#desabafo

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Desde que a cachorrinha do meu namorado me mordeu totalmente de graça, juntou o trauma que fiquei dela com o meu pânico. A partir desde dia eu nunca mais me senti confortável e à vontade na casa dele. Era só a cachorra chegar perto pra crise começar. Eu chorei inúmeras vezes. Eu me arranhei inúmeras vezes. Eu fui tomar banho e na hora de sair percebi que ela estava do lado de fora. O máximo que consegui fazer foi escorregar no chão e ficar chorando, sentindo frio e desespero. Eu não suporto nem ao menos olhar pra ela. Tenho medo de passar por cachorros da marca dela na rua. O tempo que fico na casa do meu namorado eu fico andando nas pontas dos pés, evitando os lugares, trancada no quarto, com o pânico em alta, tendo pesadelos a qualquer hora que fecho os olhos. E quando a cachorro chega perto do mim lágrimas vem aos meus olhos e tudo que eu mais quero é ir embora o quanto antes daquele lugar.

Desabafo

É incrível como eu consigo manipular todos a minha volta. Sempre consegui qualquer remédio que eu queria de médicos, sempre consegui as injeções que queria em hospital, convenci minha terapeuta que eu estava bem e tive alta. Sempre manipulei meus pais em tudo. Consigo até mesmo manipular eles a pensaram que eu tenho algum sentimento ou emoção para outras pessoas. Eu simplesmente não sinto nada, sou completamente desligada das pessoas, mas convenci eles a acharem que eu não sou tão coração ruim assim. Eles acham que eu sou uma pessoa gentil, que se importa com os outros. A única pessoa que eu nunca quis manipular, eu entreguei meu coração a ele e ele devolveu completamente destruído. Mas pelo menos eu tenho os meus remédios fortes para dor e meus pais ainda acham que eu tenho algum tipo de sentimento bom.

Eu sempre fui extremamente romântica, o último dos românticos. Sempre sonhei em me casar com o amor da minha vida, sempre fui fã dos filmes de princesas da Disney, sempre li muitas fanfics todos os dias. Mas nunca achei que isso um dia poderia acontecer. Até que aos 24 anos tive meu primeiro namorado. O começo foi perfeito, como todos os namoros são. Eu estava completamente cega de amor, até mesmo os defeitos dele eram perfeitos para mim. Eu estava disposta a ir morar com ele e largar tudo. Meus pais e minha terapeuta viviam tentando abrir meus olhos, pedindo pra eu tomar cuidado, mas isso só fazia eu ficar mais cega de amor. Então com o tempo a fase de lua de mel foi passando, mas eu continuava cega de amor. Ele foi mudando com o tempo, mas meu amor não diminuía. Os problemas foram aparecendo aos poucos, e eu fui começando a enxergar. O maior de todos, e que foi o principal responsável pelo nosso término foi sua mãe. Eram apenas os dois, e ele sempre colocava a mãe dele acima de tudo. Tivemos uma briga uma vez em que ele deixou bem claro que sempre seria a mãe dele sua primeira prioridade, que nunca iria deixar de morar com ela, que se fossemos nos casar, ela iria morar com a gente. E isso não era o que eu queria para mim. Mas mesmo assim eu estava disposta a aceitar, tudo para podermos ficar juntos. Então com o passar dos anos eu percebi que era sempre eu que iniciava qualquer coisa, ele sempre estava preocupado com a mãe dele. Ele deixava de vir na minha casa por causa dela. Eu sempre gostei de colocar o prato de comida para ele, e ele chegou a pedir para eu parar de fazer isso pois a mãe dele ficava magoada. Chegou a um ponto em que eu sentia que ele não tinha qualquer interesse por mim, se eu não mandasse alguma mensagem para ele, ele não me mandaria nada. Se eu não fosse até a casa dele, eu não iria vê-lo. Foi aí que eu finalmente deixei de ser cega. Com a pandemia eu deixei de ir na casa dele, já que meus pais são de alto risco. Eu mandava todos os dias mensagem de bom dia, boa noite, dizia que o amava. Ele as vezes demorava horas, ou dias para responder. Eu via que ele estava online, que estava no computador, mas nem aos menos me mandava uma mensagem. Eu mandava mensagem no facebook dele, via que ele estava online postando coisas, e ele nem ao menos me respondia. Porém eu nunca conseguia coragem o suficiente para terminar com ele. Nunca tinha tido um namorado, não conseguia terminar. A pandemia fez algo de muito bom para mim, me fez começar a me dar valor, a me colocar em primeiro lugar. Então finalmente cansei de tudo e mandei uma mensagem desabafando. E nada dele me responder. Eu fiquei extremamente mal, pois como ele podia ter tempo de ficar no pc, mas não tirava ao menos um minuto por dia para responder minhas mensagens? Então depois de alguns meses e algumas tentativas, eu finalmente mandei a mensagem final terminando tudo. E até hoje nenhuma resposta. Eu sempre tive meu coração destruído, e ele me deu esperança de que eu poderia ter uma chance no amor, mas no final ele só conseguiu me destruir mais ainda. Meu coração já estava em pedaços, e ao continuar com ele eu fui apenas me cortando cada vez mais, em pedaços cada vez menores e mais afiados. Eu deixei de ser eu mesma, já que não era quem ele queria que eu fosse. Fui me adaptando para ser quem ele queria. Eu me sentia sempre pisando em ovos com ele, sempre com medo de falar algo errado e ele ficar bravo comigo. Eu passei de deixar de me cortar por estar feliz com ele, para me cortar por causa dele. Ele me destruiu completamente. Eu não consigo mais acreditar que eu possa me casar no futuro, nem ao menos que algum dia alguém vai me amar. Eu ainda sonho com ele, mesmo tendo se passado tanto tempo. Foram quase 6 anos de namoro, sendo 4 anos antes da pandemia enquanto ainda nos víamos e 2 anos durante a pandemia. Eu cheguei a pegar metrô e ir na casa dele durante a pandemia porque era aniversário da mãe dele. Nós deixamos de sair, porque ele não queria deixar a mãe dele sozinha em casa. Nós nem ao menos conseguíamos mais ter intimidades, já que a mãe dele vivia entrando no quarto, e ele não queria deixar ela magoada. Não podia nem ao menos beijar ou abraçar ele perto dela. Eu continuo amando filmes da Disney, continuo lendo fanfics todas as noites, mas não consigo mais acreditar no amor para mim. O bom é que aos poucos consegui voltar a ser a eu de antes do namoro, de antes de eu mudar completamente para deixar ele feliz. Eu não consigo nem mesmo ter raiva ou rancor dele, meu coração simplesmente não consegue mais sentir nada.

Eu cresci com filmes de princesas da Disney

Sonhando em ter esse amor tão perfeito

Minha adolescência inteira era em livros sobre romance e amor verdadeiro

Meu maior sonho sempre foi encontrar esse amor verdadeiro, literalmente viver de amor

Porque pra mim o amor está acima de todo o resto

E agora me encontro com 30 anos, deitada na minha casa quase duas da madrugada e chorando, porque esse amor que eu sempre sonhei nunca vira para mim

Acho que passei anos me iludindo, esperando que esse amor iria aparecer, mas acho que eu sou a única pensa assim, eu nunca vou ter alguém que me ame de verdade, que acredite no nosso amor acima de tudo

Eu me odeio por ainda querer isso pra mim, uma vida com romance e amor, mas eu não consigo simplesmente desistir

A cada dia que passa eu vou ficando pior sabendo que nunca chegará esse dia

Tudo só fica na minha imaginação, nesse mundo imaginário que eu criei em minha cabeça e q fico viajando por ele todas as noites

Tudo que eu mais queria era amor…

Meu último desabafo foi dia 17 de Outubro de 2019 e eu estava entrando em um buraco cada vez pior. Então alguém me salvou. Uma pessoa me mandou uma mensagem aqui no tumblr que me deu forças para conseguir ser sincera com minha terapeuta e pedir ajuda. Admiti que estava muito mal, que apenas fingia ter melhorado. Então foram meses trabalhando nisso. E então veio essa pandemia, e quem diria que ela seria boa para alguma coisa. Mas como eu sou anti social, está sendo ótimo ficar em casa sem ver ninguém. Até mesmo minha auto estima tem melhorado aos poucos. Estou conseguindo ser mais sincera com minha terapeuta e meus pais. Mas claro que não estou totalmente melhor. Não falo tudo. Ainda me corto. Ainda tenho pensamentos suicidas. Mas essa pessoa que me mandou aquela mensagem salvou a minha vida. Porque eu estava a ponto de tirar minha vida naquela época, e hoje eu consigo ter forças para continuar.

Sempre que eu acho que não tem como as coisas piorarem, elas pioram. Minha terapeuta falou que estou conseguindo lidar com meus problemas sozinhas, sem entrar em nenhuma crise e sem me machucar, então nossas sessões passaram a ser a cada quinze dias. Só que eu ando pior que nunca e não tenho coragem nem força para contar isso a ela. Não tenho ninguém para falar o quão mal eu estou. Continuo fazendo o que sempre fiz, fingir estar bem e melhor para não preocupar meus pais. Eu estou segurando nossa família. Essa casa parece um campo de guerra com tantas brigas todos os dias. Mas eu sei que se desistir da minha vida, minha família vai se acabar. Então preciso continuar segurando eles, fingindo estar melhor quando a única coisa que eu queria era morrer.

Eu destrui todas as minhas esperanças quando cai de cara no fundo do poço. Eu não consigo sair daqui sozinha. Eu não posso dar mais tristeza e desgosto aos meus pais. Meu namorado tem as coisas dele pra cuidar e eu não sou uma delas. Eu só estou cansada de machucar as pessoas que eu mais amo. Não posso pedir para meus pais e meu irmão me tirarem desse buraco pq não seria justo com eles, eles não merecem o sofrimento que estou dando a eles. Eu só quero me afundar cada vez mais e mais e mais nesse poço e nunca mais acordar.

Ainda não completei um ano de namoro oficial e assumidissimas, nunca tinha namorado mulher ou me envolvido sentimentalmente, ficava por ficar e pouco antes de namorar me questionava quanto a ser bissexual. Meio de semana briguei com a minha namorada, fui reclamar com a minha mãe e ela solta bem assim… “A Bianca vai trabalhar, vai malhar vai fazer qualquer coisa, mas para de reclamar, vocês LÉSBICAS namoram a distância e mais brigam do que transam”… MANOOOOOO MINHA MÃE PERCEBEU QUE SOU LÉSBICA ANTES DE MIM … Obs. durante esse quase um ano de namoro, eu fiquei e me senti atraída por outra mulheres, vinha me declarando bi, mas com garotos não tava rolando qualquer atração, e apartir desse contato mais íntimo com uma mulher, fui descobrindo que no passado por medo ou falta de conhecimento de mim mesma, eu ignorava incômodos com o sexo oposto, não odeio homens apenas nunca me senti 100% a vontade com um igual eu me sinto com uma mulher independente de ser minha namorada ou não. E foi refletindo essa fala da minha mãe, que percebi de fato que sou uma mulher LÉSBICA.

Cada dia mais eu tenho certeza que amo buceta, lisinha ou peludinha não importa, fazer uma mulher gozar e provar do seu prazer é maravilhoso não há palavras que descrevam.

Estou exausto, corpo e alma pesam mais do que as minhas pernas aguentam, para me manter de pé.

As vezes você precisa limpar um lixo da sua vida, para que as coisas comecem a fluir.

Ficar sozinho não é algo ruim.

Ter poucas pessoas ao seu redor também não é algo ruim.

Ruim é você manter por perto pessoas que fazem você se sentir mal consigo mesmo constantemente, que não se importam com os seus sentimentos, que não compartilham as mesmas ideias nas quais você acredita, que fazem você sentir que você não é amado.

Ruim é você dar o seu tesouro para alguém e esse alguém te retribuir com o lixo dele. É você se desgastar para dar o melhor para uma pessoa e essa pessoa se desgastar para dar o melhor para ela mesma também e te deixar de lado. Isso, sim, é algo ruim.

É algo que, se você perdesse, por mais que você pudesse sentir a falta física dessas pessoas ao seu lado, elas não seriam realmente uma perda.

Sabe o que é uma perda? Perda é você diminuir quem você é para fazer outra pessoa confortável.

Você é tão complexo quanto um universo, cada defeito e cada qualidade em você são estrelas. Sua personalidade é única, você está em constante mudança e você pode direcionar suas mudanças. Você tem a capacidade de destruir coisas que você não gosta em si e potencializar coisas que você gosta.

Como você ousa se diminuir para pessoas que não sabem admirar o que têm em frente? Como você pode deixar alguém descrever esse fenômeno que você é como menos do que “de tirar o fôlego”? Como você consegue aceitar um mínimo afeto e achar que isso é tudo que você consegue ou merece? É uma perda para o mundo você encolher tamanha magnitude.

Nunca aceite migalhas. Não quando há pessoas que estão dispostas a dar o próprio mundo para você.


~Misty

Amor (próprio)

Quando você aprender

A se amar,

Vai parar de correr atrás

Do amor

De pessoas

Que não te amam.


Eles nunca vão te amar

Enquanto você não amar

A si mesma.

E, quando você amar a si mesma,

Não vai mais precisar

Do amor dos outros.


~Misty

Poder

Você me olhou chocado
E com lágrimas nos olhos
E juntou forças para perguntar:
“Por quê?”
Você nunca pensou que a resposta
Fosse tão óbvia.
“Porque eu pude.”

Meu querido,
Eu senti a adrenalina
Correr nas minhas veias
Como se ela tivesse implorado para estar ali
Por séculos.
Eu senti o medo alheio aumentar
E, junto com ele,
O meu poder se erguer também.

Os gritos ensurdecedores
Que preenchiam meus ouvidos
Eram todos de louvor.
Os destroços caindo
De todos os edifícios
Eram tambores de triunfo.
A chuva que caía
Era água benta
Abençoando meu novo legado.

E então, após te responder,
Uma risada escapa da minha boca.
Uma risada genuína
De puro deleite
De sua expressão pasma.
Você nunca pensou que eu faria
Uma coisa dessas.

Eu, que sempre te obedeci.
Eu, que sempre te agradei.
Eu, que sempre fiz tudo para você,
Tudo por você.
Você nunca pensou
Que eu tivesse a capacidade
De destruir o seu mundo.
E você nunca pensou que eu faria isso
Apenas para mostrar para você
Que quem manda em mim
Sou eu.

~Misty

Ir Embora

Quando alguém não te ama, em um relacionamento romântico ou de amizade,

Você tem três opções.

Um: você pode conviver com a pessoa, sabendo que ela não te ama e aceitando a situação.

Dois: você pode tentar (obrigar) ensinar a pessoa a te amar.

Ou três: você pode ir embora.

Eu sei que eu sou a pessoa que nunca recomenda as duas primeiras opções,

Mas a verdade é que eu só escolho a última quando já passou da hora certa.

Eu sempre passo por essas três fases,

Três fases agonizantes e intermináveis

Até que elas fiquem insuportáveis,

Até que eu não tenha mais forças para aguentar o que elas colocam contra mim.

Primeiro, eu tento conviver.

Tento aceitar que eu não preciso ser amada por todos.

Eu não nasci ou fui criada para ser o alvo de sentimentos alheios,

Não quando eu já tenho tantos sentimentos em mim mesma.

E são exatamente esses sentimentos,

Que se tornam pensamentos,

E eles enchem a minha cabeça,

Me dizem como eu não posso e não consigo e nunca serei amada por alguém,

Me dizem como é precisar sentir por dois,

Me mostram sobre como é se sentir sozinha nos braços de alguém.

Depois, eu tento mostrar para a pessoa o meu valor.

Eu sinto necessidade de mostrar para ela que sou digna de seu amor,

Mostrar todos os pontos positivos em mim,

Mesmo que metade deles sejam inventados

E a outra metade sejam apenas repetições rasas de frases que outras pessoas me disseram

E eu fingi que acreditei.

Mas não importa se eu acredito ou não.

É apenas necessário que a pessoa acredite.

Mas provar o meu valor para ela apenas me desgasta

Me sinto uma gladiadora no meio do Coliseu, lutando pela liberdade,

Tentando provar que eu valho a pena ter o amor dela,

Mas, toda vez que eu olho para ela, que eu busco ela sentindo orgulho de mim,

A pessoa está olhando para o outro lado.

Eu me distraio, e a única coisa que sinto antes da escuridão

É um soco bem dado na minha mandíbula

E o sangue escorrendo pelo meu rosto.

E, então, vem o terceiro.

Veja bem, o meu problema é que eu sempre decido ir embora quando já é tarde demais.

É como se eu estivesse em uma zona de guerra,

E eu apenas conseguisse ouvir a sirene de evacuação

Após os meus ouvidos pararem de ouvir o zumbido causado pela explosão da bomba.

Apenas quando eu olho ao redor e não há mais nada lá além de destruição.

Destruição ao meu redor e em mim mesma.

Apenas quando eu percebo que essa bela história,

A que eu lutei tanto para acontecer,

Estava apenas dentro da minha cabeça.

Eu estava tão empenhada a fazer tudo dar certo

Que eu não vi o quão erradas as coisas estavam dando.

A pessoa queria algo que funcionasse

E eu precisava dela para funcionar,

Mas ela não precisava de mim.

E ela foi embora.

Estávamos sempre em lugares movimentados,

Cheios de sons de conversas e risadas.

Mas, quando eu olhei ao redor,

O único som restante era o das batidas do meu coração

Indicando o timer para a próxima bomba explodir.

E eu sabia que eu iria ficar lá até depois da explosão. 

~Misty

Sentimentos…

O que fazer quando você sente algo que simplesmente não consegue explicar?

Esse sentimento estranho que você sabe que não é bom, mas que também não sabe exatamente o que é?

As palavras andaram falhando miseravelmente comigo ultimamente. Sempre que preciso colocar as coisas para fora, tentar explicar com palavras o que está acontecendo, nada sai.

Nada, além de um grito mudo.

Um grito ninguém nunca ouviria, mas com tanto desespero que qualquer um, mesmo sem ouvi-lo, poderia senti-lo dentro de si.

Se meus gritos fossem notas de um piano, seriam aquelas mais graves tocadas ao mesmo tempo que as mais agudas possíveis. Eles seriam trovões, que parecem ter o poder de destruir tudo ao seu redor com apenas barulho. Eles seriam sussurros com palavras indiscerníveis que pareceriam conseguir fazer tudo ficar bem mas com um tom ameaçador que cria arrepios em sua pele.

Eles seriam um gesto reconfortante e, ao mesmo tempo, um ato de agressão. Seriam um abraço apertado junto a um tapa inesperado. Eles seriam um beijo nos lábios junto a um tiro na cabeça.

Eles seriam tudo e nada ao mesmo tempo.

Seriam uma confusão que não faria sentido para ninguém - nem mesmo para mim -  porque é exatamente assim que me sinto. Eles seriam todas as milhares de palavras que quero falar enquanto nada sai da minha boca. Eles seriam tudo que eu queria guardar para mim ao mesmo tempo que queria gritar para os céus para que todos pudessem ouvir e, talvez, até tentar entender.

Tentar entender o que eu sinto - e falhar miseravelmente. Porque, se nem eu mesma consigo entender o que eu sinto, o que outras pessoas conseguiriam entender… se elas nem mesmo sentem?

~Misty

Pensamentos…

Tenho andado um tanto perdida nos últimos tempos.

É complicado você continuar seguindo em frente quando você tem essa sensação de que não sabe o que está fazendo, ou o que deveria estar fazendo, ou o que gostaria de fazer.

Não sei para onde vou, não sei onde estou, e mal me lembro do caminho que fiz para chegar aqui.

Tudo o que eu sei é de onde eu parti.

Mas a linha de partida está a tantos quilômetros e quilômetros de distância, que mal posso ver sua figura minúscula no horizonte que eu deixei para trás.

Olho para os meus lados e não consigo ver nada. Não porque não há nada ao meu redor, mas, provavelmente, porque estou cega. O pior tipo de cegueira: estou cega de pensamentos.

Os pensamentos distorcem minha realidade e a transformam no que acham convenientes - não convenientes para mim, mas sim para eles. Como se eles fossem um outro ser que gosta de me ver em confusão.

Os pensamentos me deixam cega para a realidade e criam situações imaginárias que nunca aconteceriam fora da ilusão que eles me proporcionam, mas que parecem tão reais quanto a realidade que não consigo enxergar.

Mas não seria interessante apenas cenários bons. Os pensamentos me levam para universos paralelos. Universos onde acontecem varias coisas, onde acontecem coisas demais. Universos onde acontece tudo que eu sempre quis e que nunca realmente aconteceu. Universos onde acontece tudo que eu sempre temi e que fazem eu temer tudo isso mais ainda.

E, com tantos pensamentos e tantos universos, fica complicado a tarefa de me lembrar que aquilo simplesmente não é real.

Aqueles pensamentos parecem tão reais quanto eu.

Aqueles pensamentos podem não ser reais, mas eles são eu, e eu sou real.

E, se eles não forem reais, então…

O que seria de mim?

~Misty

Cartas que nunca serão entregues pt. 1

É engraçado como as coisas mudam, não é? Uma promessa é quebrada, ela vira uma desculpa, e essa desculpa é esquecida.

O mundo deu voltas, eu tropecei no caminho e você não olhou para trás, nem mesmo sentiu a minha falta. É isso que eu sou para você? Um acessório bonito, mas que, quando perdeu o brilho, você passou para o próximo? É fácil ir embora quando as coisas deixam de ser como você queria, quando eu discordo dos seus métodos.

Você ia para festas enquanto eu ouvia músicas nos corredores da escola; você abria sorrisos para todo mundo enquanto não me dava nem mais um “oi”.

Naquela época difícil, eu conheci muitas pessoa que se importaram e ainda se importam muito comigo. Eu já debati muito comigo mesma sobre se eu também escrevia o seu nome nessa lista ou não. No final, eu acabei escrevendo.

Não se engane. Não é como se eu tivesse esquecido ou te perdoado. Eu apenas sou a rainha em fingir que certas coisas não aconteceram. Apagar certas memórias da minha mente é algo no qual sou uma especialista. Já ouvi dizerem que isso é a sobrevivência, mas, às vezes, me pergunto se isso não é, na verdade, covardia.

É engraçado eu querer escrever isso agora. Não é como se isso importasse mais. Não é como se fosse algo que deveria ter me incomodado nunca. Você seguiu a vida, e eu fiquei presa em um mundo de “e se?” E se eu tivesse seguido os seus passos? As coisas seriam tão diferentes? Ou tudo aquilo estava fadado a acontecer e não havia nada nem ninguém que pudesse mudar isso?

Nós ainda saímos às vezes. Algumas festas juntas, alguns poucos almoços. Aparentemente, eu sou uma das amigas que você gosta de mostrar. Isso acontece por eu ser alta ou pelo meu cabelo ser liso? Por eu sorrir para todos ou por nós termos um histórico juntas?

Eu cheguei a deixar de ser um acessório?

Eu deveria apagar o seu nome da lista?

Ass.Misty

Cartas para mim: eu te odeio


Eu te odeio. Eu sei que admitir isso me trará todas as energias negativas que definitivamente não preciso, mas eu simplesmente não ligo mais. Dizer em alto e bom tom que eu te odeio é de aliviar a alma. Eu te odeio, serpente-marinha.

Eu te odeio porque eu realmente não consigo me recordar da última vez em que eu estive tão infeliz, tão deprimido e tão vulnerável. Eu estou instável, meus ataques de ansiedade voltaram, meu humor oscila constantemente e eu não consigo ter controle sobre mim. Esses pensamentos me dominam sem aviso prévio, e eu começo a sentir medo de que isso seja o meu verdadeiro eu.

Eu te odeio, serpente-marinha, porque você brincou comigo. Você sempre tinha que estar certa, e então você me dizia como eu era o incoerente, o hipócrita, como eu era “igual a todos os outros”, mas na verdade eu nunca estive errado. 

Eu te odeio porque você me fez acreditar que eu podia confiar em você. Você veio atrás de mim, quebrou todas as minhas barreiras, desarmou todos os meus alarmes e finalmente conseguiu o que queria. Eu te mostrei o meu mundo escondido, o meu “eu” mais íntimo e profundo do meu ser, e então você desapareceu. 

Eu odeio como você me manipulou com suas palavras doces, suas promessas vazias e suas chantagens emocionais. Eu odeio ter caído em seu jogo, mesmo tendo recebido diversos sinais. Eu odeio como a sua mera lembrança é o suficiente para estragar o meu dia. Eu odeio que você não está aí para isso e odeio admitir que você nunca nem esteve.

Tudo piorou depois que eu te conheci, e é por isso que eu te odeio. Porque, antes de você eu não me sentia tão solitário, nem tão ansioso, nem tão menos que os outros.  Antes de você eu não precisava duvidar das minhas atitudes, nem do meu jeito, nem da minha aparência. Antes de você, eu e meu vazio estávamos em paz, e agora eu luto contra ele todos os dias sem parar.

Eu te odeio, serpente-marinha, porque você trouxe de volta para mim tudo aquilo que eu lutei anos e anos para superar.


OrenZ

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Três da manhã, meus olhos despertam. Não demora muito para que eu perceba qual sentimento me acordou nesta madrugada. Cansado, eu procuro meu celular na esperança de ter recebido alguma mensagem.

…Nada.

Eu guardo meu celular e me viro para o outro lado. Observo as luzes alaranjadas do meu pisca-pisca enquanto eu me envolto num casulo de cobertas. Não é uma madrugada fria, mas eu preciso de algum conforto, preciso que algo abrace o meu corpo.

A solidão do meu despertar é avassaladora.

Montanhas-russas


Eu nunca gostei de montanhas-russas. Quando eu era pequeno, passei pela experiência de andar em uma montanha-russa infantil. Chorei, chorei até soluçar. Alguns anos depois, na adolescência, decidi experimentar mais uma vez, afinal de contas eu cresci, e o meu medo poderia ser mesmo só uma coisa de criança.

Aos quinze anos, sentado no primeiro vagão, as travas de segurança do brinquedo descem e eu percebo que me encontro sozinho. A comitiva começa a se mover, agora é impossível desistir. As engrenagens dos trilhos estalam enquanto trabalham para nos empurrar para cima. O passeio é agradável, mas a altura me assusta. E se alguma coisa der errado? Não há nada que eu possa fazer. Eu fecho meus olhos e torço para que tudo dê certo.

Logo os estalos cessam. Uma calmaria gentil toca o meu peito e meus olhos se abrem. Pequenos pontos luminosos brilham e decoram os céus crepusculares daquele fim de tarde. Do topo da montanha-russa, o ar é fresco e o horizonte é infinito. Mas os trilhos voltam a estalar suas engrenagens.

O desespero toma conta de mim, eu ainda não estou pronto para a descida. Eu olho para cima e jogo meus braços ao alto tentando agarrar aquele último pedaço de céu estrelado, mas a descida ao inferno já começou. E então eu grito, grito de raiva, grito de medo, grito de angústia. Grito da descida repentina, das viradas em trancos abruptos, dos loopings e suas reviravoltas indesejadas e, principalmente, das incertezas do que poderá vir a seguir. Eu grito tudo o que eu posso até que não tenha mais ar em meus pulmões para isso. E então eu choro, choro até soluçar.

Eu nunca gostei de montanhas-russas, e mesmo assim eu não consigo escapar delas. Quando olho para os seus olhos, vejo novamente as estrelas iluminando o horizonte infinito. Eu sei que logo a descida vai chegar, porque esta é uma montanha russa. Sei que logo os trancos vão me fazer chorar, e não há nada que eu possa fazer.

Eu sei que eu não quero parar de vislumbrar esses seus céus acastanhados, mas eu sei que eu não quero mais andar em montanhas-russas.


OrenZ


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