#viajando
Vou ver o mar
e abraçar as ondas
Ver a salinidade voar rua adentro
e o Sol mergulhar no distante
Enfim, areias entregues a si
e àqueles que não desejam alterar
curso algum
no irretocável silêncio
profundo
Volto ao meio-dia
para sentir e desmentir
que nada poderia ser mais absurdo
que a falta absoluta
de calor, de luz, de explosão
em cada grão que me queima
Vou ver o mar
e entrar
na oNDa
***
Navegar é ver o mar
ver o mar é navegar?
— Ewerton R
Tempo longo
noite escura
A pobre lamparina queimava
solitária
E toda sua força
reunia
para relembrar o brilho
que o Sol havia lhe mostrado
— Ewerton R
Partilhando vibrações
escuto o auge do ser
Eis a invenção
do simbólico
do ousado
do insuperável
nós
— Ewertão
a máquina traria a fartura
que o ser humano não conseguiria
a máquina trabalharia
o ser humano se divertiria
a máquina ultra-processaria
o ser humano supervisionaria
a máquina, a máquina…
Ahhh, máquina!
***
Nesse glorioso dia
de orgulho e esplendor
eis que os bits se arrepiam
nos desfiladeiros todos:
Multidão, multidão
levanta, multidão!
Multidão, multidão
abaixo o rei da enganação!
— Ewertão
Com palavras cercaneio
o que a elas não se reduz
Sou pescador lançado
nas águas do grande rio
Boquiaberto
volto sem ter visto
nada além
da infindável aparição dos dias
Fartura
— Ewertão
Que vento longínquo é esse
é o vento dos saqueadores?
Calma lá, respire fundo
mire mais longe, apressado!
Acha mesmo você
que só estou aqui a soprar
há míseros quinhentos anos?
— Ewertão
Boas e velhas silhuetas
meus olhos pintam diferentes
a cada esquina dos dias
— Ewertão
Por muitos rumos lhe busco
persigo rastros seus
colho pistas
pergunto por paradeiros
em trechos de conversas soltas
aparece-me sua voz
imagino-lhe a silhueta
rabisco um retrato falado
num esbarrão
você invade a percepção
do mundo
que explode
batizo experiências
recomeço descobertas
animo brechas na alma
acentuo respirações
o corpo vivo acelera
chispados todos os poros
expele feituras em chamas
grafa o alívio sem fim
em comunhão e liberdade
nos encontramos
— Ewertão
Passa um pequeno vento
frio
que estremece pés descalços
o dia
é de um azul abandonado
desfilando sobre janelas
meu lar se tornou ainda mais meu
tem companhia e preciosidades
que nem mereço usufruir
no corre das ruas
necessários panos nas faces
retomam algo do “mundo normal”:
de muitas máscaras em pele
esse mundo sempre se fez
— Ewertão
nunca descansam
nunca saem
do caçar
— Ewertão
Lição 1171
“Com relação aos caminhos
decida por aquele
que mais lhe fizer crescer”
─ Ó digníssimo, ó louvado mestre!
E o que seria crescer?
─ Isso são mais 550 pratas.
Quer o caminho das pedras no mole, espertinho?
— Ewertão
I.
Fazer arte
faz parte
do experienciar e humanizar
esse mistério todo
II.
Filosofar me faz
pensar
que vale a pena revirar
tanto a sorte quanto o azar
III.
revirar
revoltar
reviravoltear
enquanto o vento [
— Ewertão
Para toda sorte de travessias
é curioso pensar
que o que eu cá separaria
desde sempre esteve comigo
Leves
fiquem
as mochilas
— Ewertão
Em minha duna
um vento
e toda a areia
de um lugar ao outro
continuamente
— Ewertão
Um bando
orgulhosos patetas
lambedores de botas de fora
De que é justo lhes chamar?
“os sagazíssimos patetriotas”?
— Ewertão
Não precisam ser
a fé cega
a razão absoluta
.nemocoraçãodeverasansioso
— Ewertão
O mundo não parava
nem pelo tempo
de um derradeiro suspiro
naquela hora o cortejo passava
em densidade silenciosa
aos pés de distante céu azul
em minha tristeza
palavras de saudosa tia
apareciam-me com alguma certeza
e carinhosa consolação
uva
passa
e tudo o mais
também
singela promessa
da natureza e dos planos
oferecia diversidade
à batalha dos corações
Então… até outro dia!
já desejávamos todos
cada um a seu jeito
dando voz ao amém
— Ewertão