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Quando confrontados com um missionário Cristão, deve-se imediatamente apontar que a existência de Jesus não foi provada. Quando os missionários argumentam, usualmente apelam mais para as emoções do que para a razão, e tentarão que fiques embaraçado ao negares a historicidade de Jesus. A resposta habitual é qualquer coisa do gênero de “Negar a existência de Jesus não é tão tolo como negar a existência de Júlio César ou da Rainha Isabel?”. Uma variação popular desta resposta, usada especialmente contra os Judeus é “Negar a existência de Jesus não é como negar o Holocausto?”. Deve-se então apontar que há amplas fontes históricas a confirmar a existência de Júlio César, da Rainha Isabel ou de qualquer outro que for nomeado, enquanto que não existe evidência correspondente para Jesus.

Para se ser perfeitamente direto, deve-se ter tempo para fazer alguma investigação sobre as personagens históricas mencionadas pelos missionários e apresentar fortes evidências da sua existência. Ao mesmo tempo deve-se desafiar os missionários a mostrar evidência similar da existência de Jesus. Deve-se apontar que embora a existência de Júlio César ou da Rainha Isabel, etc. seja universalmente aceita, o mesmo já não acontece com Jesus. No Extremo Oriente, onde as maiores religiões são o Budismo, o Xintoísmo, o Taoísmo e o Confucionismo, Jesus é considerado como mais uma personagem da mitologia religiosa ocidental, a par com Thor, Zeus e Osíris. A maioria dos Hindus não acredita em Jesus, mas os que acreditam consideram que ele é uma das muitas encarnações do deus Hindu Vishnu. Os muçulmanos certamente acreditam em Jesus, mas rejeitam a história do Novo Testamento e consideram que ele foi um profeta que anunciou a vinda de Maomé. Eles negam explicitamente que ele tenha sido crucificado.

Em resumo, não há uma história de Jesus que seja uniformemente aceita pelo mundo inteiro. É este fato que põe Jesus num nível diferente para personalidades históricas estabelecidas. Se os missionários usarem o “argumento Holocausto”, deve-se apontar que o Holocausto está bem documentado e que existem numerosos relatos de testemunhas oculares. Deve-se apontar que a maior parte das pessoas que negam o Holocausto eram semeadores de ódio anti-semítico com credenciais fraudulentas. Por outro lado, milhões de gente honesta na Ásia, que fazem a maioria da população mundial, não conseguiram ser convencidos pela história Cristã de Jesus na medida que não há nenhuma evidência constrangedora da sua autenticidade. Os missionários insistirão que a história de Jesus é um fato bem estabelecido e irão argumentar que existem “bastantes evidências que comprovam isso”. Deve-se então insistir em ver essas evidências e recusar-se a ouvir enquanto eles não a apresentarem.

Se Jesus não foi um personagem histórico, de onde veio toda a história do Novo Testamento em primeiro lugar? O nome Hebreu para os Cristãos sempre foi Notzrim. Este nome é derivado da palavra hebraica neitzer, que significa broto ou rebento – um claro símbolo Messiânico. Já havia pessoas chamadas Notzrim no tempo do Rabbi Yehoshua ben Perachyah (c. 100 A.C.) Apesar de os modernos Cristãos afirmarem que o Cristianismo só começou no primeiro século depois de Cristo, é claro que os Cristãos do primeiro século em Israel se consideravam como sendo a continuação do movimento Notzri, que existia à cerca de 150 anos. Um dos mais notáveis Notzrim foi Yeishu ben Pandeira, também conhecido como Yeishu ha-Notzri. Os estudiosos do Talmude sempre mantiveram que a história de Jesus começou com Yeishu. O nome Hebreu para Jesus sempre foi Yeishu, e o Hebreu para “Jesus de Nazaré” sempre foi “Yeishu ha-Notzri” (o nome Yeishu é um diminutivo do nome Yeishua, e não de Yehoshua.) É importante notar que Yeishu ha-Notzri não é um Jesus histórico, uma vez que o Cristianismo moderno nega alguma conexão entre Jesus e Yeishu e, além do mais, partes do mito de Jesus são baseadas em outras personagens históricas além de Yeishu.

Sabemos pouco sobre Yeishu ha-Notzri. Todos os trabalhos modernos que o mencionam são baseados em informação retirada do Tosefta e do Baraitas – escritos feitos ao mesmo tempo do Mishna mas não contidos neste. Porque a informação histórica respeitante a Yeishu é tão danosa para o Cristianismo, muitos autores Cristãos (e também muitos Judeus) tentaram desacreditar esta informação e inventaram muitos argumentos engenhosos para a explicarem. Muitos dos seus argumentos são baseados em mal entendidos e citações errôneas do Baraitas, e para se ter uma imagem exata de Yeishu devem-se ignorar os autores Cristãos e examinar o Baraitas diretamente.

A insuficiente informação contida no Baraitas é a seguinte: o Rabi Yehoshua ben Perachyah, num dado momento, repeliu Yeishu. As pessoas pensavam que Yeishu era um feiticeiro, considerando que ele tinha levado os Judeus a desencaminharem-se. Como resultado de acusações feitas contra ele (os detalhes das quais não são conhecidos, mas provavelmente envolveriam alta traição), Yeishu foi apedrejado e o seu corpo foi pendurado na véspera da Passagem. Antes disto, ele foi exibido durante 40 dias com um arauto que ia à sua frente anunciando que ele iria ser apedrejado e chamando por gente para avançar e o defenderem. Todavia, nada foi trazido em seu favor. Yeishu tinha cinco discípulos: Mattai, Naqai, Neitzer, Buni e Todah.

No Tosefta e no Baraitas, o nome do pai de Yeishu é Pandeira ou Panteiri. Estes são formas Hebreu-Aramaicas de um nome Grego. Em Hebreu, a terceira consoante do nome é escrito quer com um dalet, quer com um tet. Comparando com outras palavras Gregas transliteradas para Hebreu mostra que o original Grego devia ter tido um delta como sua terceira consoante, e assim a única possibilidade para o nome Grego do pai é Panderos. Como os nomes Gregos eram comuns entre os Judeus durante a época dos Macabeus, não é necessário assumir que ele era Grego, como alguns autores fizeram.

A relação entre Yeishu e Jesus é corroborada pelo fato de que Mattai e Todah, os nomes de dois dos discípulos de Yeishu, serem as formas originais hebraicas de Mateus e Tadeu, nomes de dois dos discípulos de Jesus na mitologia Cristã.

Os primeiros Cristãos estavam também cientes do nome “ben Pandeira” para Jesus. O filósofo pagão Celso, que foi famoso pelos seus argumentos contra o Cristianismo, reivindicou em 178 d.C. que tinha ouvido a um Judeu que a mãe de Jesus, Maria, se tinha divorciado do seu marido, um carpinteiro, depois de se ter provado que ela era uma adúltera. Ela vagueou em vergonha e deu à luz Jesus em segredo. O seu verdadeiro pai era um soldado chamado Pantheras. De acordo com o escritor Cristão Epifânio (c. 315 – 403 d.C.), o apologista Cristão Origen (c. 185 – 254 d.C) tinha afirmado que “Panther” era o apelido de Jacob, o pai de José, o padrasto de Jesus. É de notar que a afirmação de Origen não é baseada em nenhuma informação histórica. É puramente uma conjectura cujo objetivo era explicar a história de Pantheras de Celso. Essa história é também não histórica. A reivindicação de que o nome da mãe de Jesus era Maria e a pretensão de que o seu marido era um carpinteiro é tirada diretamente das crenças Cristãs. A afirmação de que o pai verdadeiro de Jesus se chamava Pantheras é baseada numa tentativa incorreta de reconstruir a forma original de Pandeira. Esta reconstrução incorreta foi provavelmente influenciada pelo fato de o nome Pantheras ser encontrado entre os soldados Romanos.

Porque é que as pessoas acreditavam que a mãe de Jesus se chamava Maria e o seu marido se chamava José? Porque é que os não Cristãos acusavam Maria de ser uma adúltera enquanto que os Cristãos acreditavam que ela era virgem? Para responder a essas questões ter-se-á de examinar algumas das lendas à volta de Yeishu. Não se pode esperar obter a verdade absoluta sobre as origens do mito de Jesus, mas podemos mostrar que existem alternativas razoáveis para a aceitação cega do Novo Testamento.

O nome José para o nome do padrasto de Jesus é fácil de explicar. O movimento Notzri era particularmente popular entre os Judeus Samaritanos. Enquanto que os Fariseus estavam à espera de um Messias que seria um descendente de David, os Samaritanos queriam um Messias que viesse restaurar o reino nortenho de Israel. Os Samaritanos enfatizavam a sua descendência parcial das tribos de Efraim e Manassés, que descendiam do José da Tora. Os Samaritanos consideravam-se como sendo “Bnei Yoseph”, i.e., “filhos de José”, e como acreditavam que Jesus tinha sido o seu Messias, teriam assumido que era um “filho de José”. A população de língua Grega, que tinha pouco conhecimento de Hebreu e das verdadeiras tradições Judaicas, poderia facilmente ter mal entendido este termo e presumir que José era o nome verdadeiro do pai de Jesus. Esta conjectura é corroborada pelo fato que de acordo com o Evangelho segundo S. Mateus, o pai de José se chama Jacob, tal como o do José da Tora.

Mais tarde, outros Cristãos que seguiam a idéia de que o Messias seria um descendente de David, tentaram seguir o curso de José até David. Chegaram a duas genealogias contraditórias para ele, uma registrada no Evangelho segundo S. Mateus e a outra no Evangelho segundo S. Lucas. Quando a idéia de que Maria era virgem desenvolveu, o mítico José foi relegado para a posição de ser simplesmente o seu marido e o padrasto de Jesus.

Para se perceber de onde a história de Maria veio, teremos que nos virar para outra personagem histórica que contribuiu para o mito de Jesus, e que é ben Stada. Toda a informação que temos sobre ben Stada advém novamente do Tosefta e do Baraitas. Há ainda menos informação sobre ele do que sobre Yeishu. Algumas pessoas acreditavam que ele tinha trazido encantamentos do Egito num corte da sua carne, outros pensavam que ele era um louco. Ele era um trapaceiro e foi apanhado pelo método da testemunha escondida, sendo apedrejado em Lod.

No Tosefta, ben Stada é chamado ben Sotera ou ben Sitera. Sotera parece ser a forma Hebreu-Aramaica do nome Grego Soteros. As formas “Sitera” e “Stada” parecem ter surgido como más interpretações e erros de soletração ( yod substituindo vav e o dalet a substituir reish ).
Como havia tão pouca informação acerca de ben Stada, muitas conjecturas surgiram sobre quem ele era. É conhecido da Gemara que ele era confundido com Yeishu. Isto provavelmente resultou do fato de que ambos foram executados por ensinamentos traidores e estarem associados à feitiçaria. As pessoas que confundiam ben Stada com Yeishu tiveram que explicar o porquê dele também ser chamado ben Pandeira. Como o nome “Stada” se parece com a expressão aramaica “stat da”, que significa “ela desencaminhou-se”, pensou-se que “Stada” se referia à mãe de Yeishu e que ela era uma adúltera. Conseqüentemente, as pessoas começaram a pensar que Yeishu era o filho ilegítimo de Pandeira. Estas ideias são de fato mencionadas na Gemara e são provavelmente mais antigas.

Como ben Stada viveu nos tempos Romanos e o nome Pandeira se assemelhava com o nome Pantheras encontrado entre os soldados Romanos, assumiu-se que Pandeira tinha sido um soldado Romano estacionado em Israel. Isto certamente explica a história mencionada por Celso.

O Tosefta menciona um caso famoso de uma mulher chamada Miriam bat Bilgah que casou com um soldado Romano. A idéia de que Yeishu tinha nascido de uma mulher judia que tinha tido um caso com um soldado Romano provavelmente resultou da confusão entre a mãe de Yeishu e esta Míriam. O nome “Míriam” é, claro, a forma original do nome “Maria”. É de fato conhecido através do Gemara que algumas das pessoas que confundiam Yeishu com ben Stadta acreditavam que a mãe de Yeishu era “Míriam, a cabeleireira de mulheres”.

A história de que Maria (Míriam), mãe de Jesus, era uma adúltera, era certamente não aceitável para os primeiros Cristãos. A história da virgem que deu à luz foi provavelmente inventado para limpar o nome de Maria. Os primeiros Cristãos não inventaram isto do nada. Histórias de virgens que davam à luz eram comuns nos mitos pagãos. As seguintes personagens mitológicas eram tidas como nascidas de virgens fecundadas divinamente: Rómulo e Remo, Perseu, Zoroastro, Mitra, Osíris-Aion, Agdistis, Attis, Tammuz, Adónis, Korybas, Dioniso. As crenças pagãs em uniões entre deuses e mulheres, não considerando se elas eram virgens ou não, é ainda mais comum.

Acreditava-se que muitas personagens da mitologia pagã eram filhas de pais divinos e mães humanas. A crença Cristã de que Jesus era o filho de Deus nascido de uma virgem é típica de uma superstição Greco-Romana. O filósofo Judeu Phílon de Alexandria (c. 25 A.C. – 50 D.C.), avisou contra a superstição bastante espalhada da crença de uniões entre homens deuses e mulheres humanas que retornavam a mulher a um estado de virgindade. O deus Tammuz, adorado pelos pagãos no norte de Israel, era dado como nascido da virgem Myrrha.

O nome Myrrha assemelha-se superficialmente a “Maria/Míriam”, e é possível que esta particular história de uma virgem que deu à luz tenha influenciado a história de Maria mais que as outras. Tal como Jesus, Tammuz foi sempre chamado Adon, que significa “Senhor” (A personagem Adónis da mitologia Grega é baseada em Tammuz.) Como veremos mais tarde, a relação entre Jesus e Tammuz vai mais longe que isto.

A idéia de que Maria tinha sido uma adúltera nunca desapareceu completamente na mitologia Cristã. Em vez disso, a personagem de Maria foi dividida em duas: Maria, a mãe de Jesus, que se acreditava ser uma virgem, e Maria Magdalena, que se acreditava ser uma mulher de má fama. A idéia de que a personagem de Maria Madalena é também derivada de Míriam, a mítica mãe de Yeishu, é corroborado pelo fato de o estranho nome “Magdalena” se assemelhar claramente ao termo aramaico “mgadala nshaya”, que significa “cabeleireira de mulheres”. Como se mencionou anteriormente, acreditava-se que a mãe de Yeishu era “Míriam, a cabeleireira de mulheres”. Porque os Cristãos não sabiam o que o nome “Magdalena” significava, mais tarde conjecturaram que isso significava que ela tinha vindo de um lugar chamado Magdala, a oeste do lago Kinneret. A idéia das duas Marias assentava bem na forma pagã de pensamento. A imagem de Jesus sendo seguido pelas duas Marias lembra bastante Dioniso sendo seguido por Deméter e Perséfone.

A Gemara contém uma lenda interessante acerca de Yeishu, que tenta elucidar o Beraitas, que diz que o Rabi Yehoshua ben Perachyah repeliu Yeishu. A lenda afirma que quando o rei Asmoneu Alexandre Janeus estava a matar os Fariseus, o Rabi Yehoshua e Yeishu fugiram para o Egipto. Quando voltaram, chegaram a uma estalagem. A palavra aramaica “aksanya” tanto significa “estalagem” como “estalajadeiro(a)”. O Rabi Yehoshua observou o quão bela a “arksanya” era (referindo-se à estalagem.) Yeishu (referindo-se à estalajadeira) replicou que os olhos dela eram muito estreitos. O Rabi Yehoshua zangou-se bastante com Yeishu e excomungou-o. Yeishu pediu que o perdoasse muitas vezes, mas o Rabi Yehoshua não o perdoava. Uma vez, quando o Rabi Yehoshua estava a recitar a Shema, Yeihsu veio ter com ele. O Rabi fez-lhe um sinal de que devia esperar. Yeishu não entendeu e pensou que estava a ser rejeitado novamente. Ele zombou do Rabi Yehoshua fazendo um tijolo e adorando-o. O Rabi Yehoshua disse-lhe para ele se arrepender mas ele recusou, dizendo que tinha aprendido com ele que a alguém que peca e leva muitos a pecar não é dada a oportunidade de se arrepender.

Esta história, que começa com os eventos da estalagem, é bastante semelhante com outra lenda em que o protagonista não é o Rabi Yehoshua mas o seu discípulo Yehuda ben Tabbai. Nesta lenda, Yeishu não é nomeado. Pode-se então questionar se Yeishu foi realmente ao Egito ou não. É possível que Yeishu tenha sido confundido com algum outro discípulo do Rabi Yehoshua ou do Rabi Yehuda. A confusão pode ter resultado de Yeishu ser confundido com ben Stada, que tinha regressado do Egito. Por outro lado, Yeishu poderia ter mesmo fugido para o Egito e regressado, e isto, por seu turno, poderia ter contribuído para a confusão entre Yeishu e ben Stada. Qualquer que seja o caso, a crença que Yeishu tenha fugido para o Egipto para escapar à matança de um rei cruel parece ser a origem da crença Cristã de que Jesus e a sua família fugiram para o Egito para escapar ao Rei Herodes.

Como os primeiros Cristãos acreditavam que Jesus tinha vivido nos tempos Romanos é natural que tenham confundido o rei cruel que tinha querido matar Jesus com Herodes, pois não havia outros reis cruéis adequados durante o período Romano. Yeishu era adulto no tempo em que os Rabis fugiram de Alexandre Janeus; porque é que os Cristãos acreditavam que Jesus e a sua família tinham fugido para o Egito quando Jesus era infante? Porque é que os Cristãos acreditavam que o rei Herodes tinha ordenado que todos os bebês nascidos em Belém fossem mortos, quando não há evidência histórica disso? Para responder a estas questões temos novamente que recorrer à mitologia pagã.

O tema de uma criança divina ou semidivina que é temida por um rei cruel é muito comum na mitologia pagã. A história usual é que o rei cruel recebe uma profecia de que uma certa criança vai nascer e vai usurpar o trono. Em algumas histórias a criança é nascida de uma virgem e usualmente é filho de um deus. A mãe da criança tenta escondê-lo. O rei normalmente ordena a matança de todos os bebês que possam ser o profetizado rei. Exemplos de mitos que seguem este enredo são as histórias de nascimento de Rômulo e Remo, Perseu, Krishna, Zeus e Édipo. Apesar de os literalistas da Tora não gostarem de o admitir, a história do nascimento de Moisés também se assemelha à destes mitos (alguns dos quais afirmam que a mãe pôs a criança num cesto e o colocou num rio).

Existiam provavelmente várias histórias destas a circular no Levante que se perderam. O mito Cristão da matança dos inocentes por Herodes é simplesmente uma versão Cristã deste tema. O enredo era tão conhecido que um sábio Midrashic não resistiu a usá-lo para um relato apócrifa do nascimento de Abraão.

Os primeiros Cristãos acreditavam que o Messias iria nascer em Belém. Esta crença é baseada numa má interpretação de Miquéias_5.2, que simplesmente nomeia Belém como a cidade onde a linhagem Davidiana começou. Como os primeiros Cristãos acreditavam que Jesus era o Messias, eles automaticamente acreditaram que ele tinha nascido em Belém. Mas porque é que os Cristãos acreditavam que ele tinha vivido em Nazaré? A resposta é bem simples. Os primeiros Cristãos de língua Grega não sabiam o que a palavra “Nazareno” significava. A forma primitiva Grega desta palavra é “Nazoraios”, que deriva de “Natzoriya”, o equivalente aramaico do Hebreu “Notzri” (lembre-se que “Yeishu ha-Notzri” é o original Hebreu para “Jesus, o Nazareno”.) Os primeiros Cristãos conjecturaram que “Nazareno” significava uma pessoa de Nazaré, e assim assumiu-se que Jesus tinha vivido em Nazaré. Ainda hoje, os Cristãos alegremente confundem as palavras hebraicas “Notzri” (Nazareno, Cristão), “Natzrati” (Nazareno, natural de Nazaré) e “nazir” (nazarite), todas as quais têm significados completamente diferentes.

A informação no Talmude (que contém o Baraitas e o Gemara) acerca de Yeishu e ben Stada é tão danosa para o Cristianismo que os Cristãos sempre tomaram medidas drásticas contra ela. Quando os Cristãos primeiro descobriram a informação, tentaram imediatamente apagá-la censurando o Talmude. A edição de Basileia do Talmude (c. 1578 – 1580) tinha todas as passagens relacionadas com Yeishu e ben Stada apagadas pelos Cristãos. Ainda hoje, as edições do Talmude usadas pelos escolares Cristãos não têm estas passagens!

Durante as primeiras décadas deste século, ferozes batalhas acadêmicas irromperam violentamente entre escolares Cristãos e Ateus acerca das verdadeiras origens do Cristianismo. Os Cristãos foram forçados a enfrentarem a evidência Talmudica. Não podiam ignorar mais isso e assim, em vez disso, decidiram atacá-lo. Afirmaram que o Yeishu Talmudico era uma distorção do “Jesus histórico”. Afirmaram que o nome “Pandeira” era simplesmente uma tentativa hebraica para pronunciar a palavra Grega para virgem – “parthenos”. Apesar de haver uma parecença superficial entre as palavras, temos de notar que para “Pandeira” derivar de “parthenos”, o “n” e o “r” têm de trocar de posições. No entanto, os Judeus não sofriam de nenhum impedimento linguístico que causasse isto! A resposta Cristã é que possivelmente os Judeus alteram propositadamente a palavra “parthenos” para os nomes “Pantheras” (encontrado na história de Celso) ou para “pantheros”, que significa pantera, e “Pandeira” é derivado da palavra deliberadamente alterada. Este argumento também falha, pois a terceira consoante da palavra “parthenos” alterada e inalterada é theta. Esta letra é sempre transliterada pela letra hebraica taw, cuja pronunciação durante os tempos clássicos muito se assemelhava a essa letra Grega. Contudo, o nome “Pandeira” nunca é soletrado com um taw, mas com um dalet ou um tet, o que mostra que a forma original Grega tinha um delta como sua terceira consoante, e não um theta. O argumento Cristão pode-se também voltar contra si: talvez os Cristãos deliberadamente alterassem “Pantheras” para “parthenos” quando inventaram a história da virgem que deu à luz. Também é de notar que a semelhança entre “Pantheras” (ou “pantheros”) é muito menor quando escrita em Grego, pois na formação original Grega as suas segundas vogais são completamente diferentes.

Os Cristãos também não aceitaram que Maria Magdalena estivesse ligada a Miriam, a alegada mãe de Yeishu no Talmude. Eles argumentaram que o nome “Magdalena” significa uma pessoa de Magdala e que os Judeus inventaram “Miriam, a cabeleireira de mulheres” (mgdala nshaya) ou para zombar dos Cristãos, ou porque eles próprios se equivocaram quanto ao nome “Magdalena”. Este argumento também é falso. Primeiramente, ignora a gramática Grega: o Grego correto para “de Magdala” é “Magdales”, e o Grego correto para uma pessoa de Magdala é “Magdalaios”. A raiz Grega original para “Magdalena” é “Magdalen-”, com um “n” distinto mostrando que a palavra não tem nada a ver com Magdala. Em segundo lugar, Magdala só obteve o seu nome após os Evangelhos terem sido escritos. Antes disso era chamada Magadan ou Dalmanutha (apesar de “Magadan” ter um “n”, falta-lhe o “l”, e portanto não pode ser a derivação de “Magdalena”.) De fato, a comunidade Cristã alterou o nome para Magdala às ruínas desta área porque acreditavam que Maria Magdalena tinha vindo de lá.

Os Cristãos também afirmam que a palavra “Notzri” significa uma pessoa de Nazaré. Isto é, claro, falso, pois a palavra hebraica para Nazaré é “Natzrat” e uma pessoa de Nazaré é uma “Natzrati”. O nome “Notzri” não tem a letra taw de “Natzrat”, e assim não pode derivar daí. Os Cristãos argumentam que talvez o nome aramaico para Nazaré fosse “Natzarah” ou “Natzirah” (como o moderno nome árabe), o que explica o taw que falta em “Notzri”. Isto também não tem senso pois a palavra aramaica para alguém da Nazaré seria “Natzaratiya” ou “Natziratyia” (com um taw, pois a terminação feminina “-ah” tornar-se-ia “-at-” quando o sufixo “-yia” é adicionado), e além do mais, a forma aramaica não seria usada em Hebreu. Os Cristãos também apareceram com outros argumentos variados que podem ser desmascarados uma vez que eles confundem as palavras hebraicas “Notzri” e “nazir”, ou ignoram o fato de que “Notzri” é a primitiva forma da palavra “Nazareno”.

Para resumir, todos os argumentos Cristãos foram baseados em mudanças fonéticas e formas gramaticais impossíveis, e foram, conseqüentemente, desmistificadas. Além do mais, apesar das lendas na Gemara não possam ser tidas como fatos, a evidência no Baraitas e no Tosefta respeitante a Yeishu pode levar-nos atrás diretamente até Yehoshua ben Perachyah, Shimon ben Shetach e Yehuda ben Tabbai, enquanto que a evidência no Baraitas e no Tosefta respeitante a ben Stada leva-nos até ao Rabi Eliezer ben Hyrcanus e seus discípulos, que foram contemporâneos de ben Stada. Conseqüentemente, esta evidência pode ser encarada como historicamente certa. Por esta razão os Cristãos modernos não mais atacam o Talmude, mas em vez disso negam qualquer relação entre Jesus e Yeishu ou ben Stada. Eles desmistificam as similaridades como puras coincidências. No entanto, ainda tem de se estar atento aos falsos ataques contra o Talmude pois muitos livros Cristãos ainda os mencionam e podem ressurgir de tempos em tempos.

Muitas partes da história de Jesus não são baseadas em Yeishu ou ben Stada. A maior parte das denominações Cristãs afirma que Jesus nasceu a 25 de Dezembro. Originalmente, os Cristãos orientais acreditavam que ele tinha nascido a 6 de Janeiro. Os Cristãos armênios ainda seguem esta primitiva crença enquanto que muitos Cristãos consideram que essa é a data da visita dos Magos. Como já foi apontado anteriormente, Jesus foi provavelmente confundido com Tammuz, nascido da virgem Myrrha. Sabe-se que nos tempos Romanos os deuses Tammuz, Aion e Osíris eram identificados. Dizia-se que Osíris-Aion tinha nascido da virgem Geb a 6 de Janeiro, e isto explica a data primitiva para o Natal. Geb era, às vezes, representada como uma vaca sagrada e o seu templo era um estábulo, que é provavelmente a origem da crença Cristã de que Jesus nasceu num estábulo.

Embora alguns possam pensar que esta afirmação é forçada, é tido como um fato que algumas facções primitivas Cristãs consideravam Jesus e Osíris nos seus escritos. A data de 25 de Dezembro para o Natal era originalmente a data pagã do aniversário do deus sol, cujo dia da semana é ainda conhecido como Sun_day. O halo de luz que é usualmente mostrado à volta da face de Jesus e dos santos Cristãos é outro conceito tirado do deus sol.

O tema da tentação por uma criatura diabólica também é encontrado na mitologia pagã. A história da tentação de Jesus por Satã, em particular, parece-se com a tentação de Osíris pelo deus diabólico Set na mitologia egípcia. Já tínhamos sugerido que havia uma relação entre Jesus e o deus pagão Dioniso. Como Dioniso, o infante Jesus foi posto com fraldas e colocado numa manjedoura; como Dioniso, Jesus podia tornar água em vinho; como Dioniso, Jesus viajou de burro e deu de comer a uma multidão num ermo; como Dioniso, Jesus sofreu e foi objeto de escárnio. Alguns primitivos Cristãos afirmavam que Jesus tinha de fato nascido, não num estábulo, mas numa caverna – como Dioniso.

De onde é que a história de que Jesus foi crucificado veio? Parece ter resultado de várias origens. Em primeiro lugar, houve três personagens históricas durante o período Romano que as pessoas pensavam ser o Messias e que foram crucificadas pelos Romanos, a saber, Yehuda da Galileia (6 D.C.), Theudas (44 D.C.) e Benjamim, o Egípcio (60 D.C.). Dado que se pensava que estas três pessoas eram o Messias, elas foram naturalmente confundidas com Yeishu e ben Stada. Yehuda da Galileia tinha pregado na Galileia e tinha arranjado muitos seguidores antes de ser crucificado pelos Romanos. A história do ministério de Jesus na Galileia parece ter sido baseada na vida de Yehuda da Galileia. Esta história e a crença de que Jesus viveu em Nazaré na Galileia reforçaram-se mutuamente. A crença de que alguns dos discípulos de Jesus foram mortos em 44 D.C. por Agripa parece ser baseado no destino dos discípulos de Theuda. Dado que ben Stada tinha vindo do Egito é natural que ele tenha sido confundido com Benjamim, o Egípcio. Eles foram também, provavelmente, contemporâneos. Alguns escritores modernos até sugeriram que eles foram a mesma pessoa, apesar disso não ser possível pois as histórias das suas mortes são completamente diferentes. Nos Atos dos Apóstolos do Novo Testamento, que usa o livro de Flávio Josefo “Antiguidades Judaicas” (93 – 94 D.C.) como referência, é deixado claro que o autor considerou Jesus, Yehuda da Galileia, Theudas e Benjamim, o Egípcio como quatro pessoas diferentes. No entanto, naquela altura já era muito tarde para anular as confusões que já tinham acontecido antes do Novo Testamento ter sido escrito, e a idéia da crucificação de Jesus tinha-se tornado uma parte integral do mito.

Em segundo lugar, surgiu a idéia de que Jesus tinha sido executado na véspera da Passagem. Esta crença é aparentemente baseada na execução de Yeishu. A Passagem ocorre quando do Equinócio da Primavera, um evento considerado importante pelos astrólogos durante o Império Romano. Os astrólogos pensavam nesta época como a época do cruzamento de dois círculos celestes astrológicos, e este evento era simbolizado por uma cruz. Deste modo, acreditava-se que Jesus tinha morrido “na cruz”. O mau entendimento deste termo por aqueles que não eram iniciados nos cultos astrológicos foi outro fator que contribuiu para a crença de que Jesus tenha sido crucificado. Num dos primeiros documentos Cristãos (os “Ensinamento dos Doze Apóstolos”), não há menção de Jesus ter sido crucificado, e o sinal de uma cruz no céu é usado para representar a chegada de Jesus. É de notar que o centro da superstição astrológica no Império Romano foi a cidade de Tarso na Ásia Menor – o lugar de onde o lendário missionário S. Paulo veio. A idéia de que uma estrela especial tenha anunciado o nascimento de Jesus e que um eclipse solar tenha ocorrido na sua morte é típica da superstição astrológica Tarsiana.

O terceiro fator que contribuiu para a história da crucificação é, outra vez, a mitologia pagã. O tema de uma divindade ou semi-divindade sendo sacrificada contra uma árvore, poste ou cruz, e depois ressuscitando, é muito comum na mitologia pagã. Foi encontrado nas mitologias de todas as civilizações ocidentais, estendendo-se desde um extremo oeste como a Irlanda até um extremo este como a Índia. Em particular, é encontrado nas mitologias de Osíris e Attis, ambos os quais eram muitas vezes identificados com Tammuz. Osíris acabou com os seus braços esticados numa árvore tal como Jesus na cruz. Esta árvore era, às vezes, mostrada como um poste com dois braços esticados – o mesmo aspecto da cruz Cristã. Na adoração de Serapis (uma composição de Osíris e Apis), a cruz era um símbolo religioso. De fato, o símbolo da “cruz Latina” Cristã parece ser baseado diretamente no símbolo da cruz de Osíris e Serapis. Os Romanos nunca usaram esta cruz tradicional Cristã para as crucificações, eles usavam cruzes com a forma de um X ou de um T. O hieróglifo de uma cruz numa colina era associada a Osíris. Este hieróglifo representava o “Good One”, em Grego “Chrestos”, um nome aplicado a Osíris e outros deuses pagãos. A confusão deste nome com “Christos” (= Messias, Cristo) reforçou a confusão entre Jesus e os deuses pagãos.

No equinócio da Primavera, os pagãos do norte de Israel celebravam a morte e ressurreição de Tammuz-Osíris, nascido de uma virgem. Na Ásia Menor (onde as primeiras igrejas Cristãs se estabeleceram), uma celebração similar era feita para Attis, também nascido de uma virgem. Attis era mostrado como morrendo contra uma árvore, sendo enterrado numa gruta e depois ressuscitando ao terceiro dia. Agora se vê de onde a história da ressurreição de Jesus veio. Na adoração de Baal, acreditava-se que Baal tinha enganado Mavet (o deus da morte) quando do equinócio da Primavera. Ele fez-se passar por morto e depois apareceu vivo. Ele teve sucesso neste ardil dando o seu único filho como sacrifício.

A ocorrência da Passagem na mesma época do ano que as “Páscoas” pagãs não é coincidência. Muitos dos costumes da Pessach foram designados como alternativas Judaicas aos costumes pagãos. Os pagãos acreditavam que quando o seu deus da natureza (como Tammuz, Osíris ou Attis) morria e ressuscitava, a sua vida ia para as plantas usadas pelo homem como comida. O matza feito da colheita da Primavera era o seu novo corpo e o vinho das uvas era o seu novo sangue. No Judaísmo, o matza não era usado para representar o corpo de um deus, mas o pão de homem pobre que os Judeus comeram antes de saírem do Egito. Os pagãos usavam o sacrifício pascal para representar o sacrifício de um deus ou do seu filho único, mas o Judaísmo usou-o para representar a refeição comida antes de saírem do Egito. Em vez de contarem histórias de Baal a sacrificar o seu filho varão a Mavet, os Judeus contavam como o mal'ach ha-mavet (o anjo da morte) matou os filhos varões dos Egípcios. Os pagãos comiam ovos para representar a ressurreição e renascimento do seu deus da natureza, mas o ovo no seder representa o renascimento do povo Judeu ao escapar do cativeiro no Egito. Quando os primeiros Cristãos se deram conta das similaridades entre os costumes da Pessach e os costumes pagãos, eles deram a volta completa e converteram os costumes da Pessach de volta às suas velhas interpretações pagãs. A seder tornou-se a última ceia de Jesus, similar à última ceia de Osíris, comemorada no equinócio da Primavera. O matza e o vinho tornaram-se novamente no corpo e sangue de um falso deus, desta vez Jesus. Os ovos da Páscoa são novamente comidos para comemorar a ressurreição de um “deus” e também o “renascimento” obtido pela aceitação do seu sacrifício na cruz.

O mito da última ceia é particularmente interessante. Como foi mencionado, a idéia básica da última ceia ocorrer no equinócio vernal vem da história da última ceia de Osíris. Na história Cristã, Jesus está presente com doze apóstolos. De onde é que a história dos doze apóstolos veio? Parece que na primeira versão a história era entendida como uma alegoria. A primeira vez que doze apóstolos são mencionados é no documento conhecido como “Ensinamentos dos Doze Apóstolos”. Este documento aparentemente teve origem num documento sectário Judeu escrito no primeiro século D.C., mas foi adaptado pelos Cristãos, que o alteraram substancialmente e adicionaram-lhe idéias Cristãs. Nas primeiras versões é claro que os “doze apóstolos” são os doze filhos de Jacob representando as doze tribos de Israel. Os Cristãos, mais tarde, consideraram os “doze apóstolos” como sendo alegóricos discípulos de Jesus.

Na mitologia egípcia, Osíris foi traído na sua última ceia pelo deus diabólico Set, que os Gregos identificavam como Typhon. Esta parece ser a origem da idéia de que o traidor de Jesus estava presente na sua última ceia. A idéia de que este traidor se chamava “Judas” vem do tempo em que os doze apóstolos eram ainda entendidos como sendo os filhos de Jacob. A idéia de Judas (= Judah, Yehuda) traindo Jesus (o “filho” de José) é uma forte reminiscência da história do José da Tora sendo traído pelos seus irmãos com Yehuda como líder da traição. Esta alegoria seria particularmente apelativa para os Samaritanos Notzrim, que se consideravam filhos de José, traídos pelos Judeus ortodoxos (representados por Judas/Yehuda.)

No entanto, a história dos doze apóstolos perdeu a sua interpretação alegórica original, e os Cristãos começaram a pensar que os “doze apóstolos” eram doze pessoas reais que seguiram Jesus. Os Cristãos tentaram encontrar nomes para estes doze apóstolos. Mateus e Tadeu foram baseados em Mattai e Todah, dois dos discípulos de Yeishu. Um ou os dois apóstolos chamados Jacobus (Tiago) é possivelmente baseado no Jacob de Kfar Sekanya, um primitivo Cristão conhecido do rabi Eliezer ben Hyrcanus, mas isto é apenas uma suposição. Como já vimos, a personagem de Judas é majoritariamente baseado no Judah da Tora, mas poderá haver também uma ligação com um contemporâneo de Yeishu, Yehuda ben Tabbai, o discípulo do Rabi Yehoshua ben Perachyah. Como já foi mencionado, a idéia do traidor na última ceia é derivada da mitologia de Osíris, que foi traído por Set-Typhon. Set-Typhon tinha cabelo ruivo, e esta é provavelmente a origem da afirmação de que Judas tinha o cabelo ruivo. Esta idéia levou ao retrato estereotipo Cristão de que os Judeus têm cabelo ruivo, não obstante o fato de que, na realidade, o cabelo ruivo é de longe mais comum entre Arianos do que entre Judeus.

O apelido “Iscariotes” é muitas vezes atribuído a Judas. Em algumas partes onde os Novos Testamentos Ingleses têm “Iscariotes”, o texto Grego realmente tem “apo Kariotou”, que significa “de Karyot”. Karyot era o nome de uma cidade em Israel, provavelmente o moderno lugar conhecido em árabe como Karyatein. Portanto, vê-se que o nome Iscariotes é derivado do Hebreu “ish Karyot”, que significa “homem de Karyot”. Isto é, com efeito, a compreensão aceita hoje em dia, pelos Cristãos, do nome. No entanto, no passado, os Cristãos entendiam mal este nome, e nasceram lendas de que Judas era da cidade de Sychar, que ele era um membro do partido extremista conhecido como Sicarii, e que ele era da tribo de Issacar. O mais interessante mal entendimento do nome é a sua primitiva confusão com a palavra scortea, que significa uma bolsa de couro. Isto levou ao mito do Novo Testamento de que Judas carregava uma tal bolsa, o que por sua vez levou à crença de que ele era o tesoureiro dos apóstolos.

O apóstolo Pedro parece ser uma personagem largamente ficcional. De acordo com a mitologia Cristã, Jesus escolheu-o para ser o “guardião das chaves do reino dos céus”. Isto é claramente baseado na divindade pagã egípcia Petra, que era o porteiro do céu e da vida após a morte, governados por Osíris. Temos também de duvidar da história de Lucas “o médico”, que era suposto ser amigo de Paulo. O original Grego para Lucas é Lycos, que era um outro nome para Apolo, o deus da cura.

João Baptista é largamente baseado numa personagem histórica que praticava imersão ritual na água como um símbolo físico de arrependimento. Ele não realizava batismos sacramentais ao estilo Cristão para purificar as almas das pessoas – tal idéia era totalmente estranha ao Judaísmo. Ele foi condenado à morte por Herodes Antipas, que temeu que ele estivesse prestes a começar uma rebelião. O nome de João em Grego era “Ioannes”, e em latim “Johannes”. Apesar de estes nomes serem usualmente usados para o nome Hebreu Yochanan, é improvável que este tenha sido o verdadeiro nome Hebreu de João. “Ioannes” assemelha-se a “Oannes”, o nome Grego para o deus pagão Ea. Oannes era o “Deus da Casa de Água”. Batismos sacramentais para purificação mágica das almas era uma prática que aparentemente originou a adoração de Oannes. A mais provável explicação do nome de João e a sua relação com Oannes é a de que João provavelmente ostentou o apelido “Oannes”, dado que ele praticava o batismo, que tinha adaptado do culto de Oannes. O nome “Oannes” foi mais tarde confundido com “Ioannes” (de fato, a lenda do Novo Testamento que diz respeito a João providencia uma pista de que o seu verdadeiro nome talvez tenha sido Zacarias). É sabido, dos escritos de Flávio Josefo, que o João histórico rejeitou a interpretação pagã do batismo como “purificação de almas”. Os Cristãos, no entanto, voltaram a esta interpretação pagã original.

O deus Oannes era associado com a constelação do Capricórnio. Tanto Oannes como a constelação do Capricórnio eram associados com a água (a constelação é suposto representar uma mítica criatura marítima com o corpo de peixe e as partes dianteiras de um bode.) Já vimos que a Jesus é dado a mesma data de nascimento do deus sol (25 de Dezembro), quando o sol está na constelação de Capricórnio. Os pagãos pensavam deste período como um onde o deus sol imerge nas águas de Oannes e emerge renascido (o Solstício de Inverno, quando os dias começam a ficar maiores, ocorre perto de 25 de Dezembro.) Este mito astrológico é aparentemente a origem da história de que Jesus foi batizado por João. Provavelmente começou como uma história astrológica alegórica, mas parece que o deus Oannes mais tarde foi confundido com a personagem histórica de apelido Oannes (João).

A crença de que Jesus tinha conhecido João contribuiu para a crença de que a pregação e crucificação de Jesus tenha ocorrido quando Pôncio Pilatos era procurador da Judéia. É de notar que muitas das datas para Jesus citadas pelos Cristãos são completamente absurdas. Jesus foi em parte baseado em Yeishu e ben Stada, que provavelmente viveram com mais de um século de diferença. Ele foi também baseado nos três falsos Messias, Yehuda, Theudas e Benjamim, que foram crucificados pelos Romanos em várias épocas diferentes. Outro fato que contribuiu para a datação confusa de Jesus foi que Jacob de Kfar Sekanya e provavelmente também outros Notzrim usavam expressões como “assim fui ensinado por Yeishu ha-Notzri”, apesar dele não ter sido ensinado por Yeishu em pessoa. Sabemos da Gemara que o testemunho de Jacob levou o Rabi Eliezer ben Hyrcanus a incorretamente concluir que Jacob era um discípulo de Yeishu. Isto sugere que havia rabis que não sabiam que Yeishu tinha vivido nos tempos Asmoneus. Mesmo depois dos Cristãos situarem Jesus no primeiro século D.C., a confusão continuou entre os não-Cristãos. Houve um contemporâneo do Rabi Akiva chamado Pappus ben Yehuda que costumava trancar a sua esposa infiel. Sabemos da Gemara que algumas pessoas que confundiam Yeishu e ben Stada confundiam a mulher de Pappus com Míriam, a infiel esposa de Yeishu. Isto iria situar Yeishu mais de dois séculos depois do que ele atualmente viveu!

A história do Novo Testamento confunde tantos períodos históricos que não há maneira de a reconciliar com a História. O ano tradicional do nascimento de Jesus é 1 D.C. Era suposto Jesus não ter mais de dois anos de idade quando Herodes ordenou a matança dos inocentes. No entanto, Herodes morreu antes de 12 de Abril do ano 4 A.C.. Isto levou alguns Cristãos a redatarem o nascimento de Jesus entre 6 – 4 A.C.. No entanto, Jesus era também suposto ter nascido durante o censos de Quirinius. Este censos teve lugar depois de Arquelau ter sido deposto em 6 D.C., dez anos depois da morte de Herodes. Era suposto Jesus ter sido batizado por João logo depois de João ter começado a batizar e a pregar, no décimo quinto ano do reinado de Tibério, i.e., 28 – 29 D.C., quando Pôncio Pilatos foi governador da Judeia, i.e., 26 – 36 D.C. De acordo com o Novo Testamento, isto também aconteceu quando Lysanias foi tetrarca de Abilene e Anás e Caifás eram sumos sacerdotes. Mas Lysanias governou Abilene de c. 40 A.C. até ser executado em 36 A.C. por Marco António, cerca de 60 anos antes da data para Tibério, e cerca de 30 anos antes do suposto nascimento de Jesus! Além do mais, nunca houve dois sumos sacerdotes juntos, em particular, Anás não foi sumo sacerdote juntamente com Caifás. Anás foi retirado do ofício de sumo sacerdote em 15 D.C., depois de deter o ofício por alguns nove anos. Caifás só se tornou sumo sacerdote em 18 D.C., cerca de três anos depois de Anás (ele deteve este ofício durante cerca de 18 anos, e assim as suas datas são consistentes com Tibério e Pôncio Pilatos, mas não com Anás ou Lysanias.) Apesar dos Atos dos Apóstolos apresentarem Yehuda da Galileia, Theudas e Jesus como três pessoas diferentes, situa incorretamente Theudas (crucificado no ano 44 D.C.) antes de Yehuda, que menciona corretamente como tendo sido crucificado durante o censo (6 D.C.) Muitos destes absurdos cronológicos parecem ser baseados em leituras mal interpretadas e mal entendimentos do livro de Flávio Josefo “Antiguidades Judaicas”, que foi usado como referência pelo autor do Evangelho segundo S. Lucas e dos Atos dos Apóstolos.

A história do julgamento de Jesus é também altamente suspeita. Tenta claramente aplacar os Romanos enquanto difama os Judeus. O Pôncio Pilatos histórico era arrogante e déspota. Ele odiava os Judeus e nunca delegou nenhuma autoridade neles. No entanto, na mitologia Cristã, ele é retratado como um governante preocupado que se distancia das acusações contra Jesus e que foi forçado a obedecer às pretensões dos Judeus. De acordo com a mitologia Cristã, em cada Passagem os Judeus pediriam a Pilatos para libertar um qualquer criminoso que eles escolhessem. Isto é, claro, uma mentira espalhafatosa. Os Judeus nunca tiveram o costume de libertar criminosos culpados na Passagem ou em qualquer outra época do ano. De acordo com o mito, Pilatos deu aos Judeus a chance de libertar Jesus, o Cristo, ou um assassino chamado Jesus Barrabás. Os Judeus são supostos ter entusiasticamente escolhido Jesus Barrabás. Esta história é uma malévola mentira anti-semita, uma das muitas mentiras semelhantes encontradas no Novo Testamento (majoritariamente escrito por anti-semitas.) O que é particularmente odioso nesta história sem sentido é que é aparentemente uma distorção de uma história mais antiga que clamava que os Judeus tinham pedido para Jesus Cristo ser liberto. O nome “Barrabás” é simplesmente a forma Grega do Aramaico “bar Abba”, que significa “filho do Pai”. Assim, “Jesus Barrabás” originalmente significava “Jesus o filho do Pai”, em outras palavras o usual Jesus Cristão. Quando a história antiga clamava que os Judeus queriam que Jesus Barrabás fosse solto, estava a referir-se ao Jesus usual. Alguém distorceu a história afirmando que Jesus Barrabás era uma pessoa diferente de Jesus Cristo e isto enganou os Cristãos Romanos e Gregos, que não sabiam o significado do nome “Barrabás”.

Finalmente, a afirmação de que o Jesus ressurreto apareceu aos seus discípulos é também baseada em superstições pagãs. Na mitologia Romana, Rômulo, nascido de uma virgem, apareceu ao seu amigo na estrada antes de ser levado para o céu (o tema de ser levado para o céu é encontrado em grande número de mitos e lendas pagãs, e até em histórias Judaicas.) Foi afirmado que Apolônio de Tyana também tinha aparecido aos seus discípulos depois de ter ressuscitado. É interessante de notar que o Apolônio histórico nasceu mais ou menos ao mesmo tempo que o mítico Jesus era suposto ter nascido. Em lendas, as pessoas afirmavam que ele tinha executado muitos milagres, que eram idênticos àqueles atribuídos a Jesus, tal como exorcismos de demônios e o de trazer novamente a vida a uma rapariga morta.

Quando confrontados com missionários Cristãos, deve-se apontar tanta informação quanta for possível acerca das origens do Cristianismo e do mito de Jesus. Quase nunca os irás conseguir convencer de que o Cristianismo é uma falsa religião. Não poderás provar para além de todas as dúvidas de que a história de Jesus surgiu da maneira que nós afirmamos, uma vez que muita da evidência é circunstancial. De fato, não podemos ter a certeza da origem precisa de muitos pontos particulares da história de Jesus. Isto não interessa. O que é importante é que tu próprio compreendas que existem alternativas lógicas à crença cega nos mitos Cristãos e que pode ser lançada uma dúvida racional sobre a narrativa do Novo Testamento.

“Acreditar num deus cruel, faz um homem cruel.” - Thomas Paine 

  • Prefácio

 Há cerca de 2000 anos, nascia na Galiléia um fundador de seita, que acabaria crucificado uns trinta anos mais tarde. Algumas de suas últimas palavras na cruz foram “Dêem-me de beber”. E só. A seita que ele tinha fundado tornar-se-ia, com o passar dos anos, a maior de todos os tempos. Ela tomará o poder político dentro do Império Romano, abolirá a liberdade de religião, depois ajuntará montanhas de cadáveres: os seus membros massacrarão milhões de “infiéis”, “hereges”, “feiticeiras” e outros, depois se matarão entre eles próprios, levando a Europa às guerras mais ferozes que ela conheceu. Um passado destes poderia incitar à modéstia, mas os cristãos reivindicam, pelo contrário, o monopólio da ética. Proclamam que adoram o Deus único, que deus é “amor”, e se consideram melhores que o resto da humanidade.

Única ideologia capaz de dividir com o comunismo e o nazismo o pódio dedicado às ideologias mais mortíferas da história humana, o cristianismo mantém-se uma ideologia dominante em muitos países ocidentais, como o “gendarme do mundo”, os EUA. Chegou a hora de abrir o “Livro Negro do Cristianismo: 2000 anos de terror, perseguições e repressão”, que resume algumas das piores atrocidades cometidas em nome dessa ideologia que pretende promover o amor ao próximo.

  • Ano um

 "Os deuses não estavam mais, e Deus não estava ainda.“
O Império Romano garantia a liberdade de culto. O ateísmo e a razão dominavam. É nessa época que nasce um sujeito que, segundo dizem certos judeus, perdeu o juízo porque leu o Tora demasiadamente jovem. Ele funda uma seita que visa proibir o culto dos outros deuses, exceto o seu. O sujeito é finalmente morto, mas a seita se expande com o êxito que se conhece.

O culto da personalidade do fundador da seita atinge, nos cristãos, um nível que mesmo o estalinismo não conseguirá igualar: o fundador é proclamado "verdadeiro homem e verdadeiro Deus”, (“Deus-Homem”, em linguagem comum). Os que duvidam disso são proclamados imediatamente hereges, e sofrerão mais tarde os raios da Inquisição. A partir do século IV da nossa era, começará o assassinato dos não-crentes pelos cristãos.

  • Anos 50-70

 A seita cristã se desenvolve. Textos gregos, escritos por membros da seita fora da Palestina (“Os evangelhos”) relatam a vida do fundador: nascido duma virgem, que se manterá virgem mesmo tendo vários outros filhos, ele terá sarado doentes, mas também amaldiçoa uma figueira que fica instantaneamente seca, e fará precipitar num lago centenas de porcos que lhe não pertenciam. Este personagem, que defende os pobres mas também afirma que “aqueles que têm tudo serão louvados, e àqueles que nada têm, o pouco que têm ser-lhe-á retirado”, um pouco patético quando amaldiçoa uma figueira ou se deixa crucificar, é declarado a incarnação do “Deus único”. O fato de, segundo os evangelhos “canônicos”, as suas últimas palavras sobre a cruz terem sido “Dai-me de beber” não parece perturbar os adeptos da seita, que se expande por todo o Império.

A intolerância religiosa dos cristãos, que visam abertamente, desde o início, impor uma interdição aos cultos de deuses que não o seu, o qual eles insistem ser o “único Deus”, começa logo a atrair a atenção da justiça romana, que defende a liberdade de culto, a qual é um dos pilares dessa sociedade complexa e multicultural que é o Império Romano dos primeiros séculos da nossa era. A propaganda cristã inverte habilmente a situação. Os condenados pela justiça romana são declarados “mártires” e os seus restos são venerados nas igrejas, inventando-se a lenda de eles terem sido executados por terem “recusado a renegar a fé”, desculpa essa bem melhor do que a verdade nua, que mostra que foram condenados por desordem e imposição da intolerância religiosa na sociedade multicultural.

  • Ano 312

 Tomada do poder pelos cristãos. No fim duma guerra civil, Constantino toma o poder. Pouco depois ele se converte oficialmente ao cristianismo, e “autoriza”, num primeiro tempo, o culto do deus único cristão, pelo Édito de Milão: é o início da perseguição religiosa na Europa. Pouco a pouco o culto dos outros deuses, exceto o deus cristão, vai sendo proibido. Os santuários clássicos serão destruídos ou transformados em igrejas cristãs. No fim do século IV, não haverá mais nenhum templo pagão em toda a bacia do Mediterrâneo.

  • Ano de 380

 O imperador Teodósio proclama oficialmente o Cristianismo a única “Religião de Estado”. Mas ainda será necessário esperar mais 12 anos para que todos os outros cultos sejam definitivamente proibidos.

  • Ano de 389

 Teófilo, hoje Santo Teófilo, é nomeado patriarca de Alexandria e inicia imediatamente uma violenta campanha de destruição de todos os templos e santuários não-cristãos. Tem o apoio do pio imperador Teodósio. Deve-se a Teófilo a destruição, em Alexandria, dos templos de Mitríade e de Dionísio. Essa loucura destruidora culmina em 391 com a destruição do templo de Serapis e da sua biblioteca. As pedras dos santuários destruídos serão usadas para edificar igrejas para a nova religião única, a cristã.

Em seguida e para demonstrar que ele é capaz de perseguir também cristãos (na medida em que eles não sejam 100% ortodoxos), Teófilo comanda pessoalmente as tropas que atacam e destroem os mosteiros que aderiram às idéias de Orígeno, um teólogo cristão que foi declarado herege porque afirmava que deus era puramente imaterial.

Teófilo, hoje Santo Teófilo, é nomeado patriarca de Alexandria e inicia imediatamente uma violenta campanha de destruição de todos os templos e santuários não-cristãos. Tem o apoio do pio imperador Teodósio. Deve-se a Teófilo a destruição, em Alexandria, dos templos de Mitríade e de Dionísio. Essa loucura destruidora culmina em 391 com a destruição do templo de Serapis e da sua biblioteca. As pedras dos santuários destruídos serão usadas para edificar igrejas para a nova religião única, a cristã.

Em seguida e para demonstrar que ele é capaz de perseguir também cristãos (na medida em que eles não sejam 100% ortodoxos), Teófilo comanda pessoalmente as tropas que atacam e destroem os mosteiros que aderiram às idéias de Orígeno, um teólogo cristão que foi declarado herege porque afirmava que deus era puramente imaterial.

Pela primeira vez, um chefe cristão dita a um imperador, a política a ser seguida: Santo Ambrósio de Milão, levanta-se em plena catedral, e com o sentido de caridade tão particular aos cristãos, impõe que o imperador anule a ordem que dera ao bispo de Calinicum, sobre o Eufrates, para que reconstruísse uma sinagoga que ele e a sua congregação tinham destruído. A igreja toma partido assim, desde o princípio, dos incendiários de sinagogas, posição que continuará a manter até ao ano de 1940.

  • Início dos anos 390

 O piedoso imperador cristão Teodósio interdita progressivamente todos os cultos não cristãos. Pouco a pouco, os templos não cristãos são fechados ao culto, as procissões “pagãs” são proibidas. Esta supressão da liberdade de religião, em proveito exclusivo do cristianismo, causa por vezes revoltas, como a de 408, em Calama, na Numídia. É nessa época que acontecem na Germânia as primeiras execuções de hereges, uma bela tradição que a igreja desenvolverá com a Inquisição e a perpetuará até 1826.

  •  Ano de 391

Uma multidão de cristãos, guiados por Santo Atanásio e Santo Teófilo, deitam abaixo o templo e a enorme estátua de Serapis, em Alexandria, duas obras-primas da antigüidade. A coleção de literatura do templo também é igualmente destruída.

  • Ano de 412

Cirilo, hoje Santo Cirilo, doutor da Igreja, é nomeado bispo de Alexandria e sucede a seu tio Teófilo. Excita os sentimentos anti-semitas difundidos entre os cristãos da cidade e, à frente duma multidão de cristãos, incendeia as sinagogas da cidade e faz fugir os judeus. Em seguida encoraja os cristãos a tomar os bens dos fugitivos, deixados para trás.

  • Ano de 415

Hepatia, a última grande matemática da Escola de Alexandria, filha de Theon de Alexandria, é assassinada por uma multidão de monges cristãos, incitados por Cirilo, patriarca de Alexandria, que será depois canonizado pela Igreja. O motivo dessa ação foi que a brilhante professora de matemática, representava uma ameaça para a difusão do cristianismo, pela sua defesa da Ciência e do Neoplatonismo. O fato dela ser mulher, muito bela e carismática, fazia a sua existência ainda mais intolerável aos olhos dos cristãos. A sua morte marcou uma reviravolta: após o seu assassinato, numerosos pesquisadores e filósofos trocaram Alexandria pela Índia e pela Pérsia, e Alexandria deixou de ser o grande centro de ensino das ciências do mundo antigo. Além do mais, a Ciência retrocederá no Ocidente e não atingirá de novo um nível comparável ao da Alexandria antiga senão no início da Revolução Industrial. Os trabalhos da Escola de Alexandria sobre matemática, física e astronomia serão preservados, em parte, pelos árabes, persas, indianos e também chineses. O Ocidente, pelo seu lado, mergulha no obscurantismo, do qual começará a sair mais de um milênio depois. Em reconhecimento pelos seus méritos de perseguidor da comunidade científica e dos judeus de Alexandria, Cirilo será canonizado e promovido a “Doutor da Igreja”, em 1882.

  • Séculos V a XV

A “Idade Média Cristã”. Aproveitando o desaparecimento das grandes bibliotecas romanas e na ausência quase total da atividade editorial na Europa, a igreja obtém, de fato, um monopólio sobre o conjunto da escrita e da informação. O povo é deixado propositadamente na ignorância, a leitura da Bíblia é desencorajada mesmo no caso de se ter acesso a um exemplar. Pouco a pouco, a igreja impõe o seu domínio sobre a sociedade. A inquisição, o celibato dos padres, o caracter obrigatório de casamento antes de qualquer relação sexual, são todas instituições que datam dessa época. É também nessa época que se desenvolve o que se tornará uma das mais ricas tradições cristãs: queimar pessoas vivas. Cerca de um milhão de “bruxos” serão torrados durante a Idade Média. As cidades concorrerão para tentar bater recordes de quantidade de bruxos queimados por ano. Um recorde imbatido foi estabelecido pela cidade de Bamberg, sede do episcopado, que conseguiu assar 600 feiticeiros num só ano.

Um grande número de membros da igreja atual ainda lamenta o fim dessa época, quando a igreja dominava totalmente a vida social. Religiosos (e outros) cristãos lembram com saudade, a “espiritualidade” da época, a arte que deu grande ênfase à morte - assunto que sempre apaixonou os cristãos, e a música envolvente.

  • Ano de 804

O imperador cristão Carlos Magno converte grande número de saxões, propondo-lhes a seguinte escolha: converter-se ao catolicismo ou serem decapitados. Vários milhares de cabeças caem, com a bênção da igreja: os sacerdotes presentes participam da jogada do imperador.

  • Século IX

Cisma do oriente. O patriarca de Constantinopla pretende que se deve utilizar o pão com levedura, para a Eucaristia. O Papa, bispo de Roma, afirma que se deve usar pão sem levedura. Com base neste problema de capital importância, a cristandade se divide, e os dois patriarcas, de Roma e de Constantinopla, se excomungam mutuamente. O Cisma vai provocar mortes até aos anos 90 (guerras nos Balcãs, ex-Iugoslávia, de católicos contra ortodoxos).

  • Ano de 1182

Os “pogroms” latinos de Constantinopla. Na cidade do piedoso patriarca que come pão levedado, estabeleceu-se, desde o início de século XII, uma colônia de mercadores “latinos”, essencialmente originários de Veneza, Génova, Pisa e Amalfi. Mas essas pessoas têm tudo para desagradar aos prelados ortodoxos: além de utilizarem o pão sem levedura para a Eucaristia, fazem o sinal da cruz no sentido errado, da esquerda para a direita e não da direita para a esquerda! Os popes excitam a populaça e enfim, nos dias radiosos de maio de 1182, a multidão guiada pelos popes pegam os latinos: vários milhares deles, homens, mulheres e crianças são trucidados.

  • Séculos XI e XII

Em face do crescimento da população da Europa, a Igreja propõe um método de controle populacional “natural”: as cruzadas. O apelo às cruzadas foi lançado em 1095. Em 1099 Jerusalém é “libertada”: logo que as tropas cruzadas entraram na cidade, o governador muçulmano rendeu-se sob a promessa da população civil ser poupada. Claro, a totalidade da população (que compreende essencialmente judeus e muçulmanos) é passada pelas armas nas horas seguintes, mas com o cuidado de antes violentar todas a mulheres e decapitar as crianças. Estima-se em 70.000 o número de civis massacrados. A última fase do massacre passa-se nas sinagogas e mesquitas da cidade, onde os habitantes aterrorizados se refugiaram: pensam que o caracter religioso dos locais possam inspirar os piedosos cruzados à clemência. Nada disso acontece: os cruzados entram e transformam os locais de culto em vastas carnificinas. O massacre de milhares de civis amontoados na grande mesquita da esplanada do templo dura várias horas. “Tudo o que respira” na cidade foi morto, informam com orgulho os comandantes dos cruzados.

  • Ano de 1204

A 4a Cruzada fez uma parada em Constantinopla, na época a maior cidade cristã. Mas os cristãos sabem fazer entre eles o que fazem aos outros: durante três dias, Constantinopla foi posta a saque, com uma orgia de violências indescritíveis.

  • Anos de 1208 a 1244

Cruzada dos Albigences: por iniciativa do papa Inocêncio III, uma cruzada é preparada.
Em 1209, como alguns “hereges” se haviam misturado com a população de Beziers, o duque Simon de Monfort deu uma ordem que lhe assegurou a posteridade: “Matem-nos todos, deus reconhecerá os seus”. Toda a população, homens, mulheres e crianças são passados pelas armas. A Provence e a região de Toulouse ficam muito despovoadas após essa guerra que é dirigida contra a população civil, com uma ferocidade sem precedentes desde as invasões bárbaras.

  • Anos de 1226 a 1270

Luís IX, rei de França. Finalmente um católico, de reputação piedosa e íntegra, acede à coroa de França. A igreja o canoniza em 1290, em reconhecimento de seus méritos que, ninguém duvida serem excepcionais. De fato, durante o seu reinado, São Luís lança duas cruzadas, que terminam as duas de modo catastrófico: pouco importa, é a intenção (de matar e de pilhar) que conta, aos olhos da misericordiosa igreja católica! No plano interno, São Luís faz de modo que a justiça puna de modo sistemático os blasfemeadores: são postos nos pelourinhos e têm as suas línguas atravessadas por ferros em brasa.

  • Ano de 1231

Fundação da Inquisição. O Santo Ofício, durante toda a sua história, queimou mais de um milhão de pessoas, essencialmente hereges, judeus e muçulmanos convertidos e também os “bruxos”. A última feiticeira será queimada em 1788. O último “herege” chegará à sua vez em 1826. A inquisição e os seus imitadores protestantes queimam também médicos e cientistas, desde que haja uma oportunidade.

A igreja nunca se arrependeu dos atos da Inquisição e até garantiu a continuidade histórica da instituição até aos nossos dias, limitando-se apenas a mudar-lhe o nome: será necessário esperar que Pio X, em 1906, faça que o “Santo Ofício da Inquisição” seja renomeado como “Santo Ofício”, e em 1965, para que seja rebatizado como “Congregação para a doutrina da fé”. Enfim em 1997, o papa abre os arquivos do Santo Ofício, e historiadores escolhidos a dedo, são autorizados a fazer pesquisas. As estimativas do número total de vítimas da inquisição são então revistas para cima, havendo um consenso que roda hoje em torno de um milhão de pessoas executadas, ao qual é necessário acrescentar as inúmeras pessoas torturadas e com todos os seus bens apreendidos.

  • Ano de 1251

O papa Inocêncio IV autoriza enfim a inquisição a praticar a tortura. A obtenção das confissões de culpa é grandemente facilitada. A inquisição pode aplicar, com base em confissões arrancadas através de tortura, penas indo duma simples oração ou dum jejum até à confiscação dos bens e mesmo prisão perpétua. Mas ela não pode condenar à morte. Com a subtileza característica da igreja católica, a inquisição podia “passar” um herege para a justiça comum, que o levará à morte na fogueira, com base na confissão obtida pela igreja, mesmo com tortura. Essa subtilidade permitirá à igreja afirmar que ela nunca matou ninguém…

  • Anos 1347 a 1354

Em toda a Europa reina a Morte Negra, a primeira grande epidemia de peste no continente. Os prelados católicos logo descobriram os culpados: os judeus teriam envenenado os poços de água. Esse boato espalha-se por toda a Europa e inúmeros “pogroms” acontecem. Na Alemanha contam-se 350 comunidades judias totalmente destruídas pelos “pogroms”, nesse período. Na Itália, em Milão, as autoridades civis e eclesiásticas, depois de terem executado no braseiro os “untori” judeus, inauguraram uma coluna comemorativa para lembrar o seu feito. Essa coluna passou à História com o nome de “Coluna infame”, quando, no século XIX , o romancista Manzoni teve, em primeira mão, a coragem de denunciar esse monumento à perversão religiosa.

  • Ano de 1483

Tomás de Torquemada é nomeado Grande Inquisidor de Castela. Esse monge dominicano faz uma ampla utilização da tortura e da confiscação dos bens das vítimas. Estima-se em 20.000 o número de pessoas queimadas durante o seu mandato.

  • Ano de 1487

Dois monges dominicanos alemães, Jacob Sprenger e Heinrich Institoris publicam o “Malleus Malleficarum”: trata-se dum espesso volume de 400 páginas que é um guia (claro que aprovado pela hierarquia católica) de caça às bruxas. Lá se pode aprender a identificá-las (p. ex. se uma mulher acariciar um gato preto e a centenas de metros alguém se sentir mal, etc), a torturá-las para as fazer confessar, e como os inquisidores podem se absolver mutuamente, depois duma sessão de tortura. A obra afirma também que negar a existência da feitiçaria é uma heresia muito grave, passível de morte na fogueira. Durante dois séculos e meio, na Alemanha, depois da publicação do Malleus Malleficarum, negar a bruxaria podia levar ao braseiro. O manual foi um “best-seller”…

  • Ano de 1492

O rei “muito católico” e a rainha “muito católica” (títulos dados pelo papa em pessoa!) de Espanha, expulsam os judeus. Eles podem escolher se converter, para então poderem ser justiçados pela inquisição (que queimará grande número deles) ou partir. Mais de 160.000 judeus saíram da Espanha. A hierarquia católica não fica indiferente a essa medida duma crueldade assustadora: ela aprova a medida, e o papa encoraja os outros soberanos europeus a se inspirarem no exemplo espanhol. Em toda a Europa os padres católicos se mobilizam para obrigar os governos a proibir a entrada dos judeus expulsos.

Os judeus que escolheram se converter são perseguidos pela inquisição com uma impressionante determinação: até ao século XVIII, far-se-á o “Teste da banha de porco” aos judeus convertidos e seus descendentes: uma salada com pedaços de carne e banha de porco é apresentada ao “convertido”. Se for notado que ele não comeu a carne suína, será queimado como “falso convertido”. Esse método será também aplicado aos muçulmanos e seus descendentes.

Se a expulsão dos judeus de Espanha foi a maior do gênero registrada na História, não foi a primeira. Na França, os prelados católicos tinham já conseguido a expulsão dos judeus em 1306, e que foi logo revogada, antes de ser confirmada em 1394. A Inglaterra já tinha procedido à expulsão em 1290. Em 1496, Portugal imita o seu poderoso vizinho, expulsando também os judeus.

  • Ano de 1493

O primeiro índio da América no paraíso. Quando Cristóvão Colombo, que teve o cuidado de levar um monge nas bagagens, chega à América, ele encontra os índios que ele descreverá como gente amigável e solícita. Prende 12 deles e os leva para Espanha. À chegada, um deles fica doente: antes da sua morte, é batizado rapidamente, o que permite a corte dos muito católicos reis exultar, porque um indígena do Novo Mundo acabava de entrar no paraíso cristão. Esta triste história marcará o início da trágica cristianização dos índios americanos, onde os episódios dos redutos do Paraguai e as perseguições aos índios Pueblo serão alguns dos mais trágicos.

  • Ano de 1499

Acontece neste ano o maior “auto da fé”, que a História registra. Em um só auto de fé, o inquisidor Diego Rodrigues Lucero queima vivos nada menos que 107 judeus convertidos ao cristianismo, em Córdova.

  • Século XVI

O drama dos castrados. A igreja, que tinha proibido que mulheres cantassem no coral das igrejas, enfrenta um problema trágico: como não torturar os ouvidos dos piedosos prelados de cristo, privando-os das vozes sopranas, tão importantes nos coros para louvar o amor a deus? Uma solução bárbara é encontrada: castrar jovens meninos cuja voz tenha sido considerada bela. Nos corais da Santa Igreja católica não faltarão assim nunca os sopranos e contraltos…

Esta prática bárbara só terminará em 1878, por ordem do Papa Leão XIII. Mas é mantida ainda durante o século XIX, ao ponto de Rossini, quando ele compôs a “Pequena missa solene”, escrever, com naturalidade, que serão suficientes para executá-la, “um piano e uma dúzia de cantores dos três sexos, homens, mulheres e castrados”.

  • Ano de 1506

“Pogrom” de Lisboa: 3000 judeus são trucidados pelos piedosos católicos, incitados pelos prelados.

  • Século XVI

Júlio II della Rovere, papa. Hábil chefe militar, ele veste uma armadura durante a missa, quando um monge insolente lhe diz que o traje não é conveniente. “Quando se trata de conquistar terras, deus não faz questão do traje, mas da fé do seu servidor”, lhe responde, passando assim à História. Deus lhe permitiu, de fato, conquistar a cidade de Bolonha, que foi, como deveria, posta a saque.

  • Ano de 1521

Inspirado pelo Espírito Santo, que aparentemente não tinha que fazer, um monge alemão, Martin Luther, traduz do latim o “Novo Testamento”, em algumas semanas. O diabo acaba de o tentar: Lutero não encontra coisa melhor a fazer do que lançar sobre ele um tinteiro, que suja a parede. Essa mancha está religiosamente preservada para os turistas do castelo de Wartburg.

O acontecimento pareceria insignificante. Mas não é, pois ele inaugura o maior cisma da cristandade: durante os séculos seguintes, os cristãos vão-se massacrar mutuamente ainda com mais entusiasmo do que quando eles matavam e queimavam os não-cristãos, os hereges, as bruxas, os judeus e muçulmanos convertidos, etc.

Lutero escreverá e dirá diversas vezes que era necessário queimar as sinagogas e escorraçar os judeus das cidades: ele se situa assim dentro da tradição dos pais da igreja católica, e que será mantida até ao século XIX pela inquisição e depois no século XX pelos camisas castanhas (seguidores de Mussolini).

  • Ano de 1527

Saque de Roma. Os soldados protestantes massacram a totalidade da população de Roma, umas 40.000 almas, e pilham a cidade. O papa é salvo pelos guardas suíços. Ele se fecha com eles no Castelo de Santo Ângelo, enquanto a população é massacrada. Ele passou um grande medo. Os suíços ganham assim uma fama profissional no estrangeiro, o que se perpetua até hoje.

  • Ano de 1553

Calvino, que condena os excessos da Igreja Católica, faz decapitar o livre-pensador e médico Michel Servet, que havia descoberto a circulação sanguínea. Esse é somente um dos 15 hereges que o reformador fez executar durante a sua ditadura sobre Genebra.

Calvino tem um papel muito ativo na prisão e depois na condenação à morte de Michel Servet. Primeiro ele troca correspondência com ele e depois que o médico, fugindo da inquisição, chega a Genebra, manda-o prender. Calvino havia dito a seu amigo, o reformador Farel, que se Servet entrasse em Genebra, de lá não sairia vivo. Ele manteve a sua promessa e interveio pessoalmente no julgamento pedindo a sua execução. A única clemência dada a Servet foi de decapitá-lo em vez de ser queimado vivo.

  • Ano de 1571

A invenção da imprensa permite que um número crescente de pessoas se informe. A igreja reage criando o Índex (Index Additus Librorum Prohibitorum): essa instituição editava regularmente a lista dos livros proibidos. A última edição do índex foi publicada em 1961.

  • Anos de 1566 a 1572

Pio V, papa. Este santo da igreja católica, vangloria-se publicamente diversas vezes de ter, durante a sua carreira de inquisidor, colocado fogo com suas próprias mãos de mais de 100 fogueiras de hereges que ele mesmo acusara, confundira e condenara.

Publica também uma nova edição do catecismo oficial da igreja, no qual o amor ao próximo e a misericórdia ocupam um lugar importante.

  • Anos de 1547 a 1593

Guerras de religião na França. As sub-seitas cristãs entregam-se a uma guerra civil sem perdão, interrompida por diversas pazes e tréguas temporárias. Durante uma delas, teve lugar o massacre de 20.000 protestantes, homens, mulheres e crianças, numa só noite, a tristemente célebre Noite de S. Bartolomeu (1572).

  • Fim do século XVI até ao início do século XVIII

Conversão forçada dos índios Pueblo. Subindo pela costa do golfo do México, os exploradores espanhóis, sempre acompanhados de monges e padres, entram em contato com a tribo dos Pueblo, no território que hoje pertence ao estado americano do Novo México: diferentes dos índios nômades das planícies do Norte e doutros indígenas mais combativos que os espanhóis encontraram no México e na América do Sul, os índios Pueblo vivem em aldeias (los pueblos) de casas de tijolos com 2 ou 3 andares, são pacíficos e praticam a agricultura. Seguem uma religião na qual se venera o “Pai do Céu” e a “Terra Mãe”, temem os demônios (os Skinnwalkers) que andam pela crista das montanhas ao pôr do sol, veneram os corvos como reincarnação dos seus antepassados. Eles têm também um rico templo de deuses semelhantes aos dos gregos, sendo o seu deus principal a mulher-aranha. As cerimônias são celebradas em pequenas igrejas familiares, as Kivas. Estes pacíficos agricultores logo se tornam o objeto das atenções dos padres espanhóis, impacientes por substituir o culto ao Pai Céu e da Mãe Terra por aquele de cujo deus se bebe o sangue durante as cerimônias: os pajés índios são acusados de bruxaria e executados. As Kivas são destruídas pelos militares hispânicos. Os cultos religiosos tradicionais são proibidos, sob pena de mutilação. Índios surpreendidos a celebrar uma cerimônia tradicional terão um braço ou um pé cortados. Apesar disso tudo, alguns índios continuarão a fazer os seus cultos, em segredo e à noite. Os padres católicos usarão esse fato nos seus sermões e que os índios ainda hoje citam com amargura: os padres diziam que a religião dos índios era a das trevas, pois era sempre à noite, enquanto que o cristianismo era a religião da luz, pois se come a carne e se bebe o sangue do deus cristão em pleno dia… Diversas revoltas sangrentas pontuam a cristianização dos Pueblo. Essa perseguição religiosa só cessará depois da anexação do território pelos EUA, em 1847.

  • Ano de 1600

Giordano Bruno é queimado vivo em Roma, condenado por heresia. Ele havia ousado definir o Universo como infinito e admitido a hipótese da existência de formas de vida fora da Terra. Era demais para a igreja. Depois de 8 anos de processo, durante o qual lhe são arrancadas confissões, sob tortura, ele é condenado à morte como “herege obstinado e ímpio”. Ele se defende tentando mostrar que as suas idéias não estão em contradição com as doutrinas cristãs, mas em vão. Ele foi queimado vivo, em público, em Roma, no Campo dei Fiori. Tiveram o cuidado de lhe cortar a língua antes de o enviar ao local da execução, para evitar todo o risco de que as suas palavras não emocionassem a multidão que veio assistir ao espetáculo. O seu principal acusador, o cardeal Bellarmino, será mais tarde canonizado e em 1930, proclamado “Doutor da Igreja”.

É interessante notar que, se no caso de Galileu, a igreja católica expressou o seu arrependimento no fim do séc. XX, com a sua reabilitação em 1992, nunca se arrependerá da execução de Bruno. Pelo contrário, ela se opôs com veemência à instalação duma estátua de Giordano Bruno, em 1889. Em 1929, o papa pediu a Mussolini para que destruísse essa estátua, antes de canonizar e depois nomear “Doutor da igreja” o cardeal Roberto Bellarmino, acusador de Giordano Bruno.

  • Ano de 1609

Expulsão dos mouros de Espanha. Depois da expulsão dos judeus de Espanha, a inquisição se aborrecia um pouco nesse belo país. Lança então a caça aos “morescos”, os árabes convertidos ao cristianismo. Há a suspeita de serem falsos convertidos e são executados todos os que se recusam a beber vinho ou comer carne de porco, ou que sejam limpos demais. Com efeito, o Islamismo, contrariamente ao cristianismo, prescreve lavagens periódicas. A higiene nunca foi tão perigosa como no séc. XVI em Espanha! Enfim, em 1609, temendo talvez ter deixado passar alguns falsos convertidos, a inquisição consegue do rei a expulsão dos “morescos” para o Norte da África. O número dos expulsos é mal conhecido: as estimativas variam entre 300.000 e 3.000.000. Os expulsos chegam a terras islâmicas, onde o Corão prevê a pena de morte para os que renegaram Mahomé…

  • Ano de 1633

Processo de Galileu. Por ter duvidado da teoria geocêntrica de Ptolomeu, (que diga-se de passagem, não era cristão), Galileo Galilei é obrigado a retratar-se: são-lhe mostrados os instrumentos de tortura que seriam usados se ele insistisse. O processo de Galileu só foi reaberto para revisão pelo papa João Paulo II, e Galileu é reabilitado em 1992.

As suas obras já tinham sido colocadas no Índex em 1616. Passará o resto da sua vida confinado na sua casa (prisão domiciliar). Foi a sua reputação internacional de cientista que lhe evitou consequências mais graves.

  • Anos de 1618 a 1648

Guerra dos 30 anos. Os muito católicos reis de Habsbourg, forçam a conversão dos seus súbditos protestantes da Boémia, iniciando a maior guerra que o continente europeu tinha conhecido. A população da Alemanha é reduzida à metade. Numerosas cidades são devastadas. Epidemias de peste assolam toda a Europa Central, desde a Lombardia à Prússia.

Trata-se realmente duma guerra religiosa, embora as igrejas tenham tentado fazer crer que se tratava dum conflito político: a guerra iniciou-se por conflitos religiosos e pela ação de reis estrangeiros, como Gustavo II da Suécia, que intervieram por razões de convicção religiosa. O caso de Gustavo II é particularmente significativo, pois obrigava os seus soldados a cantar canções religiosas todas as noites, embora eles fossem uns terríveis saqueadores. O exército sueco ganhou o título de “Schrecken des Krieges”, pela população alemã, que teme a pilhagem dos suecos ainda mais do que as feitas pelos exércitos dos Habsbourg.

  • Segunda metade do séc. XVIII

O assunto das reduções do Paraguai. Este caso é particularmente interessante, pois aqui os católicos se massacram e se excomungam entre eles. Os jesuítas haviam estabelecido no Paraguai um pequeno império particular feito de reduções (redutos), ou seja pequenas aldeias fortificadas na floresta, onde viviam os índios convertidos ao cristianismo, mas uma correção das fronteiras coloca alguns desses redutos em território português. Ora, Portugal, país católico e cristão, mantém na época a tradição da escravatura: os portugueses pensam então roubar aos jesuítas os índios para depois vendê-los como escravos.

O papa intervém, excomunga os jesuítas das reduções. Depois, um exército, com os canhões e espadas benzidas pelos padres de serviço, ataca as reduções, massacra os jesuítas e toma os índios como escravos. Um Te Deum solene celebra a vitória, como deve.

Pouco depois o papa interdita a ordem dos jesuítas, culpada de ser muito inteligente e racional, e sobretudo de não ter servido com lealdade a família de Bourbon, reis de França e de Espanha, monarcas absolutos e grandes amigos da igreja católica.

  • Ano de 1766

Em pleno século das luzes, um jovem de 19 anos, o Cavaleiro de la Barre, passa “a vinte passos duma procissão, sem tirar o chapéu”. É preso e torturado. Finalmente é decapitado depois de lhe terem cortado a língua. O seu corpo é depois colocado sobre uma fogueira e queimado junto com um exemplar do Dicionário Filosófico de Voltaire, diante duma multidão entusiasmada.

  • Ano de 1788

No Cantão de Glaris, na Suíça, a última bruxa foi queimada.

Esta execução da Inquisição não foi a última, e continuará queimando hereges até 1826.

  • Ano de 1793

Kant, professor de Filosofia em Konigsberg e estrela internacional da filosofia moderna, depois da publicação da “Crítica da Razão Pura”, publica “A religião nos limites da Razão”, onde ele coloca as doutrinas cristãs à prova do raciocínio e do “imperativo categórico”. É demais para os piedosos reis da Prússia, que empurrado pelos prelados protestantes, intervém e Kant é forçado a retratar-se publicamente, sob pena de perder imediatamente o seu posto na universidade de Konigsberg. Todos os professores universitários são obrigados a assinar, sob pena de dispensa imediata, um documento onde prometem não citar os ensinamentos de Kant com relação à religião. Como no caso de Galileu, a fama internacional de Kant o salva de consequências mais severas. Kant ainda pensa em se exilar, mas neste fim de século, há poucos céus clementes para pensadores que ousaram criticar aspectos da ideologia cristã. Assim acabará os seus dias em Konigsberg.

  • Ano de 1826

O último herege é queimado vivo, pela inquisição espanhola. Uma rica tradição cristã termina. Daí para a frente, a igreja recorrerá a meios mais sutis para matar, como proibir a assistência a mulheres que devem abortar, sabotando o planejamento familiar nos países pobres, proibindo os preservativos como modo de lutar contra a Aids-Sida, etc.

  • Ano de 1847

Guerra do Sonderbund. A Suíça é dilacerada por uma guerra religiosa. Os cantões católicos, cujos governos estão muito influenciados pelos conselheiros jesuítas, fundam uma aliança militar - o Sonderbund, que exige a anexação aos cantões católicos de regiões maioritariamente protestantes. Chamam os monarcas católicos da Áustria em seu auxílio, depois iniciam as hostilidades. Somente uma vitória rápida das tropas federais/protestantes permitiu evitar uma intervenção austríaca, que levaria a um conflito de extensão européia.

Os protestantes por seu lado, encetam uma feroz “Caça aos católicos”, nos campos de Genebra.

Os jesuítas, considerados responsáveis pela guerra, são expulsos da Suíça, e essa expulsão valerá até 1970.

  • Ano de 1848

A população de Roma revolta-se contra a ditadura papal. O papa é expulso. Volta ao poder em 1849, devido à ação das tropas francesas enviadas por Luís Napoleão Bonaparte, presidente da república francesa. Os opositores são fuzilados. O Estado da Igreja volta a ser uma monarquia absoluta, cujo soberano é o papa.

  • Ano de 1871

O papa excomunga todo aquele que participar de qualquer eleição do estado italiano, que é classificado como “diabólico”, porque retirou aos papas o seu poder temporal. Essa sentença de excomunhão automática não impedirá o papa de abençoar, alguns anos depois, a fundação do “Partito populare”, de inspiração católica e fundado por um padre.

  • Ano de 1881

Os “Pogroms” russos começam. Incitados pelos prelados ortodoxos, que difundiram um boato que o Czar Alexandre II teria sido assassinado por um judeu, multidões se juntam em mais de 200 cidades russas e destroem os bens dos judeus. Os pogroms tornar-se-ão comuns na piedosa Rússia Czarista, sobretudo entre 1908 e 1917. O mais violento dentre eles teve lugar em Kishinev, em 1913: as autoridades civis e religiosas da cidade incitam a multidão que ataca violentamente os judeus. durante dois dias a multidão mata 45 judeus, fere 600 e pilha 1500 casas. Claro que os responsáveis (popes e políticos) nunca serão incomodados pela justiça.

  • Ano de 1889

Numa Roma livre do jugo papal, no dia 9 de junho, é inaugurada a estátua de Giordano Bruno, no Campo das Flores. O papa Leão XIII, sofredor, passará o dia todo de jejum aos pés da estátua de S. Pedro. A imprensa católica dispara: fala de “orgia satânica”, descrevendo a manifestação da inauguração, o “triunfo da sinagoga, dos arquibandidos da Maçonaria, dos chefes do liberalismo demagógico”, “o máximo da ignorância e da malignidade anti-clerical”.

  • Anos de 1918 a 1945

Os anos do compromisso. A igreja católica apóia ativamente o crescimento dos totalitarismos na Europa. Na Áustria, o seu apoio ao Austro-Fascismo é total. Na Itália, ela assina com o regime fascista uma concordata que faz do catolicismo a religião de estado: os italianos podem de novo votar sem serem excomungados, pena que isso de pouco serve em período de ditadura. A igreja sacrifica em grande parte as suas próprias associações: todas, exceto a Ação Católica, devem integrar as organizações fascistas. O Vaticano promete a Mussolini de fazer com que a AC não se deixe tentar por ações antifascistas.

Em 1929, Mussolini, depois de ter assinado a concordata dita “Patti Lateranensi”, é qualificado pelo papa como “o homem da providência”. Em 1932, o ditador recebe das mãos do papa, a Ordem da Espora de Ouro, que é a mais alta distinção concedida pelo Estado do Vaticano.

Essa bela harmonia vai resistir mesmo ao momento de tensão causado pela estátua de Giordano Bruno. O papa aproveita a concordata para pedir ao seu amigo ditador que destrua a estátua erigida em 1889. O ditador, que tem um filho com o nome de Bruno, toma a defesa do livre-pensador e declara à Câmara de Deputados “A estátua de Giordano Bruno, melancólica como o destino desse monge, ficará onde ela está. Tenho a impressão que seria se encarniçar contra esse filósofo que, se equivocado e persistiu no erro, no entanto já pagou”. Para mostrar que não se arrepende de nada, a igreja canoniza então Roberto Bellarmino, o acusador de G. Bruno, nomeando-o “Doutor da Igreja”.

Na Alemanha, em janeiro de 1933, o Zentrum, partido católico, cujo líder é um prelado católico (Pralat Kaas), vota plenos poderes para Hitler: este último pode assim atingir a maioria de dois terços necessária para suspender os direitos garantidos pela Constituição. Com uma caridade toda cristã, o bom prelado aceita também fechar os olhos para os discutíveis processos nazistas, como a prisão dos deputados comunistas antes da votação. Depois a igreja começa a negociar uma nova concordata com a Alemanha: nesse cenário, ela sacrifica o Zentrum, então o único partido significativo que os nazistas não tinham proibido. Na realidade ele tinha-o ajudado a chegar ao poder. Em 5 de julho de 1933, o Zentrum se dissolve sob solicitação da hierarquia católica, deixando o caminho livre para o NSDAP de Hitler, então partido único.

Hitler declara-se católico no “Mein Kampf”, o livro onde ele anuncia o seu programa político. Também afirma que está convencido ser ele um “instrumento de deus”. A igreja católica nunca colocou no seu Índex o “Mein Kampf”, mesmo antes da ascensão de Hitler ao poder. Podemos acreditar que o programa anti-semita do futuro chanceler não desagradava à igreja. Hitler mostrará o seu reconhecimento tornando obrigatória uma prece a Jesus nas escolas públicas alemãs, e reintroduzindo a frase “Gott mit uns” (Deus está conosco) nos uniformes do exército alemão.

Em 1938, as SS e SA organizam a “Noite de Cristal”: com trajes civis, os milicianos nazistas atacam sinagogas e lojas pertencentes a judeus. A população alemã está horrorizada e aterrorizada. O bispo de Freiburg, monsenhor Gröber, declara então, em resposta às perguntas sobre as leis racistas e os pogroms da noite de cristal: “Não podemos recusar a ninguém o direito de salvaguardar a pureza da sua raça e de elaborar medidas necessárias a esse fim”.
Na Espanha, um general tenta um golpe de estado militar, que aborta mas degenera em guerra civil. A igreja o apoia, padres e bispos benzem os canhões de Franco, celebram com muita pompa Te Deum pelas suas vitórias contra o governo republicano legítimo. A guerra faz mais de um milhão de mortos, e Franco fuzila todos os prisioneiros. Franco se mostrará reconhecido por seus piedosos aliados, nomeando diversos membros da Opus Dei para o seu governo. A influência da Opus Dei crescerá ao longo da ditadura franquista, ao ponto de se chegar a mais de metade dos ministros serem membros dessa venerável instituição católica.

Na França, a igreja declara, desde 1940, que “Petain é a França”: ela prefere de fato o Trabalho-Família-Pátria do estado francês às Liberté-Égalité-Fraternité da República, que sempre a horrorizaram.

Durante a 2a guerra mundial, o Vaticano estava ciente do extermínio dos judeus pelos nazistas. Saber-se-á, após a guerra, que o papa diversas vezes esteve para fazer um pronunciamento público, mas que finalmente se absteve essencialmente pela sua comunistofobia e achando que uma vitória russa seria “pior”. No entanto ele chorou em 1942, junto às ruínas de Roma, bombardeada pelos aliados. Também ele se esquece de mencionar que o seu aliado político Mussolini tinha solicitado a Hitler para ter “a honra de participar dos bombardeamentos sobre Londres”, é verdade que o papa não habitava em Londres…

  • Ano de 1948

O papa declara que todo aquele que votar nos comunistas ou que ajudar esse partido de qualquer maneira, será automaticamente excomungado. Essa medida divide as famílias, provoca exclusões socialmente intoleráveis para muitos e obriga à clandestinidade de numerosos comunistas nas zonas rurais.

Os curas italianos apressaram-se a traduzir essa decisão em fatos, e pedem que as suas ovelhas votem no grande partido anticomunista (DC - Democrazia Cristiana). O partido DC vai-se afundar logo em seguida na corrupção generalizada nos anos 90.

  • Ano de 1961

Última edição do índex (Índex Additus Librorum Prohibitorum), que cita como autores cujas obras são proibidas de leitura pelos católicos entre outros: Jean-Paul Sartre, Alberto Moravia, André Gide.

  • Anos 80

Depois de um período de aparente liberalização, o papa João Paulo II chega à cabeça da maior seita do mundo e rende-se às mais terríveis tradições da igreja.

A sua condenação do preservativo, como modo de luta contra a Aids-Sida, provoca um grande número de mortos, difícil de estimar. Pratica uma política ativa de sabotagem às medidas de controle da natalidade no terceiro mundo. As consequências são difíceis de contabilizar, mas podem-se medir em termos de fome, miséria, criminalidade e falta de assistência médica nos continentes mais pobres - América do Sul e África.
Na sua caça aos hereges, o papa suspende “A divinis”, dois teólogos alemães que tinham ousado duvidar, um da infalibilidade papal e outro da imaculada concepção de Maria.

  • Anos 90: guerras de religião na Iugoslávia

A Iugoslávia era, nos anos 80, uma das terras favoritas para férias balneares dos europeus. A publicidade iugoslava da época vendia o caráter multireligioso do país como um argumento turístico, pois se podia ver em Mostar e em outras belas cidades, as mesquitas e as igrejas lado a lado. Mas o país se afundou numa série de guerras civis que se querem descrever como guerras “étnicas”, quando na verdade se trata de guerras religiosas. O caso da guerra da Croácia é o mais flagrante. Sérvios e croatas têm a mesma origem étnica e até a mesma língua, o Croata-servo. O mais irônico é que o croata-servo (servo-croata, escrito em caracteres latinos), é hoje a língua oficial dos soldados do exército Iugoslavo que combateu em Kosovo contra a OTAN, depois de ter lutado contra os croatas no início dos anos 90. Mas a religião separa os croatas dos Sérvios: os croatas foram cristianizados por Roma e são católicos. Os sérvios foram cristianizados pelos bizantinos e são ortodoxos. Quando Milosevitch começa a agitar o espectro da “Grande Sérvia”, a Croácia declara a independência. Imediatamente o Vaticano e a R. F. da Alemanha cujo chanceler se declarava um católico convicto, reconhecem a Croácia católica como estado independente. O Vaticano mandou para todo o mundo anúncios para que os países reconhecessem o novo estado católico. O papa multiplica os apelos, as preces e as missas pela independência da Croácia. Durante esse tempo, o ditador croata, antigo oficial superior do regime comunista e também católico praticante, deu férias para todos os seus funcionários ortodoxos, isto é, sérvios. Depois escolheu como bandeira nacional a antiga insígnia dos Oustachis, que entre 1940 e 44 tinham praticado um genocídio de cerca de 600.000 sérvios. A guerra civil iniciou-se.

Finalmente termina essa guerra, e o papa beatifica o cardeal Stepinac que havia qualificado Ante Palevitc, o ditador Oustachi durante a ocupação de 1940/44, de “Dom de deus”, para a Croácia e o havia apoiado ativamente.

A guerra da Iugoslávia continuou depois na Bósnia, onde os membros dos três grupos religiosos (ortodoxos, muçulmanos e católicos) se enfrentaram em uma série de combates triangulares, tendo a população civil como a principal vítima. Depois a guerra passou para o Kosovo, província agrícola sem interesse estratégico, e todos sabemos o que se passou.

As guerras da Iugoslávia são um caso emblemático da catastrófica intolerância que é típica das religiões “reveladas”: as comunidades religiosas se enfrentam, neste final de século, em nome de religiões que elas receberam dos acasos da expansão dos diversos impérios (Romano, Bizantino e Otomano) desde a idade-média.

***

Notas do Tradutor (Cassy Beski)

1 - Que falta de conhecimentos sanitários!
2 - Para evitar problemas de herança, dos bens da Igreja.
3 - …do Maranhão, é esse mesmo!
4 - Dominicanos e franciscanos dominavam a Inquisição.
5 - No Brasil também interditou e puniu diversos padres mais ousados, como Leonardo Boff.



Retirado do site http://geocities.com/realidadebr/textos/paginanegra.htm

“Quem é o Rei da glória? O Senhor, forte e poderoso. O Senhor, invencível nas batalhas. Abram-se, portões da cidade! Abram-se, antigos portais, para que entre o Rei da glória. Quem é o Rei da glória? O Senhor dos Exércitos; ele é o Rei da glória.”

Salmos 24:8‭-‬10

Frases de Dios es Bueno

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En la sangre de Jesus hay poder.

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Deus talvez não faça o que você quer, mas ele fará o que é certo e o que é melhor. Confie nele. Ele levará você para casa.

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#Dios es nuestro protector

Jesus siempre fiel a su palabra:
El señor nos guarda y nos protege aun en las mas grandes pruebas, podremos caminar en medio del mal y el siempre nos cuidara confiemos siempre en DIOS y mantengamos comunicacion directa con el por medio de la oración.

2 Tesalonicenses 3:3 RV1960 “Pero fiel es el Señor, que os afirmará y guardará del mal.”

Créditos: Luis Sigaran
Pais: El Salvador
Ciudad: PTO El Triunfo

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