#projetoautoral

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Neve

É gelada.

Muito gelada.

Tão gelada que as vezes machuca.

Mas lembre,

Ela derrete,

E também se desfaz,

Em uma poça…

De água,

De líquido,

De lágrimas congeladas pelo tempo.

A Fragilidade

está presente em todos,

o que nos diferencia é a armadura

a frieza, ou a abertura que se dá

às cruéis criaturas

que nos rodeiam.

(As pessoas…)

Estou confusa

E quero me expressar

Pois mesmo depois dos tombos dessa vida, ainda tenho fogo, e quero me levantar…

Estou eufórica

E quero me libertar

Qual o mal nisso? Estive triste por tanto tempo, não há nada de errado em querer se animar…

Quero dançar

Mergulhar

E não ligo para quem olhar…

Vou balançar tudo

A cabeça, o corpo, e o coração

E deixar queimar, queimar, queimar…

CELEBRIDADES

Indivíduos problemáticos,

cuja futilidade

continuo a invejar.

Violeta

Única cor

que me marcou

ao tentar passar a vida

com aquele que um dia

deixei de amar.

Se tem coisa pior
do que ser julgado
por um erro que você não cometeu
é fazer a merda
se julgar
e só ter a você para culpar.

“Todas as flores murcham, mesmo as que estão ainda no pé, se desfazem no inverno ou são podadas. Decapitadas.

Escolhi me decapitar num inverno onde minha alma estava gélida, o nada me possuiu tornando o céu cinzento. Horas e dias se passaram, então senti algo crescendo, a primavera havia chegado, e meu eu decapitado tornara-se adubo para uma nova flor.

A questão não é derrotar seus demônios, e sim crescer deles, a dor, o ódio, a monotonia, as trevas, tudo isso te fará aprender algo sobre si. O inverno parece insuportável e sem fim, mas é bom ver a primavera trazer flores novas em seu jardim.

Não vejo a hora em que minhas flores morrerão, apenas para que a vida em mim mude de cores e cheiros, apenas para apreciar a sensação do fim do inverno e o surgimento de uma nova estação.”

- Constelação.

“Encarei meu reflexo no espelho, ele me olhou de volta. Ficamos nessa brincadeira de se ver por um tempo:

- Quem és tu? – ousei perguntar.

Nada me respondeu, continuou me olhando profundamente como se quisesse saltar do espelho e me atacar:

- Quem és tu? – repeti novamente evidenciando minha ânsia por resposta.

O silêncio prevaleceu novamente, ainda estávamos frente a frente, com seus olhos felinos nos meus, como se lesse o íntimo do meu ser, suspirei derrotada e abaixei a cabeça. Em minha defesa, estava num delírio interno e realmente queria uma resposta. Insistente, tornei minha cabeça para encarar-lhe, seus olhos voltaram-se a mim, dessa vez mais profundos, com um ar de graça:

- Quem és tu? – disse jurando para mim que era a última vez que perguntaria isso.

Nesse momento, juro que ouvi uma resposta, uma voz não vociferada, mas dita, com um tom zombeteiro:

- Eu sou você.

Neguei com a cabeça e ri em escárnio. Que reflexo mais ousado! Nem eu sou eu…”

- Constelação 

E se eu, de repente, lhe roubasse um beijo, tu me prenderia no teu amor? Prisão perpétua? Ah, me diz que sim…

A.C

Há mais cores na aquarela do nosso amor do que poderiam pintar nossos desenhos vãos…

A.C

Respira
Ação
Ofegante
Suor
Escorre
Nas pernas
O gozo
E fim

A.C

Não, você não está entendendo! A impressão dos teus lábios nos meus é a poesia que eu quero ler, todos os dias, até o ponto final.

A.C

Ela passeava pelo mundo de mãos dadas com o absurdo, seus cabelos cheiravam a laranjeira em flor. Seu sorriso, branco como o jasmim, perfumava o ar a sua volta. Ela era ainda mais linda sob o sol, tinha o gosto das manhãs de inverno na beira do fogo. Com ela sentia-me em casa, e era bom estar em casa novamente.

A.C

[fragmentos para ela]

Teu corpo
Um poema
Do universo
Escrito em minha mão

Tua boca
Esta tela
Pintando de vermelho
Todo o tesão

Você,
Morena
Sedenta
Da nossa paixão

A.C

[fragmentos pra ela]

Quando os teus dias por ventura se cruzarem com os meus,
uma aquarela multicolorida há de pintar a tela das minhas horas.
As tuas cores hão de invadir minha retina,
transformando todo cinza em madrepérola.
Tua luz refletida no verde discreto dos meus olhos
Tua pele em contraste com meus tons de branco
Toda a tua paleta de cores
Permeando o universo e transmutando
Todo o concreto em floresta
Teus dedos, pincéis, pintando minhas curvas
Teu sorriso, a água que dilui todas as minhas tintas
Escorrendo no papel dos meus dias
Pintando todo o céu de amarelo,
Laranja intenso, o nascer do teu sol
Na minha janela.

A.C

Eu roubei as canetas
Dos poetas
Pra escrever
Em tuas pernas
Todos os poemas de amor

A.C

Vem cá, mulher
Senta ao pé da cama
Tira a roupa, vou
Te deixar rouca, louca
Te fazer chorar

Vem cá, mulher
Me entrega teus segredos
Me abre esse sorriso
Fecha logo os olhos e
Abre logo as pernas

Vem cá, mulher
Desliga essa TV
Que o tempo todo do mundo
Ainda assim é curto
Pro tanto que eu quero te ter

A.C

[fragmentos pra ela]

O tapete azul da sala,
Vazia,
Reclama seu corpo
Como propriedade,
Nu,
Perdido entre as almofadas
Testemunhas do nosso gozo.
Mas não sou eu quem sinto sua falta,
É só o tapete azul que se afeiçoou
Pelo moreno da tua pele.


A.C

Eu pus meu melhor vestido
Me vesti de saudades
E sai rua afora gritando seu nome

A.C

[fragmentos pra ela]

Sem abrir os olhos agarrei os lençóis amassados da nossa cama. Aspirei nosso cheiro impregnado no algodão branco. Você não estava lá. Sufoquei teu nome e me levantei.

A.C

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