#flagelos de um poeta
a saudade parece um encontro no meio da cidade, um esbarrão momentâneo e transitório de dois seres viventes que não se olham embora se atinjam e se toquem, e que seguem em direções contrárias sem nunca saberem sobre esse encontro. a saudade parece um dia lindo em sao paulo com o sol nascendo no céu sem convite embora todos no fundo esperemos que ele venha. o sol nascendo no céu e o dia parecendo tão lindo e o esbarrão acontecendo e as pessoas seguindo em direções contrárias sem saberem ser um dia lindo. a saudade é como esse desencontro em uma paisagem perfeita pra olhos se encontrarem com/em outros olhos. a saudade é como esse sol que vem sem convite e se expande por toda parte. a saudade é como essa cidade de sao paulo que não abriga reencontros em nenhuma das pegadas por todo esse asfalto e calçadas. a saudade é como essas direções contrárias tão próximas e jamais juntas. a saudade é esse encontro que jamais aconteceu no meio da cidade em um dia lindo.
—Aline Alló
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me reinventei há alguns meses atrás
tornei esses poemas pensamentos de loucuras internas de terra que eu não piso mas conheço
tornei o espaço de lamentações um formato de carta que eu por pouco não rasgo
essas letras se tornaram mais pesadas aos olhos depois de me afastar dessas colocações
o medo de toda essa leveza me faz querer perder mais rápido
como se precisasse correr pra esse momento onde eu percebo que dentro do meu peito o mundo sempre vai ser maior
eu quero viver meus poemas
eu quero ser essa canção que meu coração escancara às 7:00 da manhã de um domingo
quero ser a menina que eu posso ser
porque às vezes o único caminho que eu conheço é esse que me leva ao agora
os desvios da minha rota são todas em direção ao marrom daqueles olhos
e jamais seria uma tragédia
porque amar não é sobre arcar com a dor de peito cheio
é sobre os minutos depois dessa dor
sobre o momento em que eu consigo reconhecer novamente que seu nome é bonito de dizer
e que eu poderia dormir com nossa foto ao lado da cama
e com a imagem tão perto ainda assim fechar os olhos pra te ver do lado de dentro também
eu gosto dessa metáfora
e gosto de pensar que
depois de todas essas transformações
pensar em você ainda é lindo
—Aline Alló/Instagram
se amanhecer e eu precisar transformar em prosa todas as nossas palavras você leria essas memórias como quem sente que libertou o espírito dentro de poucas linhas? por favor você me olharia com os olhos de quem diz que está tudo bem? você saberia se deitar ao meu lado e não reconhecer nossas noites na quentura do meu corpo? saberia tocar na minha pele depois de alguns assuntos pendentes? se eu te pedir por salvação você acolheria essa fragilidade e me olharia com os olhos de quem diz que está tudo bem? porque eu sinto que depois dessas imaginações eu vou precisar que você me faça acreditar que está tudo bem. e você consegue manter essa vontade de subir ao topo do mundo dentro de mim.
[eu tenho certeza que se a vida acabasse amanhã você teria tornado o fim do mundo menos trágico com esses olhos…]
—Aline Alló/Instagram
teu cheiro mentiroso
espalhado pelo meu corpo
ainda me jura
que um dia você volta.
—Aline Alló/Instagram
você é o café
que eu bebo
às 2 da manhã;
amargo,
frio
e num gole só,
com ânsia
de que se acabe
sem deixar o
gosto na língua.
—eternidadepoetica/Instagram
vó me contou outro dia sobre um amor da vida dela
desses amor que acaba com a gente
antes mesmo de se acabar em desamor
vó me disse: filha não deixa nunca uma pessoa saber que você ama mais quem ele é do que quem você mesma é
vó nunca foi de dizer sobre amor
mas aquele dia ela disse.
ela é linda, minha vó
sempre foi linda
e eu sou linda, vó me disse
mas mesmo sendo linda minha vó me contou a experiência com o horror
das mãos de aço
dos braços cativos
me contou de um amor
desses que acaba com a gente
e contou e contou pra mim
sobre a dor
dessas que acaba com a gente
vó me olhou, eram 5:48 da manhã
o sol quase nascendo
e vó falando sobre cansaço
tocou meu cabelo
falou
filha eu te amo muito
eu sorri
e vó foi dormir
pensei
puta merda
a vida é uma agonia
e dessas que acaba com gente.
—eternidadepoetica/Instagram
minhas mãos espalhadas pelo o meu corpo
olhos que sangram amor
e finalmente finalmente
de amores por mim.
—eternidadepoetica/Instagram
ele diz que minhas mãos são quentes
[são dedos solitários quando não o tocam]
disse sim pras minhas besteiras
como um condenado a estar ao meu lado
[eu tava tristonha e sozinha]
lá de pirituba e com uma dessas manias de falar muito o que pensa
eu aqui desse lado quase apaixonada
[de repente olhos verdes pareciam um pouco mais bonitos]
disse que também estava tristonho e sozinho
pensei puta merda eu te desejaria bom dia em todas as manhãs
[eu quero ser dele eu quero ser dele]
com um violão escuro e voz grave demais
eram 5:26 e eu ouvindo o que eu não conseguia não escutar
[eu acordei querendo lhe contar o bicho da paixão que eu conheci]
eu quero ser dele eu quero ser dele
que vontade danada
de saber se ele também seria meu.
—eternidadepoetica/Instagram
tuas mãos como tatuagem na minha pele
só sinto você nas pontas dos meus dedos
roubando meu tato pro teu corpo
como ler em braille nas tuas costas largas um irremediavel desejo
de ser meu novo pecado.
—eternidadepoetica