#estrelas

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O corpo sob a pele é uma fábrica superaquecida,
e por fora, o doente brilha,
reluz,
em todos os seus poros,
estourados.


Le suicidé de la société, 1947
Antonin Artaud

Passei esses dias na cama, e você já sabe o motivo;
fumei uns dois maços por dia, e
bebi um vinho velho que estava na geladeira
comi mal, não bebi água
vi vídeos inúteis no youtube e ignorei ligações
no vácuo de mim mesma,
no vazio gigantesco de meu universo,
retornei à gênese dos planetas
sendo compostos pelo pó das estrelas.
Não há luz emanando de mim,
apenas um resquício da radiação
de uma explosão cósmica, vinda direto
do universo.

Deitada na cama,
perdendo toda noção de gravidade em mim
deixando os pensamentos flutuarem para longe:
eu sou pó das estrelas, e existe um buraco negro, em mim.
Sugando toda luz ao seu redor, a leve luz que viaja pelo espaço
e denso, destrói tudo que encontra, sendo visível justamente por não ser,
sendo incrivelmente belo a distância
a incrível trágica beleza, de tudo que simboliza um fim.

Me desfiz em poesia.

Me refaço em antimatéria.
Me refaço em explosões atômicas
em cada esquina.

Não nasci para rimar.

Nessa hora, o cérebro muda sua química
e abaixa a taxa de serotonina,
vitamina D e endorfina.
Brutalmente, o cérebro se contorce
feito um bicho vivo na panela fervente.
e minha pele é uma roupa apertada
que eu me vejo obrigada a usar,
desconfortável demais para me mover,
justa demais para respirar.

De uma explosão cósmica,
eu sou pó das estrelas.
Me refaço agora, apenas para desfazer no final,
explodir dentro de mim mesma,
uma pequena prova viva da teoria do Caos:
um sistema dinâmico e complexo
instável na evolução temporal.

Tudo se desfaz…

Minhas inseguranças se entalam na garganta,
enquanto grito, tentando recuperar de volta minha autoestima
essa coisa de amar-se por completo é tão difícil
e agora qualquer suspiro é bem vindo.
Quero recuperar o fôlego,
o hoje é só mais uma volta que a Terra deu sem si mesma
quero fechar os olhos, descansar as retinas.
Um último suspiro antes da colisão final
na matéria mais densa, localizada em meu centro
nenhum som se propaga no vácuo,
de encontro ao meu buraco negro,
eu flutuo em meu espaço.

Sobre o fim

Até as estrelas sabem que não era pra ser

Ficar sozinho não é algo ruim.

Ter poucas pessoas ao seu redor também não é algo ruim.

Ruim é você manter por perto pessoas que fazem você se sentir mal consigo mesmo constantemente, que não se importam com os seus sentimentos, que não compartilham as mesmas ideias nas quais você acredita, que fazem você sentir que você não é amado.

Ruim é você dar o seu tesouro para alguém e esse alguém te retribuir com o lixo dele. É você se desgastar para dar o melhor para uma pessoa e essa pessoa se desgastar para dar o melhor para ela mesma também e te deixar de lado. Isso, sim, é algo ruim.

É algo que, se você perdesse, por mais que você pudesse sentir a falta física dessas pessoas ao seu lado, elas não seriam realmente uma perda.

Sabe o que é uma perda? Perda é você diminuir quem você é para fazer outra pessoa confortável.

Você é tão complexo quanto um universo, cada defeito e cada qualidade em você são estrelas. Sua personalidade é única, você está em constante mudança e você pode direcionar suas mudanças. Você tem a capacidade de destruir coisas que você não gosta em si e potencializar coisas que você gosta.

Como você ousa se diminuir para pessoas que não sabem admirar o que têm em frente? Como você pode deixar alguém descrever esse fenômeno que você é como menos do que “de tirar o fôlego”? Como você consegue aceitar um mínimo afeto e achar que isso é tudo que você consegue ou merece? É uma perda para o mundo você encolher tamanha magnitude.

Nunca aceite migalhas. Não quando há pessoas que estão dispostas a dar o próprio mundo para você.


~Misty

Aquela caverna triste, fria e sombria é seu espelho

Aquela caverna triste, fria e sombria é seu espelho


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