma. e eu serei completamente minha, e completamente feliz.

eu espero que você seja feliz também.

às vezes eu me pergunto, assim, mentalmente: o que levaste tu a me trair?

somos livres. poderias tu ter o que quiseres. bastava tu me deixares ir. bastava só uma palavra, um aviso. vou-me embora, tu terias me ouvido falar. com o coração pesado e triste, como quem carregarias uma mala pesada sozinha, mas vou-me embora. seja tu livre que eu serei livre também. fique tu com quem desejas, se ela te faz mais feliz pois que assim seja.

mas não, tu me deixaste na plateia. me fizestes assistir. por isso hoje não sei o que sinto. se me perguntares, oh, é tudo um grande nada no meu peito.

não sobrara nada. tu me fizestes triste. mas forte sempre fui, sei do valor que tenho. e só por isso, oh, só por isso não pulei do precipício. sou firme na queda. a vida nunca me foi fácil, homem.

às vezes eu te amaldiçoo, isso não se faz a ninguém não. não se faz não. ir embora sem nadas a dizer. ir embora e largar tuas imundices de traições e mentiras. tu não olhaste pra trás, tu não olhaste em meus olhos.

tu dizias estar apaixonado por mim, eu boba acreditei. tu fois covarde, isso que tu fois. te dei o melhor, pior de mim. tu me destes momentos tão felizes e por isso mesmo bateria em quem disseste que estavas a me trair.

mas estavas, não é? todo o tempo, todo o tempo.

vou-me embora. por isso vou-me embora. e por favor, não me procures mais, nunca mais. que de mim não sobrara nada, não pra você. não pra você.

Se algum dia soube me expressar em palavras, aconteceu há muito tempo atrás, pois já não me cabe saber falar sobre tantos sentimentos. Acabo pensando que cartas de suicídio pode conter mais sentimentos que algo que eu decida dizer ou escrever. Suponhamos que ainda eu saiba me expressar, quer dizer que entendo sobre o que sinto? Creio que não. Há muitos anos que não me permito debruçar sobre papéis e chorar versos ou até mesmo textos sentimentais ali. Espero que nesse momento, através dessa pequena resenha que fiz até aqui para desbloquear meus pensamentos e meu dom adormecido, algo faça sentido, porque faz algum tempo que nada mais é como antes.

- l, stefani.

eu parei de escrever sobre sentimentos,

porque me tornei alguém despreocupado com

essa forma de se expressar.

é tão triste pensar aonde viemos parar.

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