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a saudade parece um encontro no meio da cidade, um esbarrão momentâneo e transitório de dois seres viventes que não se olham embora se atinjam e se toquem, e que seguem em direções contrárias sem nunca saberem sobre esse encontro. a saudade parece um dia lindo em sao paulo com o sol nascendo no céu sem convite embora todos no fundo esperemos que ele venha. o sol nascendo no céu e o dia parecendo tão lindo e o esbarrão acontecendo e as pessoas seguindo em direções contrárias sem saberem ser um dia lindo. a saudade é como esse desencontro em uma paisagem perfeita pra olhos se encontrarem com/em outros olhos. a saudade é como esse sol que vem sem convite e se expande por toda parte. a saudade é como essa cidade de sao paulo que não abriga reencontros em nenhuma das pegadas por todo esse asfalto e calçadas. a saudade é como essas direções contrárias tão próximas e jamais juntas. a saudade é esse encontro que jamais aconteceu no meio da cidade em um dia lindo.

Aline Alló

eu te diria que nossas vidas formam um cenário perfeito juntas

te diria que eu conheci a paz no momento em que tua mão desistiu de soltar a minha

eu te diria que te amo com um amor não egoísta

te diria que esse quarto já assistiu minha admiração por ti pular do meu peito e dançar ao meu redor

eu te diria que você fala o que é bom de ouvir

te diria que sua voz é como um grito de liberdade dentro do meu peito

eu te diria que o ódio esperaria um pouco mais para destruir as pessoas se ele soubesse sobre você

te diria que shakespeare jamais teria dito para procurar o remédio de um suspiro de amor se fosse você o motivo

eu te diria que a saudade de nós preferiria morar no meu peito porque dentro de mim há mais de você

te diria que esse oxigênio que percorre pelo mundo deixaria de doar vida no momento em que seus pulmões deixassem de o inspirar

eu te diria que só dizem que há loucura porque nunca se apaixonaram por alguém com sua compreensão

te diria que a única sorte da minha vida seria fazer ela se cruzar por um tempo mais longo com a sua

eu te diria que me apaixonei e essa fragilidade não destruiu meus medos

te diria que nossas lamentações ainda vão nos fazer ceder

eu te diria que mesmo entendendo ainda seremos duas feridas expostas

te diria que eu também não sei significar alguns traumas

eu te diria que deveria saber que somos mais do que essa vulnerabilidade

te diria que apesar da covardia o meu coração ainda percorreria essa cidade inteira em busca do teu

eu te diria que deixei de acreditar nas mentiras dos meus poemas

te diria o que o meu coração mais diz desde a tua vinda:

amo você.

Aline Alló/ Instagram

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se amanhecer e eu precisar transformar em prosa todas as nossas palavras você leria essas memórias como quem sente que libertou o espírito dentro de poucas linhas? por favor você me olharia com os olhos de quem diz que está tudo bem? você saberia se deitar ao meu lado e não reconhecer nossas noites na quentura do meu corpo? saberia tocar na minha pele depois de alguns assuntos pendentes? se eu te pedir por salvação você acolheria essa fragilidade e me olharia com os olhos de quem diz que está tudo bem? porque eu sinto que depois dessas imaginações eu vou precisar que você me faça acreditar que está tudo bem. e você consegue manter essa vontade de subir ao topo do mundo dentro de mim.

[eu tenho certeza que se a vida acabasse amanhã você teria tornado o fim do mundo menos trágico com esses olhos…]

Aline Alló/Instagram

meu peito é como uma cortina que o vento sopra e balança

é uma porta fechada com o tom do marrom dos seus olhos que o sol vindo de fora escolhe esquentar

minha fragilidade sempre foi sobre entrega

sobre sentir que o vento que sopra as cortinas do peito também trás o cheiro do corpo que eu queria perto

sobre encarar o sol até os olhos arderem e jurar que tem toque que queima e dissolve com mais calor

sinto uma missão que vem de dentro como um grito alto e claro

uma sensação de que minhas mil palavras pedem por consolo

uma mudez de poema e verso

um protesto em nome das minhas lamentações

a exigência íntima de que agora me arranquem as letras com amor

que me façam desejar inventar frases com as iniciais de um nome

que tomem meus fins como promessas

dissolvam na minha língua liberdade e paixão

sinto como uma respiração profunda presa na garganta

uma busca pelo real

sobre ser feliz de novo

e não mais

sobre o que dói e faz doer

é como acreditar

que há paz

e que dessa vez

ela pode vir em uma terça

que ainda assim

terá poema

e não mais

desespero.

Aline Alló/Instagram

teu cheiro mentiroso

espalhado pelo meu corpo

ainda me jura

que um dia você volta.

Aline Alló/Instagram

sinto, por vezes, que o mudo absolve o meu coração

como uma pressão nos batimentos

em uma ordem poderosa

de que eu seja mais do que sou.

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eu sempre volto 

pra esse ponto

onde eu sinto tudo 

maior do que sou.

eternidadepoetica/Instagram

saudade do teu lábio que chupa

do teu toque que marca

da tua língua que queima.

saudade do amor

na cama no chão

[só não no peito]

saudade da dor

na cabeça no corpo

[só não no peito]

saudade

na cama vazia

na respiração acelerada

[só não no peito]

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você é o café

que eu bebo

às 2 da manhã;

amargo,

frio

e num gole só,

com ânsia

de que se acabe

sem deixar o

gosto na língua.

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você não perguntou a minha cor favorita 

ou se existe uma música da qual eu nunca enjoaria

não me falou sobre o significado da cicatriz no seu braço esquerdo

nem sobre seus sonhos esquecidos de realizar 

você não perguntou sobre os meus pais

nem me contou sobre as suas más escolhas 

ou se gosta do mar 

não me falou se conseguiria resolver um cubo mágico 

nem se consegue fazer truques estranhos com a língua

ou se existem fotos suas no seu celular fazendo caretas engraçadas

você não perguntou se eu prefiro frio ou calor

nao me disse se teus medos sufocam a sua coragem 

nem se consegue disfarçar seus humores e intenções

você não perguntou se eu prefiro cachoeira ou trilha

não me disse o que você sempre procurou encontrar 

nem falou sobre coisas das quais você não entende realmente 

você não perguntou se eu sou das que choram ou vão pra uma festa 

não quis saber se eu simplesmente enlouqueço as vezes 

ou se meus poemas são uma salvação como das que tiram a faca do pescoço

você não perguntou se eu sinto medo do escuro 

nem me contou se sumir é ou não um desejo seu 

ou se seu peito é desses frágeis demais

você não perguntou se eu tenho um lugar seguro 

nem se penso nessas pequenas observações que engolem nossas conversas

não me falou se me ligaria novamente

você não perguntou nada sobre quem eu sou 

nem me disse nada sobre quem você é

não me pediu parte minha pra ser sua 

você não me respondeu minhas tentativas

não me jurou amor e paz 

nem me falou sobre ficar e nos arriscarmos

você não me conhece

nem eu te conheço

e esse desencontro é uma solidão nos meus dias.

— eternidadepoetica/Instagram

vó me contou outro dia sobre um amor da vida dela

desses amor que acaba com a gente

antes mesmo de se acabar em desamor

vó me disse: filha não deixa nunca uma pessoa saber que você ama mais quem ele é do que quem você mesma é

vó nunca foi de dizer sobre amor

mas aquele dia ela disse.

ela é linda, minha vó

sempre foi linda

e eu sou linda, vó me disse

mas mesmo sendo linda minha vó me contou a experiência com o horror

das mãos de aço

dos braços cativos

me contou de um amor

desses que acaba com a gente

e contou e contou pra mim

sobre a dor

dessas que acaba com a gente

vó me olhou, eram 5:48 da manhã

o sol quase nascendo

e vó falando sobre cansaço

tocou meu cabelo

falou

filha eu te amo muito

eu sorri

e vó foi dormir

pensei

puta merda

a vida é uma agonia

e dessas que acaba com gente.

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minhas mãos espalhadas pelo o meu corpo

olhos que sangram amor

e finalmente finalmente

de amores por mim.

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ele diz que minhas mãos são quentes

[são dedos solitários quando não o tocam]

disse sim pras minhas besteiras

como um condenado a estar ao meu lado

[eu tava tristonha e sozinha]

lá de pirituba e com uma dessas manias de falar muito o que pensa

eu aqui desse lado quase apaixonada

[de repente olhos verdes pareciam um pouco mais bonitos]

disse que também estava tristonho e sozinho

pensei puta merda eu te desejaria bom dia em todas as manhãs

[eu quero ser dele eu quero ser dele]

com um violão escuro e voz grave demais

eram 5:26 e eu ouvindo o que eu não conseguia não escutar

[eu acordei querendo lhe contar o bicho da paixão que eu conheci]

eu quero ser dele eu quero ser dele

que vontade danada

de saber se ele também seria meu.

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